por Alexandre Matos | Fev 16, 2018 | CIDOC, Conferências, Documentação, Normalização
Não falei antes do CIDOC 2017, em Tbilisi, decorrido em Setembro do ano passado, mas hoje tenho um excelente motivo para voltar à nossa conferência anual e dar-vos a conhecer um pouco da experiência deste ano na Geórgia. O motivo, aliás, o excelente motivo é a partilha das apresentações feitas nas diversas sessões (workshops e sessões convidadas) do extenso programa deste ano, subordinado ao tema “Documentation – Past, Present, Future…”
Uma breve nota sobre o CIDOC 2017
A conferência deste ano permitiu-me ir, pela primeira vez (uma miséria bem sei), a um país que ficava atrás da Cortina de Ferro e vivenciou, de uma outra perspectiva, aquilo que para um jovem adolescente ocidental como eu representava uma espécie de Tratado de Tordesilhas nuclear com ameaças entre duas grandes superpotências (na versão de Hollywood chamadas de Rocky Balboa e Ivan Drago) que nunca se iriam entender. Um mundo distante, felizmente, porque me permitiu conhecer brevemente uma cidade vibrante, com boa comida e bebida, e excelentes pessoas.
Este ano, o tema da conferência procurou explorar o que foi, o que é e para onde caminha a área da documentação em museus. O tema, proposto pelo comité de organização local, à partida parece ser simplista, mas é muito mais desafiador do que pensei. Rever o nosso passado enquanto comunidade, os nossos sucessos e insucessos (principalmente estes), o caminho traçado, os obstáculos, etc. é, em boa medida, algo que todas as instituições ou comunidades deveriam fazer de tempos a tempos. Permite recentrar a energia, alinhar o foco e considerar o presente ao abrigo do que positivo e negativo fizemos. Com essa análise e com os recursos e potencialidades que temos agora, no presente, podemos construir e planear um futuro ainda melhor, com uma resposta mais capaz aos enormes desafios que este sector dos museus tem pela frente.
No CIDOC 2017 revi um conjunto de colegas, de mestres, de parceiros de discussões intermináveis sobre normas e procedimentos e tecnologias, mas também conheci novos colegas, de novas geografias (sim que o ICOM é muito eurocêntrico ainda), com outras perspectivas e desafios. Discutimos entre todos, em sessões sobre terminologias, procedimentos, imagem, gestão do conhecimento, passado da documentação, novos desafios e outras, aquilo que podemos dar à comunidade museológica para que os museus e seus profissionais possam contribuir para uma sociedade melhor. Tivemos o privilégio, nessas sessões de ouvir e conhecer o trabalho de colegas de diversas áreas, com diferentes preocupações e pontos de vista de entre os quais gostaria de destacar, agora que as apresentações estão publicadas, os que me chamaram mais a atenção.
Os meus destaques do CIDOC 2017
Não vou ser muito extenso na análise e esta minha opinião sobre o que melhor se viu no CIDOC 2017 está condicionada às sessões em que participei e assisti (algumas são sessões paralelas), mas convido todos a percorrerem as diferentes apresentações e partilharem as que mais interessantes lhes parecem. A lista está disponível na área das conferências passadas da página do CIDOC no link 2017, Tbilisi.
No topo, até porque não é a minha área de investigação preferida, colocaria as excelentes apresentações feitas pelo Gregg Garcia e pelo Jonathan Ward sobre o programa Getty Vocabularies. Vão desde a revisão e utilização dos conteúdos dos diversos thesauri e vocabulários, passando por um programa de acessibilidade sustentado por uma política de Linked Open Data até à apresentação de exemplos de utilização e iniciativas futuras. Alguns poderão achar densos e muito técnicas as apresentações, mas para quem se interessa por terminologia são essenciais para acompanhar o trabalho de quem lidera internacionalmente esta área da documentação. Podem encontrar as apresentações na SESSION 7 – Getty Vocabularies.
