by Alexandre Matos | Mai 24, 2011 | Debate
Há uns tempos atrás achei sinceramente uma boa ideia a criação do blog referido em título. Julgava eu então que o blog seria uma oportunidade para a Sr.ª Ministra e Sr. Secretário de Estado da Cultura se aproximarem das pessoas interessadas na área cultural, suas políticas e implementação das mesmas na realidade nacional. Enfim, julgava eu que seria um canal que permitisse, tanto quanto possível dadas as circunstâncias, uma maior proximidade entre ministério e seus responsáveis e os cidadãos.
Infelizmente assim não aconteceu. O blog foi mais um canal de divulgação das iniciativas do Ministério e menos o fórum de discussão que eu julgava poder vir a se tornar. Culpa dos autores, culpa nossa que interpelamos pouco ou nada os responsáveis políticos eleitos? Certamente culpa de ambos.
No entanto, o blogue da Cultura (desconhecido de muitos certamente) foi agora alvo de críticas do BE e do PSD por causa de um post sobre o programa eleitoral do PS que Gabriela Canavilhas colocou online (estava em http://bloguedacultura.blogspot.com/2011/05/programa-eleitoral-legislativas-2011.html) e que agora já não está disponível. A resposta de Gabriela Canavilhas não tardou, mas se na verdade se via com razão (eu penso sinceramente que não devia ter publicado o programa eleitoral do PS num blogue que é do Estado) não vejo porque razão o retirou do ar.
Em todo o caso, mesmo atendendo às razões que invoca sobre a constituição do governo ser da responsabilidade do PS (ver o artigo sobre a resposta da Ministra), o programa eleitoral que colocou online não foi ainda sufragado e, portanto, não é ainda política oficial do próximo Ministério da Cultura.
by Alexandre Matos | Mai 17, 2011 | Debate
É o tema em que se fala após as declarações de Pedro Passos Coelho sobre as intenções do PSD na área da Cultura: extinguir ou não o Ministério da Cultura?
Importa dizer, em primeiro lugar, que teoricamente sou favorável à existência de um Ministério que possa tutelar a Cultura (artes, património, etc.) de uma maneira geral. No entanto, mais importante do que existir o ministério é existir uma verdadeira política cultural pensada de forma estrutural e estratégica que possa potenciar o grande valor que temos, enquanto nação, em todos os sectores da vida artística e cultural. Teatros, bibliotecas, arquivos, museus, música, arte contemporânea, artes perfomativas, etc., podem constituir-se como pilares estruturais de desenvolvimento do país a vários níveis (inclusive a nível financeiro se a aposta na área for séria) e ser o motor de uma transformação social que pode dar, no futuro, melhores ferramentas ao país. Essa aposta poderá ainda realizar essa transformação de uma forma sólida e com continuidade nas gerações vindouras.
Se, para que isso aconteça, é absolutamente necessário um Ministério da Cultura? Não. São necessárias políticas culturais que ultrapassem a mesquinhez de visão de uma única legislatura e de um simples partido, em detrimento de políticas fortes, debatidas nos diferentes sectores culturais e com os seus intervenientes, participadas, baseadas em projectos com objectivos bem definidos, realistas, mensuráveis e que possam ser analisados e avaliados continuamente. Como é óbvio estas políticas não se podem fazer isoladamente. É necessário que exista articulação com a Educação, a Ciência e Tecnologia, o Turismo, a Economia e, porque não, com as Finanças do país.
Haja vontade para o fazer e aproveitar uma época de “crise” para pensar seriamente nos desafios que esta área tem pela frente.
by Alexandre Matos | Fev 2, 2011 | Debate
Quem não conhece ainda esta iniciativa que a Soledad lançou em 2008 e que eu já tinha divulgado em 6 de Março desse mesmo ano, certamente não ficará espantado em ver o Vitinho (que comemora 25 anos de existência) na página portuguesa do Google hoje. É certo que este processo é bastante aberto e tem sido cada vez mais utilizado pela gigante das pesquisas, mas certamente perceberão a minha admiração na escolha do Vitinho (embora seja uma personagem que tem mais fãs que os museus), quando o dia Internacional dos Museus nunca foi alvo da mesma atenção.
