Apresentação do diagnóstico aos sistemas de informação nos museus portugueses

Apresentação do diagnóstico aos sistemas de informação nos museus portugueses

Parece que foi ontem, mas na realidade já faz algum tempo, desde que discutimos na sede da BAD o que seria essencial tratar no âmbito do Grupo de Trabalho sobre Sistemas de Informação em Museus (GT-SIM) que a BAD decidiu criar, em 2012. No entanto, passaram já uns anos e começamos agora a colher o fruto de algumas boas decisões que foram tomadas nessa altura.

Na próxima segunda-feira será apresentado, em Lisboa, aquele que eu considero o maior contributo que este grupo dará ao sector dos museus na área da documentação: o “Diagnóstico aos sistemas de informação nos museus portugueses”. Um trabalho de recolha e análise de informação, com base num inquérito cuidadosamente elaborado por um conjunto de profissionais de museus, bibliotecas e arquivos, onde se procura traçar o retrato da realidade portuguesa sobre os sistemas de informação (não confundir com as aplicações usadas nos sistemas de informação de museus) das instituições museológicas portuguesas.

Este trabalho é um ponto de partida muito importante. É um dignóstico que permitirá informar as tutelas e os técnicos dos museus sobre a realidade nacional. Não pretende apontar caminhos, mas antes mostrar onde estamos e deixar ao cuidado da comunidade museológica as decisões estratégicas a tomar para que o futuro possa ser melhor do que a realidade.

Recordo que várias pessoas presentes naquela primeira reunião na BAD abraçaram este projecto com muita energia, mas o esforço do Jorge Santos e da Conceição Serôdio nesta hercúlea tarefa deve ser aqui registado com destaque, assim como deve ficar registado o trabalho voluntário deles e de um conjunto de colegas sem os quais este trabalho não seria possível.

Deixo-vos abaixo o texto de divulgação do evento que a BAD irá realizar na próxima segunda. Inscrevam-se e participem!

Programa

O Grupo de Trabalho Sistemas de Informação em Museus (GT-SIM), estrutura criada em 2012 no seio da Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas (BAD), irá realizar no dia 3 de abril de 2017, em Lisboa, no ISCTE-IUL – Auditório Caiano Pereira (Edifício I, Piso 0)  a sessão de apresentação dos resultados do “Diagnóstico aos sistemas de informação nos museus portugueses”.

O crescente interesse do público no conhecimento dos acervos museológicos, impulsiona a visão do museu como um sistema de informação e potencia o valor informacional do objeto museológico. Deste modo, o acervo do museu repartido pelos espaços expositivos, reservas, biblioteca/centro de documentação e arquivo exige equipas multidisciplinares, em especial formadas por profissionais de informação: museólogos(as), bibliotecários(as) e arquivistas numa articulação interna dos diferentes setores do museu. Este trabalho conjunto e pluridisciplinar dos(as) profissionais do museu, é a base para a concretização do sistema de informação integrado.

Nesta medida, reveste-se da maior relevância conhecer a realidade portuguesa nesta importante questão da gestão da informação dos acervos nos museus. Foi com este propósito que o Diagnóstico assumiu como objetivo o levantamento e caracterização no que diz respeito às áreas da gestão da informação sobre os seus vários tipos de bens patrimoniais, de forma a possibilitar o desenho de um quadro global desta realidade. Os resultados têm por base a aplicação, no decurso do ano de 2016, de um inquérito por questionário a um conjunto selecionado de museus.

Não deixe de participar!!

inscrição na Sessão de Apresentação é gratuita, mas obrigatória!