A segunda escolha recai na comunicação do Hassan Ghaseminejad Raieni, do Irão. A apresentação intitula-se Experiences in museum objects documentation with regard to ethical and cultural principles in Iran e explora um tema muito sensível na documentação de museus: a objectividade e as influências do processo de documentação na(s) história(s) que contamos com os objectos. Confesso que além do tema e da forma como foi apresentado, admirei a coragem do Hassan em levar um assunto destes a uma conferência internacional, sendo ele de um país que não é famoso pela abertura à crítica.
Uma terceira escolha vai direitinha para a apresentação do Axel Ermet. Aborda uma norma ISO, uma daquelas coisas com que nós, os maluquinhos das normas, gostamos de nos entreter e que, para quem não é um dos nossos, gostamos de recomendar para utilizar como se de uma bíblia se tratasse. Vejam lá se não vos daria jeito uma norma como esta: (ISO): The vocabulary ISO 5127 as a basic vocabulary for documentation. Define um vocabulário comum para que todos vós, os incrédulos, percebam o que nós, os crentes, queremos dizer com expressões como XML, bases de dados, subsets, modelos conceptuais, etc. Um instrumento de utilização diária sobre o qual escreverei um destes dias.
Um quarto lugar para a apresentação do Reem Weeda sobre o ICONCLASS e a ligação deste, ou melhor, o enriquecimento deste com a ligação a conceitos do AT&T. A apresentação, um pouco técnica mas muito útil, está disponível aqui.
Por último não posso deixar de referir e destacar as apresentações da Natália Jorge, do Fernando Cabral, da Juliana Rodrigues Alves (pesquisem os nomes na página) sobre importantes trabalhos realizados aqui em Portugal na área da documentação do património cultural e, sem falsas modéstias, a apresentação que eu fiz, em representação de uma equipa fabulosa, sobre o contributo do Grupo de Trabalho de Sistemas de Informação em Museus da BAD nos últimos anos em Portugal.
Com este texto pretendo destacar as minhas escolhas, mas quero dizer-vos que se percorrerem as apresentações vão encontrar um conjunto de trabalhos notável e útil para quem é confrontado com os trabalhos de documentação em museus ou em outras instituições culturais. Se quiserem partilhar as vossas preferidas, ou as que lhes parecem mais interessantes, vão à página das apresentações e digam coisas nos comentários a este post.
Boas leituras!
por Alexandre Matos | Jul 12, 2016 | CIDOC, Conferências, ICOM, Museus
ICOM 2016 – Entrada
A Conferência Geral do ICOM teve lugar este ano em Milão, Itália, entre os dias 3 e 9 de Julho, no Centro de Congressos daquela cidade, tendo como mote “Museus e Paisagens Culturais”, tema que tinha já servido para as celebrações do Dia Internacional de Museus este ano. A conferência geral é sempre uma oportunidade para aprender e conhecer mais sobre a comunidade profissional dos museus. Este ano, pela proximidade a Portugal e pela presença maciça (mais de 3000) colegas das mais diferentes regiões do mundo, o ICOM 2016 foi uma excelente ocasião para alargar horizontes e percepcionar as diferenças e semelhanças em museus de todo o mundo.
Neste texto procurarei falar de duas realidades distintas: a participação portuguesa na conferência geral e as actividades, bem como a minha participação, no comité internacional de documentação, o CIDOC. Começo pela primeira, por razões óbvias.
A participação portuguesa no ICOM 2016
Tal como disse acima, este ano o local e tema da conferência proporcionaram as condições para uma participação considerável de colegas portugueses. Assim de repente, sem puxar muito pela memória, estive com mais de uma dezena de colegas portugueses em Itália. Destaco alguns em seguida.
Desde logo o Presidente do nosso Comité Nacional, José Alberto Ribeiro, que juntamente com a Joana Sousa Monteiro, o Mário Antas e a Dália Paulo nos representaram nas tarefas mais administrativas da conferência, participando nas assembleias gerais, votações e discussões sobre o futuro do ICOM a nível internacional. Uma tarefa de enorme responsabilidade que desempenharam, como sempre, com a maior dedicação e empenho. A juntar a este importante trabalho é importante salientar que a Joana e o Mário foram eleitos para cargos de direcção nos comités internacionais de que fazem parte. A Joana Sousa Monteiro foi eleita Presidente do CAMOC e o Mário Antas Vice-presidente do CECA. Dois comités internacionais muito relevantes no contexto internacional e que serão exigentes para ambos. Os meus votos de sucesso para ambos.
