2013 – um ano em revista

2013 – um ano em revista

2013 foi um ano excepcional!

Esta é a ideia geral que tenho sobre este ano que acabou recentemente, só não o considero o melhor ano até à data por causa da crise e dos efeitos que ela teve em pessoas próximas e porque em 2008 e 2011 nasceram os melhores filhos que um homem algum dia poderia sonhar em ter como seus! Vejam lá se não concordam comigo.

Em fevereiro, no dia 18, para começar o ano em grande concluí definitivamente o enorme trabalho que a tese de doutoramento representa. Foram 3 anos de trabalho intenso que só foram possíveis porque trabalho na melhor empresa do país, com um patrão e colegas que fariam inveja a qualquer um e porque tenho uma mulher, filhos, família e amigos que me suportam ao longo da vida como alicerces da mais forte das construções. Nesse dia o som de aprovado por unanimidade e com distinção pareceram-me as mais doces palavras do mundo (ainda que tenha a perfeita noção da responsabilidade) e, sem falta modéstia, dei o melhor de mim para as conseguir.

A seguir retomei com força o trabalho na empresa (que tinha estado a pesar os colegas) e retomei o contacto com diferentes colegas, profissionais dos bons, nos mais distintos museus por esse país, conheci novos colegas, iniciámos novos projetos aqui e fora do país num ano que teve tanto de frenético como de compensador.

A meio do caminho comecei a dar mais atenção aos projetos que envolvem a minha participação no GT-SIM da BAD e com isso consegui aprender (muito) e partilhar algum conhecimento. O culminar desta participação (desculpem-me os amigos e colegas continentais) foi a viagem aos Açores para participar no Encontro Regional da BAD Açores. Uma viagem e encontro que nunca mais esquecerei pelas pessoas que conheci, pela partilha que o encontro e jantar proporcionaram e pelo excelente dia que me proporcionaram em boa companhia para conhecer a fabulosa ilha de S. Miguel.

O projecto SPECTRUM PT ganhou uma cara nova (o site) e começamos finalmente a concretizar o que almejava com o projeto de investigação e a tradução do SPECTRUM que iniciei em 2009.

Ainda neste ano, caso ainda não estivesse contente, fui convidado pelo amigo e professor Rui Centeno (a quem devo muito do que consegui no percurso académico), para integrar o Departamento de Ciências e Técnicas de Património como Professor Afiliado na FLUP. Um convite ao qual espero conseguir corresponder com afinco e dedicação. Nesse âmbito tive a oportunidade de organizar, com vários amigos, o Seminário sobre Museus Universitários que decorreu aqui no Porto e que foi, na minha opinião, um sucesso pela qualidade das comunicações apresentadas.

No meio disto tudo uma quantidade de projetos muito interessantes foram decorrendo como a participação na conferência anual da Acesso Cultura, a participação no seminário Cibermuseologia (inserido nas comemorações do Centenário do Museu de Aveiro), a arguição de alguns mestrados muito interessantes, amigos bons que concluíram os seus trabalhos académicos, o debate sobre fotografia nos museus e muito muito mais que permitiram uma constante aprendizagem sobre matérias tão diversas como a acessibilidade, o estudo de públicos, o direito, etc. Um ano cheio e bom!

Um ano que só não foi completo porque o Mouseion, entre várias outras coisas, foram ficando para trás e não cumpri um dos objectivos do início do ano que era ter um post de fundo por semana. Este ano terei que estar mais atento a essa e outras situações.

Resta-me desejar-vos o que espero para mim em 2014: um ano cheio com saúde, felicidade, sucesso e com a crise a desaparecer!

Bom 2014!

OPENCULTURE 2013

OPENCULTURE 2013

Eu podia voltar a Londres todos os meses. Gosto da cidade, da forma como recebem os de fora, da vivência que os londrinos têm do espaço público e a oferta cultural da cidade é realmente infindável. Embora não o possa fazer todos os meses, tenho a felicidade de a visitar, normalmente a trabalho, de vez em quando. Desta feita o motivo foi a conferência sobre Colecções organizada anualmente pela Collections Trust, a OPENCULTURE.

A Collections Trust, conforme saberão, é a instituição que substituiu a (mais conhecida entre nós) Museum Documentation Association, entidade que foi a responsável pelo nascimento da norma SPECTRUM e pelo seu desenvolvimento até 2008. Desde então a Collections Trust tem assumido essa importante tarefa, com base numa estratégia de longo prazo, que passa pela disponibilização da norma de forma gratuita a museus e aos seus profissionais e pela sua internacionalização, através de parcerias estabelecidas com entidades de diversos países que possibilitem a tradução e localização da norma (adaptação ao contexto legal e profissional). O objectivo final, ambicioso devo dizer, é fazer com que o SPECTRUM seja A referência internacional nos procedimentos de gestão de colecções.