PROGRAMA
15h00 | Sessão de Abertura
João Sebastião (Diretor do CIES-IUL, ISCTE-IUL)
Alexandra Lourenço (Presidente da BAD)

15h20 | Apresentação do GT-SIM
Fernanda Ferreira (GT-SIM)

15h40 | Apresentação e discussão dos resultados do Diagnóstico
Moderadora: Conceição Serôdio (GT-SIM)
Jorge Santos (GT-SIM, CIES-IUL), coordenador do estudo
José Soares Neves (ISCTE-IUL, CIES-IUL), sociólogo convidado
Clara Frayão Camacho (DGPC), museóloga convidada

16h45 | Debate

17h00 | Encerramento
Maria José Moura (Sócia honorária fundadora da BAD)
Conceição Serôdio (GT-SIM)

XII Encontro Regional da BAD Açores

XII Encontro Regional da BAD Açores

O tempo (esse eterno e fugidio bandido) não me tem permitido, neste final de ano, cumprir com um objectivo que tracei aqui para o blog depois da arguição da tese. O único mal que vejo nessa situação é o facto de me retirar o prazer de vir aqui partilhar, com os meus caros amigos, algumas das ideias, acontecimentos, aprendizagens e pessoas com que me tenho felizmente cruzado nos últimos tempos. Um post sobre o muito proveitoso (sem qualquer falta de modéstia) seminário de museus universitários, as participações em alguns eventos, outro sobre o prazer que foi ler e arguir uma dissertação de sociologia (no campo dos museus e novas tecnologias), entre muitas outras coisas, têm ficado em banho maria. Não podia, no entanto, deixar de escrever sobre a fantástica experiência que tive nos Açores, no XII Encontro Regional da BAD (sob o tema “Novos Papéis, Novos Serviços: Preparado para a(s) mudança(s)?”), para o qual foi muito amavelmente convidado através do Grupo de Trabalho sobre Sistemas de Informação em Museus da BAD.

Este encontro regional que já vai na sua 12ª edição é, pelo que pude apurar, um momento importante de reflexão para os profissionais de informação açoreanos (chegaremos lá mais adiante, mas importa dizer que também deveria ser para os profissionais do continente e Madeira) e decorreu este ano na Ribeira Grande fruto do empenho de uma equipa liderada pela Cláudia Santos da delegação regional da BAD. O programa do encontro (e outras informações) está disponível aqui.

O dia começou com uma excelente comunicação do Pedro Penteado que se centrou no excelente, do meu ponto de vista, trabalho que está a ser desenvolvido na DGARQ, no âmbito dos arquivos, em distintas frentes, das quais retive, com muito interesse o Programa “Administração Eletrónica e Interoperabilidade Semântica” e as ferramentas importantes que são o MEF (Macroestrutura Funcional) e o MIP (Metainformação para a Interoperabilidade) aí desenvolvidas. Um exemplo a seguir, com as devidas diferenças, claro está, noutras áreas (se é que me percebem). Ainda de manhã vimos, numa excelente apresentação de um caso prático, as dificuldades com que os profissionais de arquivos se debatem quando confrontados com a (des)organização que encontram em muitos arquivos portugueses. Para mim, de uma área diferente, não sendo uma descoberta absoluta, fez-me perceber melhor alguns dos (maus) pontos de contacto entre museus e arquivos.

A tarde, onde eu tentei dar o meu ponto de vista sobre o presente e futuro dos sistemas de informação em museus (espero ter conseguido), foi preenchida com a apresentação do projecto da nova (e ansiada) biblioteca da Ribeira Grande (com a boa novidade que será uma realidade no próximo ano) e com uma boa análise (uma nota que tirei da apresentação é que tenho de falar com alguém de arquivos da próxima vez que precisar de analisar um sistema de documentação num museu) sobre a documentação dos museus nos Açores, da responsabilidade da Cristina Moscatel (arquivista responsável pelos Museus da C. M. da Ribeira Grande), da qual destacaria, porque é um tema que me tem interessado muito, a pouco frequente referenciação existente entre a informação existente nos arquivos, bibliotecas e museus (um problema nacional e internacional a meu ver) que se verifica nos museus analisados. É um tema ao qual pretendo voltar em breve e sobre o qual os dados levantados pela Cristina são bastante relevantes.

