Já lá vão alguns anos. Não sei bem se me recordarei dos momentos principais do dia e das celebrações que tínhamos organizado no Museu de Aveiro, mas vou contar-vos, a propósito da celebração de hoje, o meu primeiro 18 de Maio do lado de lá. Nos bastidores, por assim dizer.

Tinha acabado há mais ou menos um ano a minha licenciatura em História. Na altura não sabia muito bem o que queria fazer e quais as possibilidades se abririam para fazer carreira em História. Lutava sinceramente para encontrar algo que não fosse dar aulas e tive a oportunidade de ir fazer um estágio, recomendado por um amigo de Universidade que tinha desistido dele para ir dar aulas, no Museu de Aveiro. Recordo-me de estar completamente assustado no dia anterior, porque sabia pouco sobre o Museu, sobre a cidade, sobre as implicações de trabalhar num museu, sobre tudo o que me esperava no museu e principalmente sobre a certeza de querer fazer aquilo no futuro. Indecisões próprias de quem procura rumo, visto a esta distância.

Estávamos em Novembro, se bem me recordo, e fui recebido por todos os técnicos de forma muito simpática. Comecei a trabalhar nos Serviços Educativos com a Maria João que é uma das principais responsáveis por me manter até hoje ligado a museus. Ela, o Zé Tó, a Cláudia, a Maria da Luz, a Isabel Pereira, o Sérgio, o Paulo e todos com quem trabalhei lá durante quase 3 anos foram essenciais na minha aprendizagem que ainda hoje me servem no dia a dia profissional.

Nesse ano uma das principais tarefas foi a organização do Dia Internacional dos Museus. Tínhamos que arranjar um programa, organizar visitas guiadas, planear o tempo e os recursos necessários e no dia fazer cumprir todas as tarefas o melhor possível. A equipa do museu completava-se. A João sempre com ideias interessantes, o Zé Tó deve ser a pessoa mais organizada que conheço, a Cláudia sempre muito pragmática, enfim… cada um de nós dava o seu contributo e empenhava-se seriamente. Recordo que naqueles tempos não existiam as condições que hoje em dia temos e as ferramentas de divulgação que existem actualmente, mas mesmo assim tínhamos sempre casa cheia nesses dias. Maio era o mês forte em Aveiro, também por culpa das festas da cidade e de Santa Joana nas quais o Museu tem uma participação essencial.

Lembro-me de no próprio dia ao chegar ao Museu e ficar completamente assoberbado pelo ritmo dos acontecimentos. Gente a entrar e a sair. Entrega de materiais, montagem de sistemas de som (se bem me recordo houve um concerto na Igreja de Jesus), ensaios, planeamento do dia com os guardas, toda a gente num corre-corre próprio dos dias de grande azáfama.

É esta homenagem que gostava de fazer a quem trabalha neste, e noutros, dia nos museus. Muitas vezes, a maior parte delas, são eles os grandes responsáveis por uma horas de encantamento e aprendizagem e, também muitas vezes, são completamente esquecidos na hora dos agradecimentos. Naquele primeiro 18 de Maio aprendi que nada se faz bem sem empenho, dedicação e espírito de equipa e essa é uma lição que quero recordar para sempre.

A todos os museus e seus profissionais um excelente 18 de Maio.