Grupo de Trabalho BAD – Sistemas de Informação em Museus

Grupo de Trabalho BAD – Sistemas de Informação em Museus

Num sentido amplo, os serviços de documentação e inventário dos museus difundem informação e viabilizam o conhecimento dos bens culturais, a sua interpretação e apropriação por parte dos públicos. Desempenham um papel de interface específico e relevante com a comunidade, desde os estudantes e os docentes até aos especialistas e investigadores, passando pelos curiosos e amantes do conhecimento. A relevância que os sistemas de informação assumem no Museu, enquanto função museológica fundamental, espelha-se na interação com a investigação, a conservação, as exposições e a educação patrimonial, uma vez que integram o próprio conceito de Museu, definido na Lei-Quadro dos Museus Portugueses.

São estas as palavras com que Conceição Serôdio introduz o Grupo de Trabalho Sistemas de Informação em Museus que recentemente foi aprovado pela Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas e que pretende constituir-se como uma “plataforma de diálogo entre os profissionais de informação que trabalham nomeadamente em museus, palácios e monumentos” que pretendam assumir-se como “interlocutores das tutelas no domínio do património e desenvolver iniciativas de valorização profissional, de intercâmbio e de parcerias, promovendo a pluridisciplinaridade e a produção do conhecimento em museus” e instituições similares.

Esta iniciativa da BAD, associação com uma história consolidada e experiência única nas matérias tratadas pela ciência da Informação, será certamente aproveitada pelos profissionais de museus que todos os dias se dedicam a essa enorme (e por vezes complicada) tarefa que é a documentação e gestão das colecções guardadas nos museus. Esta parte importante do trabalho desenvolvido nos museus não é a mais visível para o público, e para as tutelas ou investidores já agora, mas dela depende em grande parte o sucesso das restantes tarefas museais. Não me parece que um museu possa conservar, expor, divulgar ou comunicar as suas colecções sem as conhecer previamente, certo? No entanto, este trabalho ocupa tempo, recursos humanos e financeiros e raras vezes tem sido (pelas mais diversas razões) visto como uma prioridade. Assim, não posso deixar de louvar esta iniciativa e de tentar contribuir com a minha experiência para ajudar o Grupo a atingir os objectivos a que se propõe.

Uma vez mais nas palavras da Conceição, no grupo que entretanto foi criado no Facebook, ficam aqui expressos os objectivos (ambiciosos, devo dizer) propostos:

  • Constituir-se como uma plataforma de dinamização do diálogo e articulação entre todos os profissionais que trabalham em museus e outros espaços patrimoniais (monumentos, palácios, sítios);
  • Promover o levantamento nacional dos recursos existentes nas áreas da informação, documentação e reservas em museus, de modo a desenhar um quadro global desta realidade, das suas potencialidades e debilidades;
  • Desenvolver iniciativas de valorização profissional, nomeadamente encontros nacionais, sectoriais e ações de formação;
  • Constituir-se como interlocutor das direções dos museus e das tutelas da área do património no que diz respeito à gestão da informação e à sua importância estratégica na vida dos espaços museológicos, da sua relação com as comunidades e com a produção e divulgação do conhecimento produzido no Museu.

Destaco, pela pertinência que tal trabalho terá, o levantamento nacional dos recursos existentes nas áreas de informação, documentação e reservas dos museus, porque é o primeiro passo (o mais acertado) para que se possam definir linhas estratégicas de actuação e criar propostas que possam contribuir para que possamos apresentar nesta área resultados mais animadores dos que se têm verificado até ao momento.

Por fim, importa também destacar que este interesse da APBAD pela área da documentação em museus permitirá também um intercâmbio acentuado de experiência e aprendizagem entre os profissionais da informação de distintas instituições (Museus, Bibliotecas e Arquivos) que em muito beneficiará o património cultural português.

Em especial à Conceição Serôdio, à Fernanda Serrano e ao Rui Ferreira da Silva aqui fica expresso o meu agradecimento por esta iniciativa.

Aproveito ainda para dizer a todos os interessados que se poderão inscrever no Grupo de Trabalho através do formulário disponível no site da APBAD e que o grupo terá a sua primeira reunião em Lisboa, dia 19 de Junho, às 18:00, na sede da BAD em Lisboa, a qual poderá ser seguida através de vídeo conferência. Para mais informações consultem o Grupo no Facebook.

Estrutura de informação

Estrutura de informação

Estou a rever a estrutura de informação das aplicações da Sistemas do Futuro e a comparar esses dados com os grupos de informação do SPECTRUM. Admiro-me sempre que percebo que já há uns anos fazemos as coisas como deve ser.

Resultado: vida facilitada no doutoramento!

Parabéns

À Patrícia Remelgado, amiga e “camarada de armas” nesta coisa de perceber e estudar normalização documental em Museus, pela excelente tese que ontem defendeu na Faculdade de Letras da Universidade do Porto intitulada “Gestão integrada de colecções museológicas: proposta aplicada aos museus da Câmara Municipal do Porto.” com a classificação de Muito Bom.

Um brilhante trabalho de pesquisa bibliográfica e de análise de dados que, na inha opinião, é um importante contributo para os Museus da Câmara do Porto, em particular, mas que deve ser um elemento a considerar em trabalhos semelhantes.

Uma vez mais Parabéns Patrícia.

CIDOC – Atenas dia 1

Está a iniciar agora mesmo a conferência de Gordon Mackeena de que falei no post anterior. Só para que fiquem com as primeiras impressões o homem é a maior das simpatias e prepara isto ao pormenor.

Mais logo falamos sobre o que se passou durante todo o dia.

Um mito

Um dos assuntos mais discutidos nos museus tem sido, ao longo dos tempos, a constituição dos números de inventário. Não deve haver projecto de inventário num museu ou instituição que tenha essa responsabilidade em mãos, no qual este assunto não seja uma das primeiras preocupações. No entanto, será assim tão importante perder tempo com esta discussão? Será mesmo o número de inventário tão complicado de definir?

Em tempos, sem o apoio que hoje encontramos nas novas tecnologias, o número de inventário e a sua composição revistia-se de maior importância. Na procura de informação em registos de papel não era fácil encontrar o que se procurava nos mais diversos campos de uma ficha. O número de inventário continha assim uma grande parte da informação essencial sobre o objecto. Normalmente continha informação sobre a colecção a que pertencia, ano de entrada no museu, a sua categoria ou classificação, entre alguns outros exemplos. Para além deste factor os registos manuais eram organizados de acordo com a númeração dos objectos. Ou seja no caso de o museu possuir uma colecção de pintura, muito frequentemente encontrávamos um arquivo onde as fichas de inventário estavam organizadas desde a Pin.1, até à Pin.123, de forma numérica. Facilitava a procura da ficha pretendida e, previamente, a sua organização no todo da colecção.

Ora estas questões não se colocam hoje em dia com a frequente utilização dos recursos informáticos (hardware e software) disponíveis para este trabalho e com a possibilidade de efectuar pesquisas estruturadas em diversos campos dentro de uma base de dados, com retorno quase automático da informação pretendida.

Em todo o caso continuam a existir estas formas complexas de organização do número de inventário na maior parte dos museus pelas mais diversas razões. Continuidade na organização, a impossibilidade de remarcação dos objectos, costume, etc. são alguns dos motivos frequentemente apresentados como justificação. E vocês? Discutem muito a estrutura dos números de inventário? Em que medida ela é importante para a organização e gestão das colecções?