Inquérito DOMINO – Documentação nos museus Iberoamericanos

Inquérito DOMINO – Documentação nos museus Iberoamericanos

O grupo de trabalho DOMINO (DocumentandO Museu IberomericaNO) do CIDOC (ICOM International Committee for Documentation) promove um inquérito para entender a realidade da documentação do universo de museus de língua portuguesa e espanhola. 

O conhecimento da realidade actual nos museus dos países iberoamericanos é essencial para este novo grupo de trabalho do CIDOC, porque nos permite definir uma estratégia e prioridades de actuação com base naquilo que são as dificuldades e problemas que os museus enfrentam numa realidade que é, à partida, diferente da que encontramos e conhecemos com mais detalhe nos museus anglo-saxónicos.

Assim, pede-se a todos os museus e profissionais de museus que respondam ao inquérito DOMINO abaixo disponibilizado (está em Português e Espanhol) para nos permitir consolidar esta rede de apoio à documentação em museus através de actividades e projectos que respondam aos problemas mais urgentes nesta área de especialização e território específico.

Os resultados preliminares serão apresentados durante a conferência anual do CIDOC em Tallinn (6-10 setembro 2021) e o relatório final será disponibilizado através dos canais de comunicação do CIDOC.

Inquérito DOMINO (Português)

Encuesta DOMINO (español)

Todas as questões e dúvidas sobre o inquérito podem ser colocadas através dos canais do grupo de trabalho disponíveis em http://cidoc.mini.icom.museum/es/grupos/domino/

Inquérito – Realidade aumentada em museus

Inquérito – Realidade aumentada em museus

A minha boa amiga e colega Maria van Zeller, no âmbito do Doutoramento em Media Digitais da Universidade do Porto, está a desenvolver um projecto em que procura conhecer mais sobre a realidade aumentada no universo dos museus.

Para o efeito, criou este breve inquérito (tempo aproximado de preenchimento: 8 minutos) para o qual eu peço a vossa colaboração. O inquérito é sobre o “Grau de aceitação do uso de realidade aumentada em museus” e está disponível aqui.

Se tiverem alguma questão ou dúvida sobre o inquérito ou quiserem de alguma forma esclarecer algo com a Maria, podem enviar e-mail para mvanzeller@fe.up.pt.

Participem!

Acesso remoto aos Sistemas de Gestão de Coleções – inquérito

Acesso remoto aos Sistemas de Gestão de Coleções – inquérito

Inspirado pela ideia da Collections Trust que resultou neste artigo, lembrei-me de fazer um breve inquérito para com a ajuda dos meus amigos e colegas que trabalham, ou melhor teletrabalham, em casa através do Sistema de Gestão de Coleções dos seus museus, identificar os principais problemas (ou ausência deles) no acesso às ferramentas digitais de gestão dos bens museológicos.

Este inquérito pretende, com apenas cinco minutos da vossa atenção, reunir informação que possa ajudar a solucionar os problemas identificados durante esta pandemia, evitando a sua repetição noutros contextos em que o teletrabalho possa ser necessário ou mais eficiente.

Procuro respostas sobre a forma como acedem aos dados das coleções dos museus/instituições onde trabalham/colaboram e sobre as dificuldades que têm ou tiveram na obtenção desse acesso. Não se pretende respostas definitivas e muito menos resolver problemas específicos neste momento, mas sim obter dados que nos permitam olhar para situações futuras com mais e melhor informação disponível, que permitam decisões mais informadas sobre a aplicação do teletrabalho na gestão da informação sobre as coleções museológicas.

Posso contar com o vosso tempo? Prometo que escreverei aqui no Mouseion sobre os resultados (que serão mantidos completamente anónimos, obviamente).

Exposições de arte: arquivo, história e investigação – FCG

Exposições de arte: arquivo, história e investigação – FCG

Os museus têm feito, ao longo das últimas décadas, um esforço considerável no estudo, documentação e digitalização das suas colecções para poderem, de forma mais eficiente, responder às necessidades colocadas pela introdução das tecnologias nas diversas frentes de trabalho que estas instituições assumem. Pese embora seja uma tarefa gigantesca para os museus (com os recursos que têm), ela nunca poderá estar completa sem um processo de investigação e documentação das exposições que cada museu organizou ou onde esteve representado por um (ou mais) objectos do seu acervo.

Acredito que tal afirmação será consensual entre os meus caros amigos, mas em boa verdade quantos museus conhecem que têm as exposições que produziram (já nem falo nas em que participaram de alguma forma) documentadas? E acreditando que conhecem algum, quantos desses museus têm a informação sobre essas exposições publicada ou disponível numa forma estruturada que permita uma investigação científica sobre as mesmas?

