Ele é festival da canção, visita de Sua Santidade, o Papa Francisco, Benfica tetra campeão, PIB a subir, défice e desemprego a descer, sinais de recuperação e entusiasmo em todo lado! Vivemos certamente o melhor momento dos últimos anos, pelo menos até olharmos, como o ICOM PT fez, e bem, para o panorama actual dos museus em Portugal que resultou neste importante contributo para uma política de museus em Portugal. Política essa que é necessária e urgente, segundo o próprio ICOM Portugal, e na qual me revejo por completo.
Já o fiz há tempos, mas volto a colocar a questão: qual dos meus amigos, colegas de profissão, que não se recorda com saudade do tempo em que se criou o IPM, a RPM, a Lei-quadro de Museus, etc? Julgo que não corro o risco de ser muito optimista se disser que quase todos nós pensaríamos então que não seria possível voltar atrás e regredir até ao ponto a que chegamos actualmente, não é? O documento agora publicado pelo ICOM Portugal reflecte bem o ponto de situação actual nos museus portugueses. Aborda o esquecimento da RPM, a não aplicação da Lei-quadro, a situação difícil em que se encontram vários museus em Portugal (alguns até se encontram fechados), a inexistência de estratégia, o desrespeito pelos profissionais e pelos orgãos de consulta previstos na Lei, entre outras situações. Diz, a propósito do tema do Dia Internacional de Museus, aquilo que, há uns anos, pensariamos ser indízivel, mas que infelizmente é hoje uma realidade.
Mas o ICOM Portugal não fica por aqui. Seria, porventura, fácil fazer este ponto de situação com maior ou menor rigor. No entanto, o documento agora publicado pelo comité nacional do ICOM vai mais longe e apresenta um conjunto de linhas de força para uma política museológica nacional, 7 ao todo, que têm como objectivo definir um conjunto de prioridades essenciais para os museus e seus profissionais. A saber:
- Autonomização do setor dos museus na orgânica da Cultura;
- Revitalização da Rede Portuguesa de Museus;
- Reactivação do Observatório de Actividades Culturais;
- Cumprimento da Lei-quadro dos Museus Portugueses;
- Flexibilização dos modelos de gestão dos museus;
- Dignificação dos profissionais;
- Internacionalização dos museus e dos profissionais de museus.
Serei, porque faço parte dos actuais órgãos sociais do ICOM Portugal, imparcial e pouco objectivo na
análise da relevância e importância deste documento para o momento que vivem os museus em Portugal, mas gostava que o lessem e pudessem reflectir sobre este assunto. O documento não pretendem fechar um debate, mas sim suscitar o debate sobre os problemas que os museus e os seus profissionais enfrentam actualmente. O mínimo que todos podemos fazer é ler e contribuir para esta importante discussão. Se queremos museus como centros de conhecimento, debate, desenvolvimento, discussão, etc., temos que reflectir sobre as condições que estas instituições têm para cumprir as suas missões.
Ao ICOM Portugal fica aqui um agradecimento pessoal por esta excelente prenda no Dia Internacional de Museus.
O documento está disponível no site do ICOM Portugal.