Nesse sentido a Collections Trust tem vindo a organizar, aproveitando a realização da OPENCULTURE, reuniões da comunidade internacional que trabalha com a norma (este ano designada SPECTRUM Community Gathering, no ano anterior SPECTRUM Roadmap Meeting) com o intuito de alargar a discussão relativa ao seu futuro. Nestas reuniões têm participado centenas de profissionais de museus do Reino Unido e de outros países que também utilizam o SPECTRUM. Este ano o encontro teve como principal novidade a apresentação de uma dinâmica diferente de desenvolvimento da norma, baseada em 4 elementos centrais, a saber:

SPECTRUM Standard onde se incluem os projectos de localização e tradução da norma, o SPECTRUM Digital Aset Management, o SPECTRUM Schema e o arquivo de versões anteriores do SPECTRUM; SPECTRUM Labs onde serão discutidas novas ideias e potenciais aplicações da norma; SPECTRUM Resources que servem de suporte à implementação e utilização da norma, e; SPECTRUM Community onde estão incluídas todas as pessoas e instituições que suportam e usam a norma a nível internacional.

Estes elementos centrais do programa SPECTRUM tem a sua sustentação na missão da norma, definida pela Collections Trust da seguinte forma:

Our mission as the international community responsible for the development, localization, promotion and support of SPECTRUM worldwide is to ensure that wherever collections are, they are managed accountably, professionally and with due regard to public interest.

O suporte a todo este projecto encontra-se na comunidade SPECTRUM. Um conjunto considerável de pessoas e instituições, divididas por SPECTRUM National Partners (no caso Português o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra), composta por instituições responsáveis pela localização e promoção do SPECTRUM nos diferentes países; SPECTRUM Champions (de que este vosso amigo é exemplo, segundo Nick Poole), composto por pessoas que voluntariamente se comprometem com a promoção da norma e com o suporte necessário à sua implementação; SPECTRUM Users (o principal elemento da comunidade em meu entender), os museus e profissionais que utilizam a norma na gestão das colecções e os SPECTRUM Partners, empresas e instituições que desenvolvem os sistemas de gestão de colecções compatíveis com a norma.

Esta nova dinâmica tem como objectivo lançar as bases de sustentação da próxima versão do SPECTRUM, a 5.0, bem como permitir a implementação, com base na norma, de um conjunto de ideias relativas à filosofia “Create Once, Publish Everywhere” (COPE), ao mapeamento do SPECTRUM com o CIDOC CRM e, em consequência, com um conjunto de diversas normas já mapeadas ao CRM que possibilitam um mais e mais fluído intercâmbio de informação, bem como à criação de ferramentas de formação na norma e avaliação do trabalho de gestão de colecções feito de acordo com os seus procedimentos.

Ainda nesta reunião tivemos a possibilidade de ouvir a Alex Dawson e a Susanna Hillhouse, editoras da versão 4.0 da norma, falar sobre o desenvolvimento da versão 5.0 e do formato encontrado para novas propostas de procedimentos a acrescentar ao SPECTRUM tendo em consideração a proporção gigantesca da tarefa que a Collections Trust tem em mãos. Foi com agrado que ouvi que as novas ideias para procedimentos poderão nascer de qualquer um dos membros da comunidade SPECTRUM como uma proposta, que será depois avaliada por um conjunto de instituições e especialistas, membros da comunidade, de acordo com o que é seguido em comunidades de desenvolvimento de software opensource como o Linux. Uma forma que terá as suas desvantagens, mas que ao mesmo tempo é um desafio importante para todos os membros desta comunidade. Veremos o que o futuro nos trará nesta matéria.

Todas estas e ainda mais informações podem ser recolhidas do vídeo que resultou do live streaming da reunião da comunidade, onde apresentei (a convite da Collections Trust e em representação do projecto português) uma breve actualização do estado de desenvolvimento do SPECTRUM PT (aos 19 minutos começa a minha apresentação).

Já o disse aos parceiros do projecto, mas partilho também com vocês, que o retorno que tive sobre o nosso projecto foi muito positivo, tendo sido destacado o esforço realizado na tradução e a dimensão que o projecto assumiu com a inclusão dos nossos amigos do Museu da Imigração do Estado de S. Paulo e da Pinacoteca do Estado de S. Paulo, instituições dependentes da Secretaria de Cultura daquele estado brasileiro, no projecto de tradução para português e na futura localização do SPECTRUM em território brasileiro (como é óbvio estamos completamente receptivos á participação de outros países da lusofonia. Por isso se conhecerem alguém interessado, partilhem este texto, por favor).

Para acabar importa ainda dizer que a OPENCULTURE é uma excelente iniciativa. Uma conferência de qualidade, bem organizada, actual, com temas muito interessantes, para a qual são convidados especialistas de diferentes países de todo o mundo na área do património cultural e onde são apresentados alguns dos melhores projectos da actualidade tendo em conta a dicotomia tecnologia/património. O programa da conferência, muito intenso, devo dizer, é disso a melhor prova.

Para o ano espero poder voltar e levar comigo alguns colegas de Portugal, que me dizem?

PS: um breve apontamento para indicar o link para os prémios da Collections Trust deste ano.

Visita de estudo aos museus distinguidos pelos prémios APOM

Visita de estudo aos museus distinguidos pelos prémios APOM

A direcção da Associação Portuguesa de Museologia (APOM) organiza, no âmbito do plano de actividades de 2013, uma visita de estudo a diversos museus que foram distinguidos no passado pelos prémios APOM. A visita, organizada em colaboração com a empresa Geostar, será realizada nos dias 20 e 21 de Abril e é destinada sobretudo aos sócios da APOM.

Para mais informações consultem o programa em PDF aqui.