by Alexandre Matos | Nov 21, 2012 | Debate
É tão estranho (no sentido de raro) por cá ver um qualquer tema debatido, discutido e alvo de uma reflexão abrangente, que me causou alguma estranheza, devo confessar, esta iniciativa da Museums Association que pretende discutir o futuro e o impacto que os museus poderão ter no futuro do mundo.
Questões de género, igualdade, imigração, conflito de gerações, integração social, ambiente, educação, entre outras são o foco do debate e da consulta (paper e summary do Museums 2020) que a Museums Association realizou até ao passado dia 31 de Outubro (percebem agora os mais atentos, porque só agora falo neste assunto). Embora o período de consulta esteja já esgotado (no entanto as páginas sobre o assunto ainda estão disponíveis na net), é com bastante interesse que olho para esta iniciativa e que anseio pelos resultados (julgo que a MA tem publicado sempre) dos debates sobre este tema realizados na sua conferência anual que teve lugar, no início deste mês, em Edimburgo.
De alguns contributos e pontos de vista sobre o assunto que li até agora, gostava de destacar o da Collections Trust, uma instituição que admiro e que está directamente ligada à minha área de investigação, mas que ao longo dos últimos anos tem dado um importante contributo para o desenvolvimento dos museus no Reino Unido (e não só) nas mais diversas áreas. Desse contributo gostava de destacar um dos aspectos chave enunciados no blog da Collections Trust:
As it currently stands, Museums 2020 focuses exclusively on the impact of museums on current social welfare and social policy agendas. We are concerned that this fundamentally limits it both in terms of scope and long-term relevance. We strongly urge the Museums Association to take a broader view which encompasses both the celebration of museums as a tremendously important part of public life and the fact that their impact is uniquely rooted in material and intangible culture – the Collections they manage on behalf of the public.
E por cá? Quando discutiremos o futuro dos museus e o seu impacto e papel na saída da crise?
by Alexandre Matos | Mai 3, 2012 | Conferências
O título deste post é o mote da edição de 2012 da European Museum Advisors Conference que se irá realizar em Loures, Mafra, Cascais e Lisboa de 29 de Maio até 2 de Junho. Esta nona edição da conferência é organizada pela Mapa das Ideias e pela Câmara Municipal de Loures.
O tema, como é óbvio, é uma provocação à nossa capacidade (ou incapacidade) de ultrapassar os obstáculos que são colocados aos museus (a todo o sector cultural, digo eu) pelas imposições e restrições orçamentais que os governos na Europa e um pouco por todo o mundo colocam ao sector. É um bom e actual motivo para reflectir e (as crises tendem a ser boas nestas coisas) criar um rumo sólido que possa ser seguido a médio e longo prazo, com compromissos bem definidos e metas que possam ser avaliadas com regularidade.
Eu vou participar com uma comunicação onde pretendo, mais do que esclarecer alguém, suscitar uma reflexão sobre o papel que a informação e conhecimento existente nos museus podem ter para os ajudar a ultrapassar a crise. Fica aqui o link para o resumo da comunicação e o texto segue abaixo também.
Collections knowledge: an opportunity to face the crisis?
This is a time of crisis. Museums and all the cultural sector in the european countries are facing big financial and funding problems and they are challenged every day by the demands of an better educated and wider audience. These problems are aggravated by the absence of a structural and long-term policy for the sector, that should be used to define a strategical course.
However, this times of change and uncertainty usually allow more profound analysis and the raise of important opportunities for museums all over Europe. The knowledge that is generated by the inventory, documentation, management and study of many important collections held by museums in Europe and worldwide may be one of those opportunities. Society is starved of information and knowledge and museums can, and should, provide it in order to fulfill its mission and compete for the financial resources available.
In this presentation we will, or at least try, to discuss how museum documentation can make a difference and why museums can benefit in many different ways with a proper collection documentation policy.
by Alexandre Matos | Nov 8, 2011 | Eventos, ICOM
Excelentes duas horas que passei no encontro organizado pelo ICOM Portugal sobre a sustentabilidade financeira (e outras) dos museus nos tempos difíceis que vivemos. Excelente também a organização deste encontro pela Maria Vlachou e pela Inês Brandão e a oportunidade do mesmo e por estes motivos aqui fica o meu reconhecimento à actual direcção do ICOM pelo trabalho que tem desenvolvido nos últimos anos.
Para além do meu reconhecimento fica também um pedido de desculpas mais público, por não me ter sido possível assistir a todo o encontro, mas as responsabilidades inerentes à paternidade e questões urgentes no trabalho, impediram-me de ter assistido, como gostava, a todas as comunicações.
Em todo o caso alguns aspectos que foram abordados da parte da manhã serviram de mote para pensar sobre este importante assunto e perceber que não podemos ter uma receita comum para todos os museus e que todo este problema tem de ser encarado de uma forma global e respondido com base numa sólida estratégia reflectida numa política museológica para ser implementada no médio prazo.
Dos assuntos abordados e discutidos houve um que me chamou a atenção, por me parecer de resolução tão óbvia, a actual lei do mecenato e o empecilho que a burocracia do Estado é para as empresas e particulares. E chamou-me a atenção por ser um assunto sobre o qual ainda não ouvi (nos últimos tempos pelo menos) uma única declaração da parte dos responsáveis. Era uma boa contrapartida aos anunciados cortes, não vos parece? Uma lei do mecenato que ajudasse o sector em vez de ser complicada e geograficamente focalizada na capital ou em instituições culturais de grande porte. Uma lei que pudesse facilitar e dar incentivos a quem pretende contribuir directamente para um projecto cultural da sua eleição.
Parece-me que temos muito, mesmo muito para fazer, mas ontem fiquei com a certeza que temos gente competente para levar o barco a bom porto.
by Alexandre Matos | Ago 1, 2011 | Geral
Passo o ano inteiro em Museus. É uma constatação que faço frequentemente com um sorriso nos lábios e uma expressão de “quem te dera” em modo de desafio ao interlocutor. Sou um sortudo no que a isto diz respeito, até porque conheço os lados públicos e privados dos museus que visito, o que me dá uma perspectiva bem mais interessante do que a dos visitantes em geral. As entranhas dos museus, os seus serviços técnicos, as reservas, etc. têm um encantamento especial para quem trabalhou num museu.
Em todo o caso raramente visito museus quando estou de férias. É uma opção consciente de quem precisa de descansar o cérebro e desligar a ficha em relação ao trabalho (é algo que faço com dificuldade, acreditem) para a ligar em relação à família nos poucos dias em que lhes posso dedicar toda a atenção. Sofrerão os meus catraios com isso no futuro? Não conhecerão museus em férias com os pais? Claro que não. A seu tempo levam a injecção de museus e património que o meu pai me deu.
Este pensamento veio à tona depois de um jantar em Portimão e uma conversa sobre uma actividade nocturna do Museu de Portimão que nos convidavaa provar sardinha e cavalas preparadas por chefs de nomeada e à qual a família (alargada) recusou ir. Prometo que era só para experimentar a sardinha e a cavala!