Fica no entanto o Vitinho para a posteridade!

by Alexandre Matos | Jan 27, 2011 | Debate
Sabendo que deve ser muito difícil (eu tenho uma colecção de livros do meu avô da qual me custa separar) para um filho separar-se de uma obra como a de Sophia de Mello Breyner Andresen, gostava de agradecer, enquanto cidadão português, a imensa generosidade dos filhos da enorme poetisa.
Haja muitos momentos assim!
by Alexandre Matos | Dez 29, 2010 | Debate
Uma falha minha e um alerta de um(a) leitor(a) anónimo(a) do Mouseion fizeram com que pensasse sobre um tema que estará na ordem do dia nos próximos tempos: a passagem de alguns museus tutelados pelo poder central, para outra tutela (Câmaras Municipais e/ou Direcções Regionais de Cultura) conforme intenção do governo, manifestada no Eixo 1 Plano Estratégico do IMC apresentado em 20 de Janeiro de 2010 pela Ministra da Cultura.
A questão é antiga e complexa. Envolve pessoas (funcionários), formas de trabalhar, dependências, vontade política e um conjunto de outros factores que serão fáceis de enumerar para quem conhecer o panorama museológico português. No entanto, sendo um dos eixos do plano estratégico do IMC para os próximos anos, convém pensar sobre o assunto.
Em primeiro lugar, importa saber quais os museus que deixarão a tutela do IMC e quais os critérios para que sejam esses os escolhidos para passar para outra tutela qualquer. Serão os critérios geográficos a decidir a questão? Será a vontade expressa das Câmaras ou das Direcções Regionais de Cultura a decidir o assunto? Será a questão definida pela classificação “nacional” atribuída a alguns dos museus tutelados pelo IMC a definir esta situação? Ficará o IMC apenas com a responsabilidade dos Museus Nacionais? Há uma quantidade grande de questões que podem (devem) ser trazidas à discussão sobre este tema e que espero sejam em breve tratadas (anunciadas) pelo IMC.
Não pensem que eu sou contra a ideia de “descentralização” dos museus do IMC, antes pelo contrário. Em boa verdade julgo que alguns dos museus tutelados pelo IMC teriam a ganhar com uma gestão mais próxima, capaz de mobilizar recursos locais e regionais para melhorar as ferramentas de que esses museus dispõem para cumprir as suas missões. No entanto, o processo de transmissão de tutela (como é de resto mencionado no Plano Estratégico) deve cuidar e garantir os meios e condições para que a continuidade destas instituições (algumas delas centenárias) não seja posta em causa por uma qualquer questiúncula política ou dificuldade financeira.
Aguardemos por mais notícias sobre este assunto.
by Alexandre Matos | Out 20, 2010 | Debate
Poucas são as vezes que uma apresentação me impressiona por todo o seu conjunto, mas a que coloco abaixo é simplesmente fascinante no forma e no conteúdo. A forma como educamos as nossas crianças e as imposições que lhes colocamos podem ser castradoras do potencial de cada um, no entanto continuamos sem querer saber muito bem para onde vamos. Pensamos que o melhor remédio é não chumbar ninguém e baixar o grau de exigência. Avaliamos com base em pressupostos ultrapassados e num modelo ultrapassado, mas insistimos em tapar o sol com a peneira do Magalhães e assobiamos para o lado como se não fosse assunto nosso.
Em todo caso coloco aqui o link desta apresentação, porque desde há muito tempo que julgo que os museus, centros de ciência, arquivos, bibliotecas, teatros, etc. poderiam ter um papel extremamente importante na construção de um novo paradigma para a educação.
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