Em cada um destes painéis, ao contrário do que vejo acontecer noutros casos, o debate foi muito participativo e interessante. De entre todas as questões levantadas, permitam-me que destaque uma sobre a necessidade e importância do associativismo na área da museologia, porque na altura dei uma resposta incompleta, à qual gostaria agora de acrescentar o convite aos profissionais do sector para a participação no ICOM ou na APOM e a sugestão da criação de uma delegação regional daquelas duas associações profissionais do sector.

No final de um dia intenso fomos ainda presenteados com uma visita ao Museu Vivo do Franciscanismo (Ribeira Grande) e com um simpático (e muito bem servido) jantar onde tive a oportunidade de conhecer melhor alguns dos participantes no evento  e saber de viva voz sobre a área da cultura nos Açores, sobre diferentes percursos e experiências profissionais, sobre projectos e, principalmente, sobre um arquipélago do qual fiquei fã incondicional. Como diz o Rui Raposo estes momentos informais de partilha são extraordinariamente importantes para o nosso enriquecimento pessoal e profissional.

No final, ainda não contentes com tudo o que já me tinham proporcionado, ainda fui contemplado com a possibilidade de dar uma volta e conhecer, juntamente com o Pedro Penteado (obrigado pelas orientações e sugestões, meu caro), essa maravilha que é a ilha de S. Miguel.

Não posso deixar aqui de agradecer a todos(as), com um destaque especial para a Cláudia, a Maria João e a Adelaide, por tudo. Contem aqui com este vosso amigo sempre que precisarem.

Deixo-vos o link para uma notícia do Encontro na RTP Açores e uma pequeníssima amostra da maravilha que é S. Miguel para vos despertar a vontade de uma visita.

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Grupo de Trabalho Sistemas de Informação em Museus – BAD

Grupo de Trabalho Sistemas de Informação em Museus – BAD

Ontem foi dia de apresentação do GT-SIM no congresso da BAD. Confesso que estava à espera de menos audiência porque a concorrência de outros painéis, muito interessantes como poderão ver no programa, era forte e o tema em discussão, os sistemas de informação em museus, não tem estado no centro da atenção da BAD até muito recentemente.

Eu, a Luísa Alvim, a Teresa Campos, a Leonor Antunes e o Diogo Gaspar fizemos diferentes comunicações sobre o tema (das quais um ponto comum que quero aqui salientar se prende com a integração dos sistemas – Arquivos, Bibliotecas e Museus) e o debate foi também participado, embora se tivesse centrado muito (demasiado na minha opinião) na questão da digitalização e nas diferentes perspectivas que cada um de nós tem sobre este conceito. Ficaram por discutir importantes assuntos, como a importância dos arquivos enquanto colecções de museus, levantado pelo Diogo Gaspar, a normalização, o investimento e avaliação neste sector, a participação através das ferramentas tecnológicas de todos no processo de documentação, etc. No entanto, foi a primeira vez que se organizou este painel na BAD (segundo sei… espero não estar a cometer nenhuma injustiça) e não nos faltarão, estou certo, oportunidades de debater estas e outras questões.

Aproveito para vos deixar com uma foto que me tiraram (não conheço o(a) autor(a) que é paradigmática do meu discurso (chato eu sei) desde há alguns anos até agora. Vejam lá se fiquei bem com a normalização ali ao lado!

Congresso BAD - GT-SIM

PS: a foto é uma partilha da Conceição Serôdio no FB. Obrigado Conceição pela organização e pela foto.

Grupo de Trabalho BAD – Sistemas de Informação em Museus

Grupo de Trabalho BAD – Sistemas de Informação em Museus

Num sentido amplo, os serviços de documentação e inventário dos museus difundem informação e viabilizam o conhecimento dos bens culturais, a sua interpretação e apropriação por parte dos públicos. Desempenham um papel de interface específico e relevante com a comunidade, desde os estudantes e os docentes até aos especialistas e investigadores, passando pelos curiosos e amantes do conhecimento. A relevância que os sistemas de informação assumem no Museu, enquanto função museológica fundamental, espelha-se na interação com a investigação, a conservação, as exposições e a educação patrimonial, uma vez que integram o próprio conceito de Museu, definido na Lei-Quadro dos Museus Portugueses.

