Parece que foi ontem, sentado na mesa de reuniões da sala do Gabriel na Estação da Luz, em São Paulo, que tive a primeira conversa com a Ju. Parece que foi ontem, mas acho que aquilo aconteceu há uns bons 7 ou 8 anos atrás e, desde então, o mundo deu umas voltas grandes.
A Ju deu-me nesse dia o privilégio de poder ser orientador da tese de doutoramento que estava a pensar em fazer. Recordo-me bem de ter dito que achava muito interessante o tema e que teria todo o gosto em ajudar no que estivesse ao meu alcance. Hoje, a esta distância, vejo que foi a Ju que me ajudou bem mais e que é o sonho de qualquer orientador. Um poço de vontade e dedicação sem fundo, a mais organizada das investigadoras, a mais ciente das dificuldades e dos obstáculos pela frente, a mais trabalhadora, enfim… apenas a vontade de deixar tudo perfeito, conseguiu que se atrasasse na redação do texto e fez com que tivéssemos de andar a ler a tese a velocidade elevada para cumprir os prazos de entrega. No meio disto tudo foi mãe!
Se tal não bastasse para sentir o maior orgulho na Ju e no seu trabalho, durante o período de investigação colaborou com a BAD, com o CIDOC, comigo aqui e ali, com o Mu.SA, enfim… nem vos conto.
Agora que chegamos a este ponto, podem todos vocês assistir (online) e deixar os vossos parabéns à Ju, por esta excelência de trabalho que irá defender no próximo dia 26 de outubro de 2020 às 14h30m na Sala de Reuniões da FLUP e que podem seguir por Videoconferência – Plataforma Colibri/Zoom (mais informações).
A tese que a Juliana irá defender tem o título “Avaliação para gestão de coleções em museus: Uma proposta de indicadores de desempenho com basena norma SPECTRUM” e será uma excelente ferramenta para que os museus avaliem a qualidade da documentação das suas coleções.
No âmbito do doutoramento em Museologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) irá realizar-se, de 5 a 7 de Novembro deste ano, o Seminário de Investigação Internacional sobre Processos de Musealização. Este seminário pretende ser um espaço de reflexão e discussão das teorias no âmbito da museologia internacional e a sua aplicação prática nos mais diversos contextos ou circunstância, procurando assim contar com a participação de investigadores de museologia de todo mundo para a apresentação e discussão de trabalhos de investigação no âmbito da museologia. A organização descreve o seminário da seguinte forma:
O Seminário Internacional de Investigação “Processos de Musealização” é organizado no âmbito da Unidade Curricular Estudos de Museus e Curadoria do 3º Ciclo de Museologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, desenvolvendo diferentes linhas de investigação deste Doutoramento: Museus, Coleções e Património; Museus, Património e Conservação Preventiva; Museus, Espaço e Comunicação; Museus e Curadoria.
Como em ocasiões anteriores, este Seminário Internacional pretende afirmar-se como um encontro de investigação multidisciplinar, procurando participações de diferentes áreas e tradições disciplinares e metodológicas, contribuindo, desta forma, para a construção de territórios e práticas de investigação contaminadas. Os estudos teóricos que relacionem criticamente o campo da teoria com as práticas são especialmente bem-vindos.
As diferentes dimensões dos processos de musealização vêm sendo cada vez mais compreendidas enquanto aspetos centrais para pensar os museus como artefactos sociais e produtores de conhecimento. O Seminário pretende ser um espaço para discutir os processos de musealização, explorando os desenvolvimentos teóricos do pensamento museológico contemporâneo e destacando como a sua materialização acontece nas suas práticas.
Neste momento estão abertas as “call for papers” para os interessados em apresentar os seus trabalhos ou submeter um artigo nas seguintes áreas temáticas:
1. Processos de musealização e práticas de mediação (especificamente):
Objectos performativos
Memória e construção de significados
Afetividade e storytelling
Criticidades
Criatividade
Públicos da cultura
Democracia cultural
Interpretação
2. Processos de musealização, coleções e património (especificamente):
Poéticas de colecionar
Práticas de desmaterialização
Paisagens biográficas
Processos de documentação
Digitalização
Storytelling e documentação
Reutilização da informação (COPE)
Museologias Participativas
Museus e Políticas Identitárias
Museus e Desenvolvimento Sustentável
Interpretação/Mediação de Recurso Culturais
Exposição como Subtexto
Interpretação Póscolonial
3. Processos de musealização e curadoria (especificamente):
Teoria e história das exposições
Documentação de exposições
Modelos e estratégias expositivas
Exposições e comunicação
Exposição como medium e lugar de criação artística
4. Processos de musealização e conservação preventiva (especificamente):
História e teoria da conservação preventiva
Vulnerabilidades
Modelos e práticas de avaliação de risco
Alteração/dano/perda
Caraterização e documentação
Previsão e profilaxia
Comunicação
Responsabilidade partilhada/redes colaborativas/sinergias
Valor
Resiliência
Além do “call” poderão também (e deverão no meu entender) participar nas sessões tutoriais do doutoramento, nas quais se pretende discutir os projectos de investigação dos participantes com um grupo de colegas, professores, investigadores, etc. tendo como objectivo principal a recolha de feedback sobre investigações em curso.
