Uma das questões mais comuns nas discussões sobre documentação e desenvolvimento das colecções de museus prende-se com a inclusão de livros e outros documentos (a fotografia é um clássico nesta matéria) no acervo (ou seja a sua incorporação na colecção do museu) de diversas instituições. Esta semana apenas conversei com dois ou três colegas que me colocaram perante esta dúvida: “tenho uma colecção de documentos (livros, fotografias, etc) como devo fazer para os inventariar e documentar? Fazem parte da colecção? Entram como objectos no sistema de informação, ou devem ser registados nas tarefas relativas à documentação associada à colecção?”
A resposta não é simples. No entendimento mais comum o lugar de um livro é na biblioteca, de um documento (gráfico, fotográfico, cartográfico, etc.) é no arquivo, um e outro tratados de acordo com as normas e regras de documentação das respectivas áreas, no entanto, em alguns casos, um livro ou documento poderá também ser considerado um objecto de museu. Pela sua raridade, pela história específica que encerra, por uma marca que o torne singular entre os demais, pela forma como chega até nós, por ter sido pertença de uma entidade específica, entre outros e diversos motivos os documentos e livros podem e devem, na minha opinião, ser considerados no desenvolvimento das colecções dos museus.
Há alguns textos sobre esta matéria que nos podem mostrar diferentes perspectivas, o de Paul Goldman (não o tenho em digital) e este do National Park Service, são dois exemplos. Até vos poderia apontar para o Museo del Libro em Burgos. Mas o que motiva este post é colocar a questão aos meus leitores: que motivos presidem à decisão de classificar um livro ou documento como um objecto de museu? E após a incorporação que procedimentos adoptam na sua documentação?
Concordo com esta visão integrada. A Biblioteca da Faculdade de Engenharia do Porto e respectivo Museu da Universidade , são disso um belíssimo exemplo e até desenvolveram um sistema de Gestão de informação que merece ser conhecido e partilhado. Uma ferramenta muito boa .
Saudações
isabel victor
Este http://inarte.fe.up.pt/inweb/geral.aspx, Isabel?
as especificidades dos “objetos de museu” fazem com que a catalogação seja um exercício (coletivo e multidisciplinar) de criatividade aliado com padrões técnicos…
museus, bibliotecas e arquivos, além de parques, aquários, zoológicos (em outra medida) e até mesmo arquivos digitais (especialmente nos últimos 20 anos) são “entidades de conservação” e, a meu ver, ainda dialogam pouco entre si…
por que não incorporar uma notação Dewey na ficha de um livro que está num museu??
as bibliotecas já tratam suas “obras raras” como “peças de museu”, com limitações ao acesso e padrões de conservação diferenciados, mas o “interior” (a informação) não fica acessível…
há ainda muito que avançar na área de Catalogação, Registro e Divulgação da Informação…
Xavier… um obrigado desde já pelo comentário. É certamente uma das falhar que penso já todos reconhecermos, independentemente da área onde trabalhamos: não há (ou há pouco) diálogo entre museus, arquivos e bibliotecas. Esse factor condiciona, no meu entendimento, a utilização de metodologias (o que tem consequência nas ferramentas utilizadas) das diversas áreas em comum. No entanto, devo dizer-lhe que sou cada vez mais optimista em relação aos passos que têm sido dados para a integração de sistemas nesta área.