5 motivos para ser membro do ICOM

5 motivos para ser membro do ICOM

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Uma colecção de vinhetas

Este ano, segundo as vinhetas que estão na parte de trás do meu cartão do ICOM, faz 12 anos que sou membro desta organização filiada da UNESCO que reúne mais de 35.000 membros entre instituições e profissionais de museus de 136 países/territórios, que conta com 119 comités nacionais e 30 comités internacionais dedicados a diversas áreas de interesse/estudo/investigação em museus e museologia.

Ao longo destes 12 anos aprendi imenso nesta organização, mas gostava de partilhar com vocês os motivos que justificam, na minha opinião, a adesão e manutenção como membro de uma organização desta natureza.

 

Uma lista com os meus 5 motivos

 

1. A ética profissional – O ICOM é uma rede de profissionais de museus que se assume como uma força de liderança em termos de ética profissional. Ou seja, o ICOM é a instituição que mais se aproxima das características de uma Ordem profissional, com a vantagem de o ser a nível internacional, sem alguns dos aspectos negativos relacionados com um corporativismo fechado e centrado apenas nos aspectos de defesa de determinada profissão. A publicação do Código de Ética do ICOM (PT) e a sua tradução por vários comités nacionais (recordo que a organização apenas tem 3 línguas oficiais – Inglês, Francês e Espanhol) tem permitido, ao longo dos anos, uma consistência e regulação informal daquilo que são os deveres profissionais de quem trabalha em museus.

 

2. O desenvolvimento da Sociedade através dos Museus – O ICOM é, apesar das dificuldades, um fórum de debate e reflexão com diferentes perspectivas sobre o papel social que o museu pode e deve desempenhar na sociedade actual. Promove um debate, ainda que com algumas falhas, sobre o papel de mediação que o museu deve assumir entre o património cultural e o público, tem programas associados com o turismo cultural, procura debater, recorrendo em grande medida à celebração do Dia Internacional de Museus, temas que promovem a mudança e a procura de uma sociedade mais aberta e equitativa.

 

3. A formação dos novos profissionais – O simples facto de ser uma rede de profissionais, ou seja de pares, é relevante para que alguém que se inicie na profissão se torne membro. Haverá melhor forma de aprender com o exemplo de outros colegas, com o debate que uma rede desta natureza pode promover ou com o conhecimento partilhado por colegas de todo o mundo que lidam, ou já lidaram, com os problemas que nos são colocados no início da carreira? Eu aprendi as bases sobre documentação em museus com os artigos e apresentações de outros membros do CIDOC e muito sobre outras áreas com colegas do comité nacional português que a elas se dedicam!

 

4. Normas e guias práticos – no seguimento do ponto anterior (e talvez aquilo que é mais procurado por um novo profissional o ICOM), o desenvolvimento, pelos comités internacionais de diferentes especialidades, de normas e guias práticos que nos auxiliam a cumprir com rigor as tarefas atríbuídas aos profissionais de museus. Não só dos que são reconhecidos pelo conselho executivo do ICOM, mas também por outros, de carácter mais específico, que são desenvolvidos e publicados por comités internacionais e nacionais, como é o caso da Declaração de Princípios de Documentação em Museus publicada em 2012 pelo CIDOC (e traduzida para Português pelos colegas do SISEM-SP em São Paulo, Brasil).

 

5. A rede de profissionais (e amigos) – não será o último dos motivos que poderia ainda apontar, mas é, talvez a par da ética profissional, um dos mais relevantes para mim. Ao longo deste ano conheci e aprendi com inúmeros profissionais de museus de todo o mundo que me fizeram olhar para a minha profissão de forma mais aberta e abrangente. Conhecer pessoas de outras latitudes e longitudes, com outras expectativas, com formação distinta, das mais diversas culturas fazem-nos crescer a nível profissional e, principalmente, a nível pessoal. Em boa verdade, nestes 12 anos, conheci profissionais de países como o Bangladesh, Japão, Chile, Quénia, Zimbabwe, África do Sul, Angola, Moçambique, Brasil, Espanha, Reino Unido, Suíca, Alemanha, Estados Unidos da América, Canadá, França, Estónia, Índia, Rússia, Itália, Grécia, Marrocos, Emiratos Árabes Unidos, Austrália, Eslovénia, Dinamarca, Roménia, Bulgária, China, entre outros. Também nestes 12 anos e por conta da participação em conferências internacionais do CIDOC ou noutros fóruns que conheci através do CIDOC estive em e conheci (ainda que brevemente) países como o Chile, a Roménia, a Grécia, o Reino Unido, o Brasil ou a Alemanha e fico roído por não poder ter ido no ano passado à Índia! O que aprendi com essas pessoas e nestes países dá-me uma visão mais completa sobre as exigências da minha profissão! Os amigos que fiz nestas andanças, fazem de mim, sem qualquer falsa modéstia, muito melhor pessoa.

