Nascido em Leiria, a 3 de Outubro de 1919, começou os seus estudos na cidade natal. Ingressou mais tarde na Universidade de Lisboa, onde se licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas, em 1941, e em Ciências Jurídicas, em 1942.
Começou a sua carreira como professor, acrescentando depois ao seu currículo a advocacia. Entrada depois na política durante o Estado Novo, tendo em 1957 sido deputado à Assembleia Nacional e procurador às cortes. Ainda antes do 25 de Abril assumiu os cargos de procurador à Câmara Corporativa e ministro da Educação, entre 1968 e 1970, cargo no qual foi substituído por Veiga Simão após a crise académica de 1969. Em 1972 passaria a a ser o embaixador de Portugal em Brasília.
Depois do cargo diplomático, José Hermano Saraiva iniciou uma colaboração com a RTP em 1971 que se manteve até hoje. Primeiro com “Horizontes da Memória”, depois com “Gente de Paz”, “O Tempo e a Alma”, “Histórias que o Tempo Apagou” e “A Alma e a Gente”.
Um dos seus livros mais conhecidos é a “História concisa de Portugal”, já na 25.ª edição, com um total de cerca de 180 mil exemplares vendidos. Editado pela primeira vez em 1978, este título foi já traduzido em espanhol, italiano, alemão, búlgaro e chinês.
José Hermano Saraiva dirigiu também uma outra História de Portugal em seis volumes, publicada em 1981 pelas Edições Alfa. Na área da História, José Hermano Saraiva publicou perto de 20 títulos, entre eles “Uma carta do Infante D. Henrique”, “O tempo e alma”, “Portugal – Os últimos 100 anos”, “Vida ignorada de Camões” ou “Ditos portugueses dignos de memória”.
O historiador foi distinguido com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, a Grã-Cruz da Ordem do Mérito do Trabalho, a Comenda da Ordem de N. S. da Conceição de Vila Viçosa e a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco (Brasil).
Habituei-me, muitos anos antes de sonhar sequer em tirar História, a ouvir na televisão o Prof. José Hermano Saraiva a falar sobre o País e as suas gentes com uma paixão que se sentia à distância e que, em abono da verdade, sujeitava a verdade cientifica a uma visão mais romanceada da História da nação. Algo que não me interessava nada na altura e que normalmente ouvia o meu pai e família repetir sempre que passávamos na Batalha, nos Jerónimos, no Castelo da Feira, na ponte romana de Chaves, nas belas fortificações de Elvas ou na maravilhosa vista sobre o Douro que tínhamos nas idas à Régua.
Na universidade e nos primeiros anos de vida profissional distanciei-me do historiador e dos seus programas, para alguns anos mais tarde perceber que lhe devo, em boa parte, algum deste gosto pelo património e cultura portugueses.
Foi o maior comunicador de património e tradições do país e, quanto mais não seja por isso, é uma enorme perda para o país.