O título deste post é o tema do 6º Encontro Casas-Museu em Portugal que se irá realizar na Fundação Eça de Queiroz, em Tormes, nos dias 22 e 23 de Março. O programa do Encontro inicia-se com uma viagem de Comboio desde o Porto até Arêgos, onde os participantes iniciam um percurso pedestre pelo “Caminho de Jacinto”, guiados por Rafael Pereira que os vai levar à Casa de Tormes e a uma visita guiada seguida de um jantar Queirosiano no restaurante da casa. Ainda não vos falei nada sobre documentação em Casas-Museu, mas confesso desde já a minha vontade de participar no encontro.
O dia 23 será preenchido com um programa mais formal onde serão debatidos temas como os arquivos, centros de documentação, preservação de documentos gráficos, gestão documental e a importância da documentação na planificação e gestão desta tipologia de museus. Um programa que conta com a presença de diversos especialistas, alguns dos quais tenho o prazer de ter como amigos, que certamente apresentarão o estado da arte da documentação nos projectos em que estão inseridos.
Devo dizer que a documentação neste tipo de museus é um tema que me interessa particularmente. Pelas óbvias razões profissionais, mas também por ter acompanhado, relativamente de perto, o trabalho do António Ponte na sua dissertação de mestrado (podem consultar o trabalho aqui) sobre Casas-Museu em Portugal (tivemos o mesmo orientador e defendemos o mestrado no mesmo dia) e termos tido a oportunidade de falar amiúde, durante algumas sessões de orientação, sobre os problemas que esta tipologia de museus enfrenta nesta área. Documentar uma colecção de uma casa-museu não é só documentar os seus objectos, mas é também documentar a vida e obra do seu patrono ou da pessoa a quem a casa-museu se dedica. Muitas vezes, é o caso da Casa de Tormes, ou da Casa-museu Camilo Castelo Branco, ou da Casa-Museu José Régio, é também documentar uma obra brilhante, relacionar essa obra com os objectos, com o património imaterial que os liga, é relacionar a obra literária, os objectos, a pessoa com o seu tempo, com o seu pensamento, com o mundo que a rodeava, sem desconsiderar, no entanto, a actualidade e a importância daquele património para as gerações actual e futura.
Pode parecer simples, mas não é! Frequentemente os conservadores destas colecções enfrentam questões que não são tão prementes noutras tipologias de museus. O que fazer, por exemplo, com uma carta de amor, não publicada, de uma destas pessoas? Podemos, devemos expor? Será que o autor o queria que fizéssemos? E não o fazer não nos retira uma perspectiva da vida e da história dessa pessoa que pode ser importante para o conhecimento da sua obra? São questões difíceis, na minha opinião, mas que importa questionar e debater. Por isso mesmo aconselho a participação neste encontro a quem tiver a possibilidade de o fazer.
Fica abaixo o programa.
Boa tarde,
pode incluir informação sobre os procedimentos para assistir a este encontro? Existe um endereço para as inscrições, qual o custo de participação, etc.
Muito obrigado,
Augusto
Caro Augusto Ribeiro,
Se clicar na imagem ela permite ser ampliada e conseguirá ver os contactos para inscrições. São eles (mail) feq@feq.pt e (telefone) 254882120. São os contactos da Fundação Eça de Queiroz que é a instituição que acolhe o encontro.
Abraço,