 

Certamente poderia apontar mais motivos. Estes são os 5 primeiros que me ocorrem sempre que me perguntam porque faço parte do ICOM e, porventura, não serão os que vos farão aderir ao ICOM ou os que fazem com que outros membros se tenham inscrito e se mantenham membros, mas se precisarem de outros poderão ver as 3 razões que o próprio ICOM aponta para ser membro (entre elas há descontos nos museus e nas lojas dos museus) e, ainda, o facto de ser dada preferência às inscrições dos membros em eventos tão interessantes (e importantes) como a conferência internacional “Museums: one object, many visions?” que terá lugar no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, no próximo dia 22 deste mês e que trará a Portugal o presidente do ICOM.

Se este texto suscitou o vosso interesse em ser membro do ICOM, vejam como podem fazer a inscrição e as condições exigidas aqui.

Que gestão para os museus atuais? – Mesa Redonda

Que gestão para os museus atuais? – Mesa Redonda

A APOM e o município de Oeiras, através do Museu da Fábrica da Pólvora Negra, organizam uma mesa redonda, no âmbito do programa Museologia Oeiras 2013 dedicada ao tema da gestão dos museus na actualidade no próximo dia 25 de Maio, das 15h às 18h, no Museu da Pólvora Negra na Fábrica da Pólvora de Barcarena.

A participação é gratuita, mas exige a inscrição conforme poderão ver no cartaz do programa.

Museologia Oeiras 2013

Museus e a Web

Museus e a Web

Não haverá nenhuma das conversas mais recentes sobre museus e tecnologias que tenho com diferentes amigos e colegas que não acabe, inevitavelmente, a discutir o que de bom e mau é trazido para os museus com o advento da web 2.0 e das redes sociais. Normalmente, devo dizer, que os méritos das redes sociais e do próprio conceito são percepcionados por quase todas as pessoas com quem tenho falado do assunto. As vantagens são o primeiro ponto referenciado. Um canal de comunicação directo, sem intermediários, com um alcance enorme, rápidas e cativantes, com a possibilidade de utilização de um conjunto de elementos multimédia que tornam a mensagem mais próxima e, acima de tudo, baratos… ou mesmo, ainda que só na perspectiva de alguns, completamente de borla!

Mas e o lado b!? Sabemos e, recorrentemente, falamos das vantagens da utilização de Youtube, Twitter, Facebook, LinkedIn, Foursquare, Issuu, Google +, etc. mas e o seu contrário? As desvantagens que poderão surgir com a utilização destas ferramentas são, em meu entender muitas. Criar um perfil numa rede social só por moda, ou por “seguidismo”, ou seja, aquele outro museu tem, por isso vamos lá criar um para nós, é um dos maiores riscos que se pode correr enquanto instituição. É algo que cada um de nós, consoante os gostos, tempo, vontade, etc. pode fazer a nível individual, mas que devia ser proibido para instituições com a responsabilidade social e cultural que os museus têm actualmente. Senão vejamos:

O museu x cria um perfil no Facebook. Publica as suas actividades diárias. Um conjunto de fotografias. Novidades de uma actividade ou de um evento. A sua “timeline” é uma narrativa do que o museu faz. Um dia começa a receber comentários. O volume de comentários, partilhas, “likes”, etc. aumenta consideravelmente. O museu tem um “feedback” negativo de uma publicação sua. É criticado nas redes sociais por não ter acessibilidades para pessoas de mobilidade reduzida. Essa critica torna-se viral. O museu não consegue agir e vê-se na necessidade de reagir. A pressa é má conselheira e o que poderia ter sido uma ferramenta de comunicação ideal, torna-se num pesadelo. O que fazer então? Apagar o perfil? Pensar no que devia ter sido feito para evitar os problemas? Avaliar a sua prestação nas redes sociais?

Ontem tive o prazer de arguir a dissertação da Dr.ª Sandra Senra (quando o documento estiver no repositório eu coloco aqui o URI) sobre a utilização das redes sociais nos museus, incidindo o estudo nos museus de Barcelona, especificamente com um estudo de caso do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (MACBA), através do qual são demonstrados alguns dos perigos e mais valias da actuação dos museus nesta área recorrendo a um modelo de análise, muito interessante e eficaz, que a autora concebeu com base na bibliografia de referência sobre este assunto e no apurado levantamento de dados que fez sobre os museus daquela região. Da leitura deste trabalho pude confirmar algo que tinha como convicção há algum tempo (desde que ouvi Conxa Rodá a falar sobre o assunto num dos Encontros de Utilizadores da SF): Estratégia e Planeamento! Estas duas palavras, tidas em conta antes de colocar em marcha a presença na web dos museus, são fundamentais. No entanto, agora acrescento uma outra: Avaliação… foi o que fez, de forma exemplar, a Sandra Senra sobre o MACBA e é o que todos os museus devem fazer cada vez mais nesta e noutras áreas de actuação.