São estas as palavras com que Conceição Serôdio introduz o Grupo de Trabalho Sistemas de Informação em Museus que recentemente foi aprovado pela Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas e que pretende constituir-se como uma “plataforma de diálogo entre os profissionais de informação que trabalham nomeadamente em museus, palácios e monumentos” que pretendam assumir-se como “interlocutores das tutelas no domínio do património e desenvolver iniciativas de valorização profissional, de intercâmbio e de parcerias, promovendo a pluridisciplinaridade e a produção do conhecimento em museus” e instituições similares.

Esta iniciativa da BAD, associação com uma história consolidada e experiência única nas matérias tratadas pela ciência da Informação, será certamente aproveitada pelos profissionais de museus que todos os dias se dedicam a essa enorme (e por vezes complicada) tarefa que é a documentação e gestão das colecções guardadas nos museus. Esta parte importante do trabalho desenvolvido nos museus não é a mais visível para o público, e para as tutelas ou investidores já agora, mas dela depende em grande parte o sucesso das restantes tarefas museais. Não me parece que um museu possa conservar, expor, divulgar ou comunicar as suas colecções sem as conhecer previamente, certo? No entanto, este trabalho ocupa tempo, recursos humanos e financeiros e raras vezes tem sido (pelas mais diversas razões) visto como uma prioridade. Assim, não posso deixar de louvar esta iniciativa e de tentar contribuir com a minha experiência para ajudar o Grupo a atingir os objectivos a que se propõe.

Uma vez mais nas palavras da Conceição, no grupo que entretanto foi criado no Facebook, ficam aqui expressos os objectivos (ambiciosos, devo dizer) propostos:

  • Constituir-se como uma plataforma de dinamização do diálogo e articulação entre todos os profissionais que trabalham em museus e outros espaços patrimoniais (monumentos, palácios, sítios);
  • Promover o levantamento nacional dos recursos existentes nas áreas da informação, documentação e reservas em museus, de modo a desenhar um quadro global desta realidade, das suas potencialidades e debilidades;
  • Desenvolver iniciativas de valorização profissional, nomeadamente encontros nacionais, sectoriais e ações de formação;
  • Constituir-se como interlocutor das direções dos museus e das tutelas da área do património no que diz respeito à gestão da informação e à sua importância estratégica na vida dos espaços museológicos, da sua relação com as comunidades e com a produção e divulgação do conhecimento produzido no Museu.

Destaco, pela pertinência que tal trabalho terá, o levantamento nacional dos recursos existentes nas áreas de informação, documentação e reservas dos museus, porque é o primeiro passo (o mais acertado) para que se possam definir linhas estratégicas de actuação e criar propostas que possam contribuir para que possamos apresentar nesta área resultados mais animadores dos que se têm verificado até ao momento.

Por fim, importa também destacar que este interesse da APBAD pela área da documentação em museus permitirá também um intercâmbio acentuado de experiência e aprendizagem entre os profissionais da informação de distintas instituições (Museus, Bibliotecas e Arquivos) que em muito beneficiará o património cultural português.

Em especial à Conceição Serôdio, à Fernanda Serrano e ao Rui Ferreira da Silva aqui fica expresso o meu agradecimento por esta iniciativa.

Aproveito ainda para dizer a todos os interessados que se poderão inscrever no Grupo de Trabalho através do formulário disponível no site da APBAD e que o grupo terá a sua primeira reunião em Lisboa, dia 19 de Junho, às 18:00, na sede da BAD em Lisboa, a qual poderá ser seguida através de vídeo conferência. Para mais informações consultem o Grupo no Facebook.