Eu sei que é difícil encontrar, mas se tiverem eu sou o primeiro interessado a conhecer esse trabalho e a metodologia que seguiram para documentar as exposições e partilhar alguma da experiência que vou construíndo do acompanhamento que faço de alguns projectos semelhantes.

Serve esta introdução para vos falar sobre um projecto que tenho vindo a acompanhar através da Sistemas do Futuro e que me tem dado suscitado questões interessantes sobre este tema: o Catálogo Digital da História das Exposições de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian.

A própria FCG apresenta este projecto da seguinte forma na página acima:

As exposições da Fundação Calouste Gulbenkian têm constituído uma das vertentes de maior impacto da sua atividade junto do público. De facto, elas expressam as políticas de acompanhamento da arte contemporânea e de salvaguarda do património empreendidas pela Fundação, e asseguram a divulgação da arte internacional, de diversas geografias e cronologias, no nosso país.

O projeto História das Exposições de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian – Catálogo Digital é um projeto transversal que tem como principais objetivos a eficaz projeção internacional da memória expositiva da Fundação e a participação no amplo debate internacional que decorre na área da História das Exposições, disciplina emergente da História da Arte e dos Estudos dos Museus.

Projecto de documentação de Exposições FCG

Transporte de obras no âmbito da exposição itinerante Art Portugais du Naturalisme à nos Jours (Bruxelas, 1967; Madrid e Paris, 1968 ), na sua apresentação em Bruxelas. © Arquivos Gulbenkian

O projecto é fruto de uma necessidade que a FCG sentiu de contar a sua história expositiva e, através dela, pesquisar sobre os diversos contributos daí gerados para diferentes áreas. Uma ideia excelente dado o papel relevante que a fundação teve e tem no panorama das artes nacional e internacional e que é ainda melhorada pelo estabelecimento de uma parceria científica com o Instituto de História da Arte, FCSH, Universidade NOVA de Lisboa, através do seu grupo Museum Studies a qual trará ao projecto um acréscimo significativo da exploração que o tema (e subtemas associados) permitem nas áreas da museologia, design (museografia), história, história de arte, conservação, entre outras.

O meu, nosso, contributo para o projecto relaciona-se com a estrutura de dados, os procedimentos e terminologia utilizados para a documentação das exposições no actual sistema de gestão de colecções que a fundação utiliza para gerir ambas as colecções (Moderna e do Fundador). Poderá parecer uma coisa de menor importância, e certamente é, se tivermos em conta a quantidade de trabalho envolvido na pesquisa da informação sobre as exposições, mas é um trabalho que exige uma reflexão maior do que acontece na documentação das colecções, dada a inexistência de norma que permita guardar a informação da exposição (evento e processo) de forma coerente.

Este é, aliás, o nosso maior desafio neste projecto. Perceber qual a estrutura de informação e os processos associados na geração inicial da informação para permitir guardar e tornar acessível todos os dados reunidos durante o processo de documentação retrospectiva que está a ser conduzido. No caminho, espero, estamos a construir um importante contributo para a definição, ou pelo menos para a discussão, de uma norma que possa servir de suporte a outros projectos e que apresentaremos, em tempo devido, ao grupo de trabalho sobre Documentação de Exposições e Performances do CIDOC.

Recordo, em todo o caso, que estes dados darão origem a um catálogo digital e serão, estou certo disso, reutilizados e actualizados pelos diferentes serviços da fundação após a conclusão deste projecto, por isso a adaptação do sistema de informação terá também em consideração a necessidade de publicação dos resultados da pesquisa.

Foi neste quadro que a fundação me endereçou, através da equipa do projecto, o convite para participar  no Encontro Internacional Exposições de arte: arquivo, história e investigação (que contou com os notáveis contributos de Reesa Greenberg, Rémi Parcollet e Isabel Falcão), no passado dia 6, onde apresentei uma comunicação intitulada “Documentação de exposições nos museus: um elo perdido?” procurando explorar o tema através da reunião de alguns contributos e projectos que têm visto a luz do dia sobre esta matéria e de uma reflexão pessoal sobre o actual panorama nos museus sobre a exploração do tema.

Na apresentação, que dará origem a um artigo, destaquei entre outros o projecto, muito conhecido, do MOMA e também um contributo muito interessante do MACBA, no entanto, julgo que há ainda um caminho longo a percorrer na perspectiva da documentação das exposições para as tornar num recurso de gestão e investigação verdadeiramente disponível para museus e investigadores.