Prémios APOM 2012

Prémios APOM 2012

Na próxima sexta-feira, dia 14, terá lugar no Museu da Farmácia em Lisboa a cerimónia de entrega de prémios da Associação Portuguesa de Museologia, na qual será distinguida a Dr.ª Madalena Braz Teixeira como Personalidade do Ano. A cerimónia será precedida de uma Mesa Redonda sobre os desafios presentes e futuros que os profissionais de museus enfrentam com a participação de vários especialistas do sector.

Serão atribuídos, este ano, prémios nas seguintes categorias:

• PRÉMIO PERSONALIDADE NA ÁREA DA MUSEOLOGIA

• PRÉMIO INFORMAÇÃO TURISTICA/VISITANTE

• MELHOR COMUNICAÇÃO ON-LINE

• MELHOR SITE

• MELHOR APLICAÇÃO DE GESTÃO E MULTIMÉDIA

• PRÉMIO INCORPORAÇÃO

• MELHOR TRANSPORTE DE PATRIMÓNIO

• PRÉMIO PROJECTO INTERNACIONAL

• MELHOR TRABALHO JORNALISTICO

• PRÉMIO MECENATO

• PRÉMIO INSTITUIÇÃO

• PRÉMIO INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE

• MELHOR TRABALHO SOBRE MUSEOLOGIA

• MELHOR TRABALHO DE MUSEOGRAFIA

• MELHOR ESTUDO SOBRE MUSEOLOGIA

• MELHOR INTERVENÇÃO EM CONSERVAÇÃO E RESTAURO

• MELHOR SERVIÇO DE EXTENSÃO CULTURAL

• MELHOR CATÁLOGO

• MELHOR EXPOSIÇÃO

• PRÉMIO MERCHANDISING

• PRÉMIO INVESTIGAÇÃO

• PRÉMIO COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

O programa deste dia que pretende celebrar os museus portugueses e os seus profissionais é o seguinte:

 

MIDAS – Museus e Estudos Interdisciplinares

MIDAS – Museus e Estudos Interdisciplinares

Já o fiz através do Facebook, mas não posso deixar de registar e dar nota aqui no Mouseion a uma iniciativa que espero venha cobrir um espaço, até agora inexistente ou pontual, de partilha através da publicação de estudos sobre museus, museologia e disciplinas afins. A MIDAS, revista em formato electrónico (o melhor hoje em dia), é editada semestralmente e funciona através de um sistema peer-review, como é de resto comum na maior parte das boas publicações científicas que conheço.

É apresentada como:

uma revista dedicada aos museus, enquanto campo de trabalho e reflexão interdisciplinar. Trata-se de uma publicação científica com sistema de peer-review de caráter semestral e em formato eletrónico.

A revista assume uma abordagem internacional, privilegiando uma relação de proximidade e diálogo com os países de língua portuguesa e espanhola.

MIDAS publica artigos em Português, Espanhol, Inglês e Francês.

Esta revista pretende ser uma plataforma para refletir sobre o museu na sua relação com o mundo, cruzando a História com os discursos e políticas contemporâneas, de que são exemplo, a regeneração urbana, o desenvolvimento, a globalização, o turismo, a educação, a inclusão, a participação e a diversidade, em articulação com narrativas sobre as identidades, as memórias, a salvaguarda dos patrimónios, a representação e a construção do conhecimento. Este é também um espaço de diálogo, discussão crítica e partilha que dá visibilidade aos estudos e práticas de investigação no campo da museologia, cruzando diferentes disciplinas, territórios, perspetivas e visões.

A revista aceita artigos que favoreçam a abordagem interdisciplinar e a problematização dos temas referidos e dos seguintes domínios: Teoria dos Museus; Museus na Sociedade; Gestão de Museus; Conservação; Estudos de Públicos, Comunicação e Mediação; Políticas e Práticas de Exposição; Museus e Patrimónios; Novas Tecnologias; Arquitetura de Museus; História de Museus/Coleções; e Gestão de Coleções.

A revista é um espaço aberto a todos os profissionais, investigadores, académicos e estudantes com interesse em refletir sobre temas relacionados com o mundo dos museus e suas práticas. Neste sentido, a revista privilegia textos que se destaquem pela sua capacidade de teorização, inovação e originalidade.

Aos seus editores, editora assistente, comité científico e demais responsáveis não posso deixar de deixar aqui expresso o meu agradecimento pela iniciativa. Será, não tenho dúvidas, um sucesso e permitirá a toda a comunidade científica que se cruza com o universo dos museus uma maior (e também aferida e avaliada) divulgação dos excelentes projectos que existem.

Aproveito ainda para dar nota que até dia 31 de Março poderão enviar os vossos artigos ou recensões para a publicação do primeiro número.

Mais informações em http://revistamidas.hypotheses.org.

Imagem do post da autoria da Ana Carvalho.