A seguir, não o posso deixar de referir, o Luís Raposo, agora presidente da Aliança Regional ICOM Europa, que fez um notável trabalho a apresentar uma linha de acção para revitalizar o trabalho desta importante aliança de diversos comités nacionais do ICOM. Aproveito para desejar ao Luís o maior sucesso nesta grande tarefa que tomou como sua e para lhe dar os parabéns por este importante cargo que deve ser visto como um orgulho para a comunidade museológica nacional.
Uma outra amiga e colega que não posso deixar de referir é a Marta Lourenço, arguente principal na minha tese de doutoramento, agora empossada como Presidente do UMAC, secretária da anterior direcção do ICOM Portugal e uma das vozes mais sábias que conheço sobre colecções e museus universitários. É a certeza, tal como acontece nos outros 3 casos, que o UMAC estará muito bem entregue, pelo menos, nos próximos 3 anos. Sucesso é o que desejo, uma vez mais, nas suas funções.
Além destes que merecem um destaque pelas funções que agora assumem, tive também o grato prazer de rever e conversar um pouco com bons amigos e colegas como a Aida Rechena, o Pedro Pereira Leite, o Mário Moutinho, a Lorena Sancho Querol, o Manuel Furtado Mendes, a Beatriz Crespo, entre alguns outros que vi nos corredores. A estes juntam-se os companheiros habituais de viagem, Fernando Cabral e a Natália Jorge, e a amiga Juliana Rodrigues Alves que sendo brasileira, juntou-se à comitiva portuguesa por ser aluna no doutoramento de Museologia da FLUP.
Foi, do que conheço, uma das melhores e mais profícuas participações portuguesas nas conferências gerais do ICOM. Não só pelas conquistas conseguidas pela museologia portuguesa, mas acima de tudo pela competência demonstrada e pela enorme participação relevante que tivemos em diversas áreas do panorama museológico internacional. Diria, que se não fosse as famosas “lunch-boxes” o ICOM 2016 teria sido perfeito.
Podem consultar aqui um pouco do que se passou em Milão através da #ICOMilano2016.
O CIDOC e ainda a participação portuguesa no ICOM 2016
© Gabriel Bevilacqua
Tal como já tinha escrito aqui, este ano apresentei a minha candidatura à direcção do CIDOC. Não vou enumerar de novo as razões que me levaram a tomar esta decisão, poderão ler a minha declaração no link anterior, mas o certo é que consegui convencer os membros deste comité internacional, onde tanto já aprendi, a votar em mim. Ora portanto, este vosso amigo é agora membro ordinário (nunca tive um nome de cargo tão apropriado) da direcção do CIDOC.
É, antes de mais, um enorme orgulho para mim esta eleição. Mas acima de tudo é uma enorme responsabilidade que espero saber cumprir com a maior dedicação. A documentação de museus, tal como vários colegas frisaram, é uma tarefa fundamental para todas as actividades dos museus. No entanto, pode e deve servir o seu propósito de maneira mais eficiente e capaz, procurando lidar com as questões da gestão de informação nos museus de uma forma integradora e aberta, promovendo a acessibilidade e a utilização das colecções pelo público nas mais variadas formas e contextos. O contributo que tentarei dar diz respeito a uma maior cooperação entre comités internacionais e nacionais no sentido de todos contribuírem para melhorar a forma como documentamos e gerimos os nossos museus e colecções em benefício do público.
Estarei sempre à disposição de todos os que necessitarem de algo em que o CIDOC possa ser útil e terei todo o gosto ser o vosso canal de acesso à direcção deste comité internacional do ICOM.
A Conferência Anual do CIDOC
Importa salientar que os comités internacionais do ICOM aproveitam a conferência geral para realizar as suas próprias conferências anuais nos anos correspondentes. Esta situação tem algumas vantagens, mas no caso do CIDOC, um comité iminentemente técnico, levanta algumas questões operacionais por causa das reuniões dos grupos de trabalho. Pese embora estes constrangimentos, este ano o comité decidiu seguir o modelo de conferência completo, com reuniões de grupos de trabalho, chamada para artigos e assembleia geral. Além desta intensa actividade, decidiu também pela realização de um evento, fora de Milão, que procurou explorar, de forma mais prática algumas das questões em debate na documentação de museus. Ambos os programas (conferência e workshop) podem ser consultados na página do CIDOC.
