Quando comecei nesta vida dos museus tive a sorte de ter como directora do museu onde trabalhei uma pessoa que nos dizia sempre para escrever e dar a conhecer (não bastava, na sua opinião apenas dizer) as nossas opiniões, críticas e ideias. Na sua opinião conseguíamos assim melhor fundamentar o que pensávamos (a escrita tem essa enorme vantagem), reflectir quando o escrevíamos – e depois de o escrever – e, através da sua divulgação, deixar os outros reflectir sobre as nossas críticas e opiniões e, conforme o caso, contradizer ou concordar com o que escrevíamos. Commumente utilizava esta argumentação sobre o livro de reclamações da casa: “é melhor que escrevam lá, para que realmente se faça algo sobre o assunto!”
Hoje depois de ler com atenção a Declaração de Lisboa e ter constatado que ali estão expressas algumas ideias que julgo serem comuns à maioria dos cidadãos da Europa e do mundo Ocidental, dei comigo a pensar como é/foi importante que essas ideias, a meu ver bem fundamentadas, sejam passadas para o papel de forma a serem debatidas, criticadas, elogiadas (ou não), etc., pelo maior número de pessoas e instituições com responsabilidade e capacidade decisória no que diz respeito aos museus (e já agora também nos outros tipos de instituições do sector da cultura).
Eu assino por baixo a Declaração de Lisboa e congratulo-me por ser membro de um comité nacional do ICOM que teve um papel fundamental na sua criação.
Declaração de Lisboa (PDF)Mais informação aqui.