– Podia chamar-se “O meu museu é melhor que o teu”. O que achas?
– Estás a gozar…
– Não…
A ideia base era uma: acercar o meio museológico a um público mais generalista, não tão conhecedor da profundidade temática dos museus. E o rasgo inicial fez-se logo através do nome dado ao hipotético programa televisivo online (Speaky TV): “O meu museu é melhor que o teu”. Quem o pensou foi Fernando Alvim, comunicador radiofónico habituado a chegar a grandes audiências; quem teria de o aprovar seria a pessoa que iria dar a cara pelo projecto, neste caso, eu. Alguém totalmente fora das lides televisivas e sem qualquer preparação em apresentação de programas mas com uma experiência na área da curadoria e que, em todos os seus módulos formativos, incentiva os profissionais de museus a inovarem, a organizarem de forma mais apetecível as suas colecções, os percursos, a leitura singular dos objectos num contexto colectivo, a criarem novas interpretações e discursos conceptuais, a fomentar o regresso do visitante ao museu através de exposições temporárias. Em suma: a reflectir sobre a função social do museu e o carácter da experiência que o visitante, independentemente da idade, leva da visita que faz ao mesmo.
À primeira vista o nome dado ao programa pareceu-me arrojado, se tivermos em conta o ambiente formal e formalizado à volta dos museus nacionais. Mas se o nosso objectivo era desformatar essa noção teríamos então de nos afirmar de alguma maneira e chegámos à conclusão de que iríamos avançar com o título do programa tão, digamos, coloquial. A receptividade que tivemos em relação aos primeiros museus contactados fizeram-nos constatar que há uma vontade imensa em tornar o museu um espaço acessível a todos. E é esse também o principal objectivo do programa.
O facto de pedirmos que seja sempre o director do museu a nos receber tem a sua justificação: é este quem tem nas suas mãos as rédeas e parte do destino do museu que dirige (apesar das habituais contigências hierárquicas institucionais: autarquias, IMC, Rede Portuguesa de Museus, Secretaria de Estado da Cultura, etc). E sabemos que há directores mais activos do que outros. E directores mais conscientes da necessidade de reflexão e de mudança de práticas museológicas. O museu é também o retrato do director que tem. E, neste programa, damos tempo de antena para que as mais-valias do seu museu sejam divulgadas.
O programa “O meu museu é melhor que o teu” pretende, sem qualquer pretensiosismo, agitar alguma estabilidade instalada. Começámos numa fase embrionária (os museus-cobaia, salvo seja, foram os da Carris, Farmácia e Fado) e esperamos que o projecto possa vir a transformar-se numa referência na área. Se conseguirmos que mais pessoas visitem os museus nacionais ficaremos semi-descansados. A outra metade deixamos a cargo dos profissionais de cada museu e ao visitante, pois este pode ter um papel muito mais activo na divulgação do que nós pensamos.
Cláudia Camacho
Já conhecia o projecto porque… fui atraída pelo título do programa! Divertido, eficaz.
E, a propósito, deixo o link para outro filme de divulgação do património cultural, recentemente premiado, com um título igualmente divertido e eficaz: “Quand les Gaulois perdaient la tête”
http://youtu.be/GS8BxEQhQag
🙂 muito bom Zé… muito bom!