Este ano tive a oportunidade de apresentar, com a Renata Motta, coordenadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico (UPPM), da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, uma comunicação intitulada “Implementing Standards at Sao Paulo State Secretariat of Culture museums”. Nela procuramos mostrar o enorme trabalho de estudo e implementação de normas que a SEC-SP tem desenvolvido na última década, efectivado recentemente pela aquisição de um novo sistema de gestão de colecções para os museus que tutela, para o qual a utilização de diferentes normas (terminologias e procedimentos) tem sido um eixo de actuação central.
Além da nossa comunicação, como poderão ver no programa da conferência, foram apresentados trabalhos muito interessantes nas diferentes áreas da documentação museológica. Em breve darei nota mais detalhada sobre as diferentes sessões num texto que será publicado no boletim do ICOM Portugal. No entanto, quero aproveitar a ocasião para vos dizer que muito mais do que saber destas actividades por voz de terceiros, é fundamental que todos os que se interessem por esta (ou outras temáticas) participem nas conferências anuais dos diferentes comités. São momentos de partilha e aprendizagem fundamentais para todos os profissionais de museus.
Para melhor perceberem o que perderam aqui fica o que foi dito nas redes sociais com a #CIDOC2016.
Um agradecimento final
Antes de concluir este texto, não posso deixar de agradecer profundamente a todos quantos me felicitaram nos últimos tempos por telefone, mail, redes sociais, etc. pela minha eleição. É importante ter o vosso apoio, mas mais importante será conseguir que mais alguns possam participar activamente nos trabalhos que se desenvolvem no âmbito do comité. Para deixar apenas um exemplo da forma como podem participar, indico-vos o trabalho que está a ser desenvolvido pelo CIDOC na criação de uma Enciclopédia da Prática Museológica (Encyclopaedia of Museum Practice* no original) e que tem como objectivo reunir os termos e conceitos utilizados na nossa prática, apresentando as suas definições em diversas línguas. E sim… já temos lá o nosso Português e o Português do Brasil. Só faltam vocês a contribuir.
Acabou o ICOM 2016 e já se prepara o ICOM 2019 (será em Kyoto no Japão, por isso comecem a poupar).
* a ideia de criar esta Enciclopédia teve origem nesta importante, mas esquecida obra do ICOM Hungria e CIDOC.
por Alexandre Matos | Mai 5, 2016 | CIDOC, ICOM
Alexandre Matos – CIDOC Board Nomination
Alexandre Matos
I’ve submitted my CIDOC Board Nomination (as an ordinary member) for the 2016-2019 triennial. As you may know I’ve been an active member of CIDOC since 2004 and I’ve participated in several CIDOC annual conferences since then. I’ve learned a lot from CIDOC and with all the colleagues and friends that I’ve the opportunity to met in this important and relevant committee, and now I’ve the opportunity to give back with my effort and capacity to continue and, if possible, improve the work that all the prior board teams have done so far.
My intention with this nomination is to contribute, as far as I can, to promote the work of CIDOC and CIDOC working groups within the Portuguese spoken countries community in order to bring more colleagues from those countries to discuss the subjects and topics of museum documentation with other colleagues from other parts of the world. This seems to be a quite simple contribution but if we see the figures about the participation in CIDOC of colleagues from Cape Verde, Mozambique, Angola, Guiné, São Tomé e Príncipe and even from Portugal and Brasil we can easily see the benefits of promoting their participation for their museums, for CIDOC and, mainly, for museum documentation diversity. I think also that the committee can be more effective in the production and dissemination of comprehensive and free material about the standards, good practices, technical information, evaluation tools, etc. produced by the working groups that can help the museum community to improve the methodologies and tools used to produce and deliver better museum documentation and a better collections management ecosystem.