Nesse caminho seria muito importante ter diferentes contributos e perspectivas e por isso queria deixar aqui um desafio. Alguém desse lado colabora num projecto deste género? Conhece algum projecto semelhante que possa estar interessado numa discussão mais alargada sobre as necessidades de documentação? Se sim, agradecia imenso que me fizessem chegar essa informação para a partilhar com os colegas que estão a trabalhar no CIDOC sobre este tema.

A documentação e os “falsos”!

A documentação e os “falsos”!

A exposição “A Cidade Global: Lisboa no Renascimento” que há tempos teve a cerimónia de inauguração no Museu Nacional de Arte Antiga teve mais destaque na imprensa do que é habitual nas exposições em Portugal, mas infelizmente pelos piores motivos. A questão dos “falsos” quadros que estão na origem da realização da exposição após a identificação dos mesmos por Annemarie Jordan Gschwend e Kate Lowe como uma “uma vista da Rua Nova dos Mercadores, destruída pelo Terramoto de 1755“, não deveria ser, na minha opinião, a questão central! Mas como tem sido, falemos da sua relação com um tema que me é caro: a documentação em museus.

A argumentação dos “falsos”

Eu não tenho conhecimentos para entrar na discussão sobre a veracidade das obras em causa. Não sou historiador, nem historiador de arte e não tive qualquer acesso às fontes ou às obras para me pronunciar sobre as mesmas e, ainda que o tivesse, escusava-me por completo dessa tarefa. No entanto, gosto de uma boa troca de argumentos quando ela é séria e me apresenta factos ou elementos que sustentem cientificamente uma opinião.

A questão é levantada por Diogo Ramada Curto neste artigo no Expresso onde se interroga “Lisboa era uma cidade global?” utilizando a questão das pinturas para, em meu entender, ligar a produção da exposição a uma visão da História que glorifica o passado imperial e descarta uma outra visão, em que se insere, que se insurge contra uma narrativa que vê como colonialista e centrada no umbigo do mundo representada pela metrópole. Eu percebo a questão e a argumentação, ainda que não concorde, mas voltemos aos “falsos”.

Na mesma edição do Expresso, Miguel Cadete, Alexandra Carita e Hugo Franco, publicam um extenso artigo sobre o assunto onde apresentam os argumentos de DRC, acrescentando algum contexto e outros dados, sob o título “Museu de Arte Antiga abre as portas a obras suspeitas”. Título que dava, por si, um tratado sobre o tema que aqui me traz, mas que, por agora me suscita apenas o seguinte comentário: digam-me um museu, um apenas, que não abre a porta a obras suspeitas? Se não abrir deixa de cumprir uma parte do seu trabalho de análise e investigação da cultura material, não?

Após aquele texto, somos brindados com outro intitulado “Conservadores do Museu de Arte Antiga não se entendem“. No mesmo, imagine-se, alerta-nos o Expresso, pela voz de Miguel Cadete, que há dois conservadores do MNAA que não têm a mesma opinião sobre as obras! Imagine-se o pecado mortal de ter na mesma instituição, dois especialistas com opiniões diversas! Coisa inédita, bem sei! Mas ainda assim feliz e que me parece um bom sinal.

Para que se eliminassem todas as questões, e de acordo com o Expresso uma vez mais, são pedidos exames laboratoriais pelas palavras do próprio Ministro da Cultura (não percebo porque teria de ser ele a fazer esta declaração), seguidos de uma declaração do director do MNAA a indicar que a decisão ainda não tinha sido tomada por causa das devidas autorizações e questões técnicas associadas.

No Expresso ainda sai pouco tempo depois um texto de Ramada Curto sobre a forma como aborda a polémica e sobre a intenção de aproveitamento de uma exposição como instrumento político ao serviço de uma ideia que condena e que me parece nada ter a ver com a questão da autenticidade desta ou daquela obra, mas sim com uma visão mais genérica da questões (não era preciso criticar a autenticidade, para defender a sua tese sobre o tema). Um dia depois Fernando Baptista Pereira publica também este texto onde afirma categoricamente que “os quadros não são falsos!”.

Chegados ao dia da inauguração temos casa cheia e uma notícia no expresso sobre a “Lisboa Global”: Uma polémica local. Um título que diz tudo sobre as questões levantadas e sobre a forma irritadiça que a discussão tomou, ao contrário do que deveria ter acontecido. Afinal o debate, a diferença, a argumentação e contraditório deveriam sempre caber no Museu e na Academia, não é?

E agora em que ficamos?