Serei a pessoa mais parcial para vos recomendar este seminário (faço parte da comissão científica), mas julgo que será uma excelente oportunidade para discutir de forma ampla os nossos trabalhos de investigação. Espero sinceramente encontrar-vos por lá!
Alerto que não se encontra disponível (ainda) o documento relativo aos anexos, devido a uma situação que já comuniquei à secretaria da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e que espero seja resolvida brevemente. Em todo o caso, por motivos óbvios, o documento de anexos que ficará disponível on-line não conta com a tradução do SPECTRUM e com os seus requisitos de informação, uma vez que esses documentos terão que ser publicados, conforme estipulado no acordo entre a Collections Trust e o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, através do sítio institucional do projecto SPECTRUM PT (em breve terei notícias sobre este assunto). Aqui fica o resumo da tese:
A gestão do património cultural à guarda dos museus portugueses exige a atenção dos seus responsáveis e dos organismos estatais que definem a política museológica nacional. O elevado número de museus e o aumento assinalável de bens culturais que aqueles têm vindo a incorporar, bem como as mudanças significativas que o sector museológico sofreu nas últimas décadas, obrigam estas instituições e os seus profissionais a procurar os meios mais eficientes para realizar tarefas estruturantes da sua actividade: documentar e gerir as suas coleções. O SPECTRUM – The UK Museum Collections Management Standard tem vindo a afirmar-se, na comunidade museológica internacional, como uma das mais eficientes e bem elaboradas normas de procedimentos para gestão de coleções. O sucesso do processo de internacionalização desta norma, assim o comprova. Neste sentido, com este trabalho procuramos verificar a pertinência e vantagens daquela norma para os museus portugueses e para o relevante trabalho de digitalização, documentação e gestão dos acervos que a maioria tem em curso há alguns anos. Conhecendo as dificuldades existentes, no que diz respeito aos recursos humanos e financeiros destas instituições, é nossa pretensão disponibilizar uma ferramenta que, sendo simples de utilizar, sirva a preparação e execução da gestão do património museológico. Este documento resulta de três trabalhos que empreendemos nesse sentido. A tradução e adaptação do SPECTRUM à realidade e contexto legal nacionais, a verificação da compatibilidade da norma, através do estudo de caso da sua aplicação no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra e a adaptação e construção de um sistema de gestão de coleções compatível com aquela norma em colaboração com a empresa Sistemas do Futuro.
Uma vez mais a todos os que contribuíram para este trabalho um enorme obrigado!
Foi com estas palavras que se concluiu uma importante fase da minha vida. Aliciante, estimulante, desafiadora, mas também extenuante e exigente, são alguns dos adjectivos que usaria para descrever o percurso que tracei ao longo deste período em que procurei estudar e investigar a possibilidade de utilização de uma norma de gestão de colecções, o SPECTRUM, pelos museus portugueses, através da sua tradução e adaptação, da sua aplicação num contexto prático (estudando o caso do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra) e, finalmente, criando com a Sistemas do Futuro uma aplicação compatível com essa norma que facilite a sua utilização e disseminação pelos museus. Espero que o resultado possa ser útil aos museus e a todos os seus profissionais que se dedicam à gestão das colecções. No entanto, como todo o fim é o começo de algo novo, em breve trarei aqui notícias de futuros projectos que o desenvolvimento deste trabalho proporcionou e que serão, na minha perspectiva, importantes para a utilização das colecções dos nossos museus.
No entanto, queria aproveitar uma vez mais para deixar aqui expresso o devido reconhecimento e agradecimento a todos os colegas, amigos, família, professores e instituições que de alguma forma contribuíram para este momento.
Desde logo ao Prof. Doutor Pedro Casaleiro e à Prof.ª Doutora Marta Lourenço, arguentes da tese, pelos elogios, questões e, acima de tudo, importantes reparos, que procurarei incorporar na versão final (com correcções) de acordo com as sugestões feitas. Foi um privilégio para mim poder ser avaliado por duas pessoas com um percurso académico e profissional de excelência como é o do Prof. Pedro Casaleiro e da Prof.ª Marta Lourenço.
Um segundo cumprimento é devido ao meu caro amigo (perdoar-me-à a quebra da formalidade) Rui Centeno, meu orientador no mestrado e agora, pelo importante contributo científico que deu ao meu trabalho e, acima de tudo, por estar sempre presente quando necessário. Foi um suporte essencial para este percurso, obrigado. Terá sempre aqui um amigo disponível.
Um agradecimento é também devido ao Prof. Doutor Gonçalo Vilas-Boas, presidente do júri, pelos cumprimentos e elogios.
