Uma universidade bem conhecida entre nós, a de Leicester, anunciou hoje ao mundo ter encontrado os restos mortais de Ricardo III (1452-1485), rei de Inglaterra por dois anos, depois de um apurado processo de pesquisa e investigação que pode ser acompanhado aqui (videos, textos, etc.). A Universidade de Leicester anuncia hoje, 4 de Fevereiro de 2013, a certeza desta descoberta:
In August 2012, the University of Leicester in collaboration with the Richard III Society and Leicester City Council, began one of the most ambitious archaeological projects ever attempted: no less than a search for the lost grave of King Richard III.
The last English king to die in battle, Richard had been buried five centuries earlier with little pomp in the church of the Grey Friars, all physical trace of which had long since been lost.
Incredibly, the excavation uncovered not only the friary – preserved underneath a council car park – but also a battle-scarred skeleton with spinal curvature. On 4th February 2013, after a battery of scientific tests, the University announced to the world’s press that these were the remains of Richard III. England’s last Plantagenet monarch had been found. Read about the background to the search, the discovery and identification of the remains – and the implications for our understanding of history…
Eu confesso que sou várias vezes surpreendido por aquilo que a ciência, unida à capacidade e determinação humana, são capazes de fazer. Pelo contrário não é surpresa para mim a capacidade que as instituições do Reino Unido têm em conseguir apoio financeiro para os seus projectos (atentem no último link, a verde, na página do anúncio dos resultados deste projecto – “Make a gift and support our next hunt“! Bestial, não?
Do amigo Paulo Lima e de Portel chega-me o convite para o seguinte colóquio: De SÚBDITOS A CIDADÃOS. Poderão obter mais informações aqui.
Fechando o ciclo de colóquios integrados nas Comemorações dos 750 anos da Fundação do castelo e do primeiro foral de Portel (1261-2011/1262-2012), que a Câmara Municipal de Portel tem vindo a organizar, o colóquio «De súbditos a cidadãos — a guerra civil no Sul na Época Contemporânea», pretende discutir o conflito político, civil, religioso e militar que na primeira metade do séc. XIX mediou a passagem do Antigo Regime para o Liberalismo no Sul de Portugal.
Partindo da figura do Tenente-Coronel de Cavalaria Joaquim António Batalha (1802-1851), e da sua morte, que originou o chamado «Ano das Mortes», este colóquio pretende contextualizar um momento marcante para a Regeneração, fim de um tempo de conflito, que se iniciou em 1801 com a Guerra das Laranjas, prolongou-se com as Invasões Francesas e com a Guerra Civil, e que a guerrilha miguelista e o afrontamento entre liberais estendeu até 1851.
É um dos bons exemplos dos benefícios que os museus ganham com o trabalho em rede, concertado, nascido da vontade dos seus técnicos e de um esforço que me parece (visto a alguma distância) acompanhado pelas tutelas, mesmo numa região em que o foco está maioritariamente apontado para outras áreas de interesse.
Devo confessar que é com redobrado prazer que vejo, mesmo em tempos complicados, o trabalho e empenho dos colegas, alguns amigos, algarvios em prol do desenvolvimento cultural e museológico daquela região.
Nunca me canso de admirar todo o património natural que existe em Portugal. Recordo os tempos de infância e juventude em que o meu pai, motivado por um orgulho em ser português que nunca me explicou, mas que eu percebo, nos levava ao Gerês, à Serra, ao Alentejo, a conhecer Sintra e a serra, a Trás-os-Montes e diversos outros locais que ainda hoje me fascinam e nos alertava para os recantos, para uma queda de água mais escondida, para um qualquer animal selvagem que visse e, sem o fazer directamente, nos incutia o gosto pela natureza e o consequente respeito que lhe deveríamos guardar.
Um desses locais, embora o tenha sido apenas uma vez, se a memória não me falha, foi a Serra da Arrábida que agora é-nos mostrada neste brilhante documentário que passou na semana passada na SIC, realizado por Luís Quinta e narrado e produzido (entre outros) por uma das vozes mais reconfortantes de Portugal, o Eduardo Rêgo.
Um importante trabalho da minha amiga e colega Natália Jorge vê agora a luz do dia com a publicação, juntamente com outros importantes contributos para a museologia nacional, do artigo “Ensaio sobre o AAT – Art & Architecture Thesaurus“, baseado na investigação que levou a cabo na dissertação de mestrado sobre a utilização e construção de thesauri e a sua importância para a documentação em museus. Diz-nos a Natália no resumo do seu artigo:
Na era da informação e da tecnologia, a criação de thesauri assumiu uma relevância preponderante no sentido de criar linguagens próprias de indexação e catalogação do património cultural, criando pontes entre instituições, profissionais de áreas variadas e público em geral. A complexidade da sua organização acarreta desafios tanto maiores quanto a respetiva abrangência temática e as línguas envolvidas. O AAT – Art & Architecture Thesaurus surgiu, nesta perspetiva, como o modelo a seguir e a adaptar à realidade cultural portuguesa.
Um artigo e tese que importa ler para quem estiver interessado nesta importante área da normalização em museus.
Já o fiz através do Facebook, mas não posso deixar de registar e dar nota aqui no Mouseion a uma iniciativa que espero venha cobrir um espaço, até agora inexistente ou pontual, de partilha através da publicação de estudos sobre museus, museologia e disciplinas afins. A MIDAS, revista em formato electrónico (o melhor hoje em dia), é editada semestralmente e funciona através de um sistema peer-review, como é de resto comum na maior parte das boas publicações científicas que conheço.
É apresentada como:
uma revista dedicada aos museus, enquanto campo de trabalho e reflexão interdisciplinar. Trata-se de uma publicação científica com sistema de peer-review de caráter semestral e em formato eletrónico.
A revista assume uma abordagem internacional, privilegiando uma relação de proximidade e diálogo com os países de língua portuguesa e espanhola.
MIDAS publica artigos em Português, Espanhol, Inglês e Francês.
Esta revista pretende ser uma plataforma para refletir sobre o museu na sua relação com o mundo, cruzando a História com os discursos e políticas contemporâneas, de que são exemplo, a regeneração urbana, o desenvolvimento, a globalização, o turismo, a educação, a inclusão, a participação e a diversidade, em articulação com narrativas sobre as identidades, as memórias, a salvaguarda dos patrimónios, a representação e a construção do conhecimento. Este é também um espaço de diálogo, discussão crítica e partilha que dá visibilidade aos estudos e práticas de investigação no campo da museologia, cruzando diferentes disciplinas, territórios, perspetivas e visões.
A revista aceita artigos que favoreçam a abordagem interdisciplinar e a problematização dos temas referidos e dos seguintes domínios: Teoria dos Museus; Museus na Sociedade; Gestão de Museus; Conservação; Estudos de Públicos, Comunicação e Mediação; Políticas e Práticas de Exposição; Museus e Patrimónios; Novas Tecnologias; Arquitetura de Museus; História de Museus/Coleções; e Gestão de Coleções.
A revista é um espaço aberto a todos os profissionais, investigadores, académicos e estudantes com interesse em refletir sobre temas relacionados com o mundo dos museus e suas práticas. Neste sentido, a revista privilegia textos que se destaquem pela sua capacidade de teorização, inovação e originalidade.
Aos seus editores, editora assistente, comité científico e demais responsáveis não posso deixar de deixar aqui expresso o meu agradecimento pela iniciativa. Será, não tenho dúvidas, um sucesso e permitirá a toda a comunidade científica que se cruza com o universo dos museus uma maior (e também aferida e avaliada) divulgação dos excelentes projectos que existem.