Natália Jorge 1974 – 2024

Natália Jorge 1974 – 2024

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Não tenho palavras para descrever o quão importante era para mim a Natália. Nunca lho disse com todas as palavras, mas admirava-a muito. Era uma profissional dedicada, competente, empática, responsável e arguta (entre muitas outras qualidades) e foi, acima de tudo, uma grande amiga. Uma Amiga de mão cheia!

Conhecemo-nos em 2001 quando a Natália entrou para um estágio na Sistemas do Futuro no âmbito da pós-graduação em Museologia da Universidade do Porto. Na altura, estavamos a consolidar a empresa e a fazer crescer a área de formação que sempre foi muito importante para conseguirmos dar respostas capazes aos colegas nos museus. A Natália estava a fazer a pós-graduação em Museologia, de onde também vim, e ao mesmo tempo trabalhava num call-center (se a memória não me atraiçoa) e a oportunidade era imperdível. O Fernando contratou-a e eu deixei de ter de levar com os 0 e 1’s dos informáticos e matemáticos da casa ou com as cores e pixeis dos designers e passei a ter com quem discutir a forma correta de documentar um retábulo de altar ou uma máquina fotográfica.

A equipa era mais pequena na altura. Festejávamos cada vitória (leia-se venda ou novo projeto) com um entusiasmo desmedido, fazíamos noitadas para momentos importantes, passávamos horas e horas a discutir novas funcionalidades, a criar manuais, a pensar sobre desafios que nos colocavam, a olhar admirados para sites feitos em flash, a tratar de burocracias, de novos layouts do escritório, a contar as aventuras vividas nas longas viagens para os clientes com o António, etc., mas também juntávamos a isso as nossas vidas pessoais. As nossas alegrias, angústias, amores, desamores, maleitas, conquistas, peripécias, noitadas, etc. eram muitas vezes partilhadas entre as 4 ou 5 pessoas que faziam então a empresa. Passávamos juntos grande parte do dia, por vezes juntávamos as noites e isso trouxe uma proximidade e cumplicidade únicas. Dessa altura, a Natália, a Sónia, o Fernando e eu mantivemo-nos Sistemas durante bons e longos anos e fomos consolidando ainda mais a nossa amizade.

A minha “partner” nas acções de formação, como muitas vezes se auto-intitulava era fundamental para todos nós e era para os nossos clientes, amigos e parceiros, a voz da Sistemas do Futuro, como muito bem disse alguém nestes dias. Foi sempre o nosso norte e tinha uma capacidade de organização e trabalho incríveis. Sempre que precisei ou que alguém precisasse estava lá. Foi assim quando me meti em trabalhos no mestrado e doutoramento, mas era assim com qualquer um de nós que precisasse de apoio profissional ou pessoal. Há uns anos, a sacana trocou-me e passou a “partner” do chefe Fernando, numa clara e merecida medida de reconhecimento pela sua capacidade de trabalho e dedicação, mas sempre esteve lá a apoiar-me nos momentos mais difíceis e a celebrar comigo/connosco os melhores.

Além desta amiga e colega extraordinária a Natália deu ainda um grande contributo académico na área da documentação em museus com o seu trabalho na área das terminologias e vocabulários controlados. Se não conhecem, podem ler a sua dissertação de mestrado que está disponível no repositório da UP e tem como título “Ensaio sobre o AAT-Art & Architecture Thesaurus : proposta terminológica de adaptação à realidade portuguesa”, mas também podem procurar pelos diversos artigos que publicou e pela colaboração que teve nesta área no GT-SIM ou junto do Secretariado dos Bens Culturais da Igreja com quem colaborou por diversas vezes.

Em 2018 recebeu o primeiro diagnóstico da doença. No entanto, a Natália foi à luta como sempre e fez de tudo para vencer. A luta teve altos e baixos, a resistência da Natália fez-me ter sempre a esperança que a iria ultrapassar. Sentia sempre que o ia conseguir por fazer, se calhar de forma egoísta, quis sempre que o conseguisse fazer, porque já sabia o quanto me iria fazer falta, o quanto iria fazer falta a muitos amigos e família que tiveram a felicidade de a ter nas suas vidas. Durante a sua luta mantivemos sempre a esperança e demos o melhor que podíamos e sabíamos para a apoiar.

No passado domingo chegou a terrível notícia: “A Natália partiu hoje!” dizia a mensagem. No momento, um manto de tristeza embrulhou-me a alma e o coração e continua, persistente, aqui porque a partida de uma boa amiga, de uma boa pessoa como a Natália deixa-nos um vazio imenso. Na minha memória ficará sempre a alegria do seu abraço forte no nascimento do João e da Inês.

Obrigado Jorge do meu coração! Obrigado por tudo minha lindeza! Terás sempre um lugar muito especial na minha vida e guardarei sempre o teu enorme sorriso.

Um Feliz Ano Novo

Um Feliz Ano Novo

Espero que todos tenham um excelente 2022 e que este ano vos traga o dobro daquilo que procuram. Um Feliz Ano Novo é o que desejo para os museus portugueses!

Cartaz feliz ano novo
Votos de Boas Festas

Votos de Boas Festas

Quero agradecer a todos os leitores do Mouseion por cá terem passado mais um ano e desejar a todos, extensíveis aos que vos são mais próximos, os meus votos de Boas Festas e um Ano Novo cheio de saúde, felicidade e sucesso!

Boas Festas
O que temos? O que faremos com o que temos?

O que temos? O que faremos com o que temos?

O ICOM Portugal lança, com uma perspectiva interessante, um importante desafio aos museus portugueses com o “Inquérito à presença de património proveniente de territórios não-europeus nos museus portugueses” e com os passos seguintes a que se propõe. Saber o que temos e depois saber o que fazer com o que temos é, penso eu, o mote que dirige esta iniciativa que eu recebo, enquanto profissional de museus e membro do ICOM e do CIDOC, com muito agrado e expectativa. O que temos? O que faremos com o que temos? são as perguntas que deveríamos fazer com o património que, de alguma forma, tem origem num contexto cultural distinto do nosso, do europeu. Além de as fazermos nós, devemos também perguntar a outros, que perguntas querem também fazer e responder.

Espero sinceramente que a adesão seja massiva e que este inquérito possa servir para uma reflexão sobre a documentação das nossas coleções e a representatividade do contexto cultural que ela reflecte. Têm até 15 de Outubro para responder, por isso não há qualquer desculpa para não participar.

Fica aqui a proposta do ICOM Portugal:

Numa perspetiva de conhecimento do património que temos à nossa guarda e enquanto país com uma história multissecular de contactos globais e aberto ao diálogo intercultural, o ICOM Portugal propõe um breve inquérito que visa perceber a presença de coleções e objetos extraeuropeus no contexto dos museus portugueses. 

De modo a que possamos compreender a sua quantificação, distribuição pelo país, bem como o seu estado de conservação, estudo e inventariação, mas também o modo como este foram adquiridos/incorporados.

Num momento seguinte, propomo-nos contribuir para a melhor documentação destas coleções. Acreditamos que contribuiremos assim para o diálogo com os membros das diásporas originárias dos territórios representados nos museus portugueses, potenciando a sua inclusão nas estratégias de gestão e divulgação, abrindo simultaneamente caminho para parcerias internacionais.

Este inquérito, destinado às entidades museológicas públicas e privadas, pode ser preenchido e submetido até dia 15 de outubro. Os resultados serão divulgados nos Encontros de Outono 2021 do ICOM Portugal, a realizar no último trimestre e que serão dedicados ao tema.

Inquérito disponível neste link: Inquérito à presença de património proveniente de territórios não-europeus nos museus portugueses

Mais informações: info@icom-portugal.org

Um bom Ano!

Um bom Ano!

Foi um bom Ano. Cheio de novos projectos, concretização de alguns outros, continuação de outros. Para o Ano espero que continue assim, aliás que melhore em alguns pontos e certamente será quase um ano perfeito.

Este foi o ano em que concretizei (melhor dizendo, concretizamos), com a ajuda de bons amigos e de várias instituições que acreditaram no projecto, a primeira fase da implementação da norma SPECTRUM em Portugal e no Brasil com a publicação, em Agosto, da tradução e adaptação da norma, em versão digital e impressa. Um trabalho que seria impossível sem a preciosa ajuda de muitos (não nomeio todos(as) para não correr o risco de me esquecer de alguém… desculpem), mas para o qual foi essencial o empenho do amigo Gabriel Bevilacqua Moore.

Foi o ano em que comecei a colaborar, de forma mais estreita, com a Universidade onde aprendi muito do que sei sobre museus e museologia.

Foi o ano em que conheci uma quantidade enorme de excelentes profissionais de museus do Brasil. Uma comunidade vibrante, com vontade de mudar e melhorar os museus brasileiros que me fez lembrar os anos da criação da nossa RPM e aquilo que imaginávamos ser o futuro dos museus portugueses. Gente boa que me acolheu de braços abertos e com quem aprendi muito mais do que aquilo que partilhei. Entre eles ganhei novos amigos (e isso é o mais importante).

Foi o ano em que verifiquei que a comunidade profissional de museus tem uma resiliência notável. Já o imaginava, mas o teste este ano foi duro para muitos e ainda assim não vi ninguém virar a cara aos problemas. E foram alcançados feitos notáveis nos museus portugueses este ano, tendo em conta todos os constrangimentos sobre eles.

Para o ano espero que todos os meus colegas e amigos, assim como os museus e instituições onde trabalham consigam alcançar os seus objectivos e fazer, se é que é possível, ainda melhor do que este ano. Será certamente um ano difícil, mas creio que, enquanto comunidade, estamos mais do que à altura das circunstâncias.

Um excelente ano para todos!

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