I also pretend to help the committee to create the necessary bridges that allow us to improve the collaboration with other ICOM National and International committees and with other international institutions that deal with similar issues in the archives and libraries sectors.
The prior boards have done a great amount of work and I think that the time to promote it has arrived, but we still need to focus our attention in the development of new tools, standards, good practices, ethical concerns, etc. that help us to improve museum documentation and to respond to the constant demands of the changing world that we live in.
I’ll be grateful if you choose to support my nomination and I’m excited to work with you all in the next three years. You can find my nomination statement here (PDF).
For information about the election process, please go to http://network.icom.museum/cidoc/home/news/cidoc-board-elections-2016/.
The voting process is carried out with a voting system that uses Google Docs. The elections is open until 31 May 2016. To vote please visit: https://docs.google.com/forms/d/1ILOKB4DEry7Ym9hndPysa0P9eQH3fKxF3GobF53jKFE/viewform?ts=57227dbf&edit_requested=true
I want to thank Gabriel Bevilacqua and Fernando Cabral for all the support in this nomination.
Alexandre Matos – Candidatura ao Board do CIDOC
Alexandre Matos
Enviei há dias a minha candidatura para Membro Ordinário da Direcção do CIDOC (Comité Internacional para a Documentação do ICOM) para o triénio 2016-2019.
Como devem saber sou um membro ativo do CIDOC desde 2004 e participei activamente em várias conferências anuais deste comité desde então, nas quais aprendi muito e conheci colegas e amigos que foram determinantes para a minha vida profissional e académica. Agora tenho a oportunidade de retribuir tudo o que recebi com o meu esforço e capacidade para continuar e, se possível, melhorar o trabalho que todas as direcções anteriores fizeram.
A minha intenção com esta candidatura é contribuir, tanto quanto puder, para promover o trabalho do comité e dos seus grupos de trabalho no âmbito da comunidade lusófona com o objectivo de envolver os colegas desses países na discussão alargada sobre as questões mais prementes na documentação museológica. Embora possa parecer uma contribuição bastante simples, ao olhar para os números de participação no CIDOC de colegas de Cabo Verde, Moçambique, Angola, Guiné, São Tomé e Príncipe, Macau, etc. e até mesmo de Portugal e Brasil, podemos facilmente verificar os benefícios que os museus desses países teriam ao envolver os seus profissionais em questões que são fundamentais para o desenvolvimento da área da documentação museológica e na repercussão dessa participação na documentação do património cultural da lusofonia.
A par desta pretensão, penso também que o comité pode e deve ser mais eficaz na produção e disseminação de material de apoio, de forma abrangente e gratuita, sobre normas, boas práticas, informações técnicas e ferramentas de avaliação produzidas pelos grupos de trabalho, com o objectivo de incentivar a sua utilização e permitir à comunidade museológica internacional implementar na prática os métodos e ferramentas para a produção da documentação sobre as colecções e garantir a criação de ecosistemas de gestão de colecções verdadeiramente eficazes.
Pretendo também ajudar a direcção do CIDOC a criar as pontes necessárias que permitam melhorar a colaboração com outros comitês nacionais e internacionais do ICOM e, a par, com outras instituições internacionais que lidam com questões semelhantes nos sectores dos arquivos e bibliotecas.
As direcções anteriores do CIDOC têm feito um grande trabalho e eu acho que o tempo para promovê-lo chegou, sem no entanto esquecer o desenvolvimento das ferramentas, normas, boas práticas, preocupações éticas, etc. que nos ajudam a melhorar os sistemas de gestão de informação sobre património cultural e responder às constantes exigências e mudanças do mundo em que vivemos.
Ficarei muito grato se optarem por apoiar a minha candidatura e estou empenhado em trabalhar com todos vocês no próximo triénio para bem do CIDOC, dos seus membros e da documentação museológica. Poderão também encontrar a minha declaração de candidatura aqui.
Para obter informações sobre o processo eleitoral, consulte este link.
O processo de votação é realizado através de um sistema de votação que utiliza o Google Docs. Se for membro do CIDOC poderá votar através deste link.
