Uma das perguntas de convívio que mais me irrita, logo após confessar que trabalho em/com museus, é: “então e o que se faz num museu?” acompanhada normalmente pelo olhar n.º 27 (claramente a imaginar-me de espanador na mão) que representa uma certa intriga com o exótico e a admiração por não estar a dar aulas ou atrás de um balcão de uma instituição bancária. Felizmente é pergunta que vai sendo menos frequente, mas ainda assim acontece e, em tempos, até cheguei e falar com alguns colegas para pensarmos numa maneira de divulgar o trabalho que se faz “atrás das cortinas”.
A Acesso Cultura (bem haja) mais do que pensar, agiu e criou, no âmbito da Semana Acesso Cultura, a iniciativa Portas Abertas (fotos no Facebook da Acesso Cultura). Uma iniciativa que pretendia mostrar aquilo que não se vê e não se sabe relativamente às instituições culturais: os seus bastidores, o trabalho que é feito para que o público possa usufruir da oferta cultural dessas instituições. Desde logo a iniciativa é, em meu entender, uma forma de aproximação do público com os profissionais dessas instituições e também com as dificuldades com que se defrontam diariamente, mas é também uma forma simples de conhecer presencialmente o trabalho que aí se faz, de ir às reservas dos museus (normalmente locais fantásticos), de conhecer os bastidores da montagem de exposições, de assistir a um ensaio de uma peça de teatro… é a oportunidade de ver, mais do que ouvir, a resposta à pergunta que me irrita.
Importa referir que aderiram a esta iniciativa 35 organizações culturais de diversos pontos do país e participaram nas visitas deste programa, de forma diferenciada claro, cerca de 600 pessoas. As instituições foram (e um enorme aplauso para todas):
Norte
• Guimarães: A Oficina / Centro Cultural Vila Flor
• Porto: Banco de Materiais; Casa da Música; Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio; Casa Oficina António Guerreiro; Centro Português de Fotografia; Gabinete de Numismática; Museu do Vinho do Porto; Museu dos Transportes e Comunicações; Museu Nacional Soares dos Reis; Museu Romântico da Quinta da Macieirinha.
• Vila Nova de Foz Côa: Museu do Côa
Centro
• Almada: Centro de Arqueologia de Almada
• Batalha: Museu da Comunidade Concelhia da Batalha
• Cascais: Museu do Mar Rei D. Carlos
• Estoril: Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras / Conservatório de Música de Cascais
• Lisboa: Companhia Nacional de Bailado / Orquestra de Câmara Portuguesa / Teatro Camões; Culturgest; Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva; Museu da Cidade; Museu de Marinha; Museu Benfica – Cosme Damião; Teatro Nacional D.Maria II
• Palmela: Teatro O Bando
• Sintra: Centro Ciência Viva de Sintra; Museu Arqueológico S. Miguel de Odrinhas
Sul
• Beja: Museu Botânico do Instituto Politécnico de Beja
• Faro: Museu Municipal de Faro
• Sines: Teatro do Mar
Ilhas
• Angra do Heroismo: Museu de Angra do Heroismo
• Funchal: Casa-Museu Frederico de Freitas; Estação de Biologia Marinha; Grupo Dançando com a Diferença; Palácio de São Lourenço
Além desta iniciativa foi também entregue o Prémio Acesso Cultura ao Museu da Comunidade Concelhia da Batalha. Um prémio que pretende distinguir o “desenvolvimento de políticas exemplares e de boas práticas na promoção da melhoria das condições de acesso – nomeadamente físico, social e intelectual – aos espaços culturais e à oferta cultural” em Portugal.
Quero aqui deixar expresso um enorme abraço a toda a equipa da Acesso Cultura por esta iniciativa que destaco. Abrir as portas, mostrar quem somos, o que fazemos, que dificuldades temos, quanto é bom trabalhar com e para a cultura, etc. é a melhor maneira de ter o público ao nosso lado.