Passada a polémica, poeira bem assente no chão, ânimos mais calmos, esperamos e temos a notícia do resultado dos exames a um dos quadros, O “Chafariz d’El Rey”, pertença de José Berardo, que confirmam a sua autenticidade e, segundo o Expresso, sabemos que o relatório diz o seguinte:

No que diz respeito à análise dos materiais constituintes e da forma como estes são aplicados esta obra terá sido executada muito provavelmente por pintor de influência ou naturalidade do norte da Europa a partir da 2ª metade do século XVI, época em que se verifica o uso generalizado do pigmento azul de esmalte e se começam a utilizar imprimaduras coradas

Confirma-se então que a hipotese avançada por Ramada Curto e João Alves Dias estavam erradas e que a autenticidade da pintura vai de encontro ao que as comissárias e o museu esperavam.

É aqui que entra a importância da documentação. Havia diversos elementos que nos poderiam confirmar a autenticidade do quadro (ou pelo menos apontar para ela) sem recorrer a exames, como podemos ler no texto de Fernando Baptista Pereira, mas estavam eles documentados pelo museu ou pelo proprietário? E das diversas investigações feitas pelas comissárias para o livro e, mais tarde, pela equipa do museu, que dados existem, onde estão registados, podemos chegar a eles de forma simples?

Continuamos a ter um enorme fosso entre a informação que existe (e é tratada nos museus pelas suas equipas técnicas) e o acesso que é dado a especialistas e público de uma forma geral. Para que esse fosso se esbata ou, mesmo, deixe de existir é necessária uma mudança nas políticas museológicas que reflicta as necessidades da sociedade actual. Essa mudança de políticas não pode ser vista de forma circunstancial ou imediata, mas sim pensada para o médio e longo prazo. O acesso a um conjunto significativo de informação dos museus na Holanda e Reino Unido, para citar dois bons exemplos agora muito louvados, não aconteceu da noite para o dia. Exige anos de trabalho e investimento na aquisição de competências e meios. Esta mudança não a vemos debatida no Expresso, infelizmente.

Documentação e os "Falsos" - Rua Nova dos Mercadores

Rua Nova dos Mercadores See page for author [Public domain], via Wikimedia Commons

Documentação e os "falsos" - o Chafariz d'el Rey

Chafariz d’El Rey By Anonymous Flemish [Public domain], via Wikimedia Commons

 

9º Encontro de Utilizadores – Sistemas do Futuro

9º Encontro de Utilizadores – Sistemas do Futuro

A Sistemas do Futuro organiza, de dois em dois anos, o seu Encontro de Utilizadores que tem como principal objectivo dar a conhecer os projectos que desenvolve com e para os seus clientes e parceiros e possibilitar a troca de experiências e conhecimentos com a comunidade museológica e científica na área do património cultural. Desde sempre estes encontros foram gratuitos e, ao longo dos anos, vários profissionais de museus participaram e contribuíram para a extraordinária rede de conhecimento criada à volta das questões da documentação e gestão do património.

Sessão de Abertura do 9º Encontro de Utilizadores

Sessão de Abertura do 9º Encontro de Utilizadores

Este ano o Encontro de Utilizadores, já na sua 9ª edição, foi organizado em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e decorreu no auditório desta instituição nos dias 19 e 20 de Maio. O programa foi extenso e contou com várias apresentações interessantes (recordo que a minha opinião poderá ser parcial) de projectos brasileiros e portugueses nas quais é evidente um enorme esforço das instituições para resolver questões práticas na documentação e gestão de um património vasto e riquíssimo.

Não vou, dado que esperamos em breve ter autorização para a publicação dos vídeos das apresentações, elogiar ou focar uma apresentação específica. Todas elas têm pontos muito interessantes, com soluções e problemas, com diferentes abordagens e metodologias, mas importa-me referir um ponto comum a todas elas, a importância dada às normas. Pode parecer-vos uma questão óbvia, tratando-se de documentação, mas não é. Tanto não é que ainda hoje assisto à apresentação de projectos, leio artigos e vejo online alguns produtos de processos de documentação em que a normalização existente é a mesma do que a quantidade de água no deserto de Atacama. É isso que me faz sentir que o caminho, embora longo e difícil, está a ser bem trilhado por muitas instituições com grandes responsabilidades nesta matéria.

Auditório da SEC-SP

Auditório da SEC-SP

Estes dois dias foram também um excelente momento de aprendizagem, de partilha e de construção de boas amizades com muitos colegas brasileiros que, num momento particularmente difícil, trabalham todos os dias em prol da nossa herança cultural tornando-a acessível, física e intelectualmente, à grande comunidade da lusofonia. Para ser um encontro perfeito só faltou a presença de muitos colegas portugueses que costumam marcar presença nestes momentos e dos quais senti(mos) a falta.

Espero ver todos numa próxima oportunidade.