Não posso deixar de agradecer ao Fernando Cabral e ao Gabriel Bevilacqua todo o apoio e suporte no processo desta candidatura.
por Alexandre Matos | Abr 21, 2015 | CIDOC, Eventos
O ICOM Portugal e o Museu de Lisboa estão a organizar uma sessão de apresentação do Comité Internacional para a Documentação do ICOM, o CIDOC, que terá lugar no Museu de Lisboa – Palácio Pimenta (antigo Museu da Cidade para os mais distraídos), no próximo dia 22 de Maio. A apresentação ficará a cargo de Emmanuelle Delmas-Glass, membro da direcção do CIDOC e editora do seu boletim, e procurará, no pouco tempo disponível para o efeito, percorrer as principais linhas de actuação do CIDOC e o trabalho desenvolvido por este comité internacional desde 1950.
O CIDOC é um dos maiores e mais antigos comités internacionais do ICOM e, no plano da documentação e gestão de colecções, é um dos organismos internacionais incontornáveis no estudo e criação de documentos normativos para o sector museológico, sendo a norma ISO 21127:2006, ou mais familiarmente o CIDOC CRM (Conceptual Reference Model) um dos mais relevantes resultados do trabalho deste comité.
Esta apresentação do CIDOC pretende responder a um dos principais objectivos do ICOM Portugal para o actual triénio: a promoção da participação dos seus membros nos comités internacionais do ICOM. Por esse motivo contamos com a participação de todos os membros do ICOM Portugal interessados nas questões da documentação em museus. No entanto, a sessão estará aberta à participação de todos os interessados.
Poderão encontrar mais informação sobre a sessão no site do ICOM Portugal.
Uma breve nota biográfica de Emmanuelle Delmas-Glass está também disponível.
Programa: PDF
por Alexandre Matos | Mar 28, 2015 | CIDOC, SPECTRUM PT
I met Nick Poole few years ago in Athens. We were at a CIDOC conference (my first time at CIDOC) which turned out to be special because it defined some important professional and academic issues that were worrying me at that time.
Nick was there to present, as CEO of Collections Trust, the internationalisation project of SPECTRUM (the collections management standard that you’ve all downloaded here in Portuguese) that would transform what was an UK museum standard used by a great amount of museums and museum professionals around the world, in a true international community standard and a reference for museum collections documentation and management. I had the pleasure of meeting him at the Museum of Islamic Art of the Benaki Museum terrace, at one of the (fabulous) social activities organized by the conference organization (see photo), where we had a very pleasant conversation about museums, collections, Greece, the United Kingdom and Portugal, among many others subjects.
I ended up doing a doctorate about SPECTRUM for believing that this new openness by Collections Trust for the standard would allow it to become an excellent aid for organizing procedures in museums. I wasn’t wrong and since then I’ve always count, without exception, with Nick support to resolve questions, gather information about SPECTRUM or Collections Trust and MDA history and about many more things.
A few years later we had the opportunity to invite Nick as keynote speaker for the 8th Sistemas do Futuro User’s Meeting, when he also signed, in behalf of Collections Trust, the protocol with “Museu da Ciência da Universidade de Coimbra” that established the SPECTRUM license for the Portuguese territory. At that time, because of the flight delay we had the opportunity to talk in a late trip between Porto and Coimbra about almost everything, which gave me the opportunity to know the him better. Of course the beers in OpenCulture and caipirinhas in Brazil, where we also found, were also opportunities to know each other and realize the excellent professional and the great person Nick is.
Yesterday, when I read at the Collections Trust newsletter that Nick is leaving office as Collections Trust CEO to embrace a new (and important) professional challenge at CILIP, I felt a brief distress. I know that Collections Trust will manage this smoothly, but they will lost a key person in the institution recent years dynamics. By other hand I know that Nick leaves a stronger and healthier institution that will, for sure, continue the great work of these recent years (they have a lot of very good professionals over there).
Nick will embrace a new professional challenge and he will be certainly successful in it, but I couldn’t let this moment pass without sending a huge thank you to Nick for everything!
Hope to see you soon for a pint, ok Nick?
Conheci o Nick Poole há uns anos atrás em Atenas. Estávamos numa conferência do CIDOC, a minha primeira, que acabou por ser especial porque definiu alguns pontos importantes do que pretendia fazer a nível profissional e académico na altura.
O Nick estava lá para apresentar, como CEO da Collections Trust, o projecto de internacionalização da norma SPECTRUM (a norma de gestão de colecções que todos vocês já descarregarram aqui em PT), que transformaria aquilo que era um documento normativo inglês, utilizado por uma enorme quantidade de museus e profissionais de museus em todo mundo, numa verdadeira norma de comunidade e numa referência internacional para o trabalho de documentação e gestão de colecções em museus. Tive o prazer de o conhecer no topo do Museu de Arte Islâmica do Museu Benaki, numa das (fabulosas) actividades sociais (ver foto) organizadas pela organização da conferência, onde tivemos uma muito agradável conversa sobre museus, colecções, a Grécia, o Reino Unido e Portugal, entre muitas outras coisas.
Acabei por fazer o doutoramento sobre o SPECTRUM por acreditar que esta nova abertura da Collections Trust relativamente a esta norma permitiria que ela viesse a tornar-se um excelente auxílio para a organização de procedimentos nos museus. Não estava enganado e desde então contei sempre, sem qualquer excepção com o apoio do Nick para resolver dúvidas, obter informações sobre o SPECTRUM ou sobre a Collections Trust e para muitas mais coisas.
Uns anos mais tarde tivemos a oportunidade de o convidar para “keynote speaker” do 8º Encontro de utilizadores da Sistemas do Futuro, altura em que decorreu também a assinatura do protocolo entre a Collections Trust e o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, onde ficou estabelecido o licenciamento para o território português da norma. Nessa altura, fruto do atraso do seu voo, tivemos a oportunidade de conversar numa calma viagem entre Porto e Coimbra sobre tudo e mais alguma coisa, o que me deu a oportunidade de conhecer melhor a pessoa, o gajo porreiro. Claro que as cervejas nas OpenCulture e as caipirinhas no Brasil, onde nos encontramos também, foram também oportunidade de nos irmos conhecendo e de perceber o excelente profissional e a excelente pessoa que o Nick é.
Ontem fiquei a saber, quando li com atenção a newsletter da Collections Trust, que o Nick irá deixar de ser CEO da Collections Trust para abraçar um novo (e importante) desafio profissional no CILIP. Sei que a Collections Trust ficará bem entregue (têm uma excelente equipa por lá), embora tenha perdido uma pessoa chave na sua dinâmica dos últimos anos e sei também que o novo desafio profissional será bem sucedido certamente, mas não podia deixar passar este momento sem mandar um enorme obrigado para o Nick por tudo!
Espero ver-te um dia destes para um copo, ok meu caro?
por Alexandre Matos | Fev 4, 2015 | CIDOC, Colecções, Documentação, Normalização, SPECTRUM PT
Na discussão sobre documentação de museus e na construção dos sistemas de informação que a suportam é comum surgir, a determinado momento e principalmente nos colegas menos experimentados nesta área, a questão da enorme profusão de normas existentes (sempre comparando com bibliotecas e arquivos, ainda que de forma errada) para este trabalho específico nos museus. Em algumas conferências do CIDOC tive sempre, directa ou indirectamente, de discutir este assunto com novos colegas e em 2008, em Atenas, fui eu que me interroguei porque é que esta gente tem um apetite voraz pela criação de normas. É realmente um abuso, mas tem explicações lógicas (históricas e científicas) que não vou aqui escalpelizar, mas que denotam a evolução histórica da documentação em museus (e das ciências e técnicas que a coadjuvam) e a importância dada pela comunidade anglo-saxónica a esta matéria, em relação a outras comunidades científicas e profissionais.
Esta profusão de normas, que muitas vezes colidem na procura de solução para o mesmo problema, não é um grande problema para o sector, quando as conhecemos e conhecemos o seu âmbito, mas obriga a mais trabalho na procura da que serve os nossos interesses ou na realização de “mapeamentos” entre duas (ou mais) normas, um trabalho que tem sido feito ao longo dos anos e que pode ser, no caso do CIDOC CRM, consultado com detalhe aqui.
Apesar desta situação há um consenso generalizado, sustentado por anