Leio hoje no Local Lisboa do Público (versão online) que um autarca de Montalegre, mais precisamente o presidente da freguesia de Pitões das Júnias, vai pagar do seu salário o ordenado de uma funcionária de um pólo do Ecomuseu do Barroso, bem como outras despesas da dita instituição. Este gesto altruísta do presidente da junta mostra bem o estado das coisas no que diz respeito aos museus em Portugal.
Queremos investir ou não neles? O Ecomuseu do Barroso é um projecto que visa atrair turistas e outros visitantes e assim dinamizar uma aldeia de uma região do país que está fortemente desertificada. Compensa o investimento neste projecto? Continuamos a ter a ideia que os museus são sorvedores de dinheiro? A administração pública não tem dinheiro para os fazer? Então porque começar sequer um projecto destes?
Repito que me parece uma atitude digna a do autarca, mas ao mesmo tempo parece-me a solução mais fácil (e a que traz menos problemas ao estado enquanto promotor do projecto). Não seria melhor arranjar um patrocinador? A câmara de Montalegre está assim tão mal de finanças? Não terá no quadro um funcionário daqueles que nada faz que possa deslocalizar para Pitões da Júnias? Esta nova empregada vai ter as contribuições para a segurança social asseguradas?
Mais do mesmo…
Parece quase incrível que possa ocorrer uma situação como esta. Pelo menos lamentável. Sinónimo de que as coisas vão mal, muito mal.
Pois … este é o problema da sustentabilidade. Os museus terão que nascer de dinâmicas das comunidades, integrados em estratégias de desenvolvimento, no âmbito de compromissos sociais que integram vários parceiros. caso contrário … é o que se vê !
saudações museológicas
isabel victor