Ao Prof. Armando Coelho um agradecimento enorme pelo apoio que sempre foi para mim e, especialmente, pela dedicação que entregou sempre ao curso de Museologia. Todos os que lá passamos devemos-lhe essa homenagem.
À Prof. Alice Semedo o agradecimento pelo elogio que fez a mim e ao trabalho que apresentei, o qual me deixou muito sensibilizado, mas principalmente pelo papel importante que a Alice desempenhou (desempenha) enquanto professora do curso de museologia. Já tive a oportunidade de escrever num agradecimento que uma importante parte do trabalho que defendi na segunda-feira a ela se deve. Obrigado.
Ao Museu da Ciência da Universidade de Coimbra e à Sistemas do Futuro é devido um enorme agradecimento por terem, enquanto instituições relevantes no panorama português, acreditado e apoiado este projecto mesmo na fase difícil que o país atravessa.
Ao Prof. Paulo Gama Mota, director do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, um agradecimento especial, por acreditar que este projecto e o SPECTRUM poderão ser importantes para o desenvolvimento do museu e por ter colocado à minha disposição tudo o que foi preciso para a execução do trabalho.
Ao meu amigo Fernando Cabral, director da Sistemas do Futuro, por ter acreditado neste projecto desde 2008 e por incentivar sempre a procura de conhecimento. É a ele que se devo agradecer, antes de mais, todos os recursos que tive à minha disposição neste projecto e também o investimento que a empresa faz em mim e neste projecto. Obrigado, meu caro, terá sempre aqui um amigo para o que der e vier.
Aos meus amigos Natália, Sónia, Maria, António, Hugo, Armindo e Adão um agradecimento por me terem aturado diariamente ao longo destes anos e pelo vosso importante contributo (directo e indirecto) para a conclusão deste trabalho. Espero conseguir retribuir da mesma medida.
À Collections Trust, em especial ao Nick Poole, ao Gordon McKenna, à Alex Dawson e à Susanna Hillhouse por terem acreditado que este era um projecto interessante e confiarem em mim para a sua execução.
À Fundação para a Ciência e Tecnologia que apoiou financeiramente este projecto através do programa de bolsas de doutoramento em empresa um reconhecimento especial e os votos para que possa continuar apoiar, na área dos museus e património, projectos feitos em parceria com as empresas do sector.
A todos os colegas e professores com quem aprendi e continuarei a aprender, com um especial carinho pelos que puderam estar presentes fisicamente, um enorme obrigado pela vossa força e ensinamentos.
Uma vez mais a todos os amigos, com uma particular dedicatória a todos os que atravessam momentos mais difíceis, com a esperança que sejam momentos que acabem brevemente, fica aqui o meu agradecimento pelos parabéns em forma de mensagem, redes sociais, telefonemas, etc. e também o reconhecimento do papel importante que vocês desempenham na minha vida. À Zé um obrigado especial não só pelos km que fez para estar presente, mas pelo bloco de notas em branco…
Aos meus pais e irmãos um beijo do tamanho do mundo. Nada do que possa fazer é agradecimento suficiente para o que vocês me deram e continuam a dar.
Aos meus sogros, cunhados, cunhadas e sobrinho um beijo muito especial por estarem sempre presentes e serem um apoio sem igual.
À minha mulher, para quem devem ir todos os elogios feitos à clareza e rigor da escrita, o maior dos agradecimentos. Sem ti não era mesmo possível. Obrigado por TUDO!
À Inês e ao João fica a dedicatória deste trabalho por terem sido cúmplices deste projecto com os mimos e amor que o tornaram possível.
Obrigado por tudo e agora vamos em frente que atrás vem gente!
Nota: Assim que tiver a tese publicada (no repositório da UP) aviso e coloco o link.
Madrid é daquelas cidades a que me apraz voltar. Não só pelo Prado, pelo Reina Sofia ou pelo Thyssen-Bornemisza, mas porque vivem lá bons amigos que é sempre importante rever e ter a oportunidade de passar um jantar e noite à conversa, regada com um bom tinto ou gin.
Assim não podia estar mais satisfeito com a oportunidade de os visitar que ontem me chegou como novidade por e-mail:
E eu que sou um rapaz normalmente agradecido, fiquei duplamente agradado com a aceitação da minha proposta. Uma oportunidade para falar com colegas sobre o meu projecto e mostrar os seus desenvolvimentos (ou não) e ao mesmo tempo a oportunidade de rever amigos de longa data!
A partir de hoje estará disponível nas páginas do Mouseion uma página com todos os textos que consulto, total ou parcialmente, para a investigação da tese. Agradeço a todos os que pretendem contribuir e dar-me a conhecer outros textos que não estejam por lá, o envio de um comentário ou e-mail para alexandre@mouseion.pt com a referência. O objectivo no futuro é acrescentar uma nota em cada um dos textos com indicações do que achei deles e das mais valias que me trouxeram. Mas tudo a seu tempo.
Muito obrigado e espero que possa ser útil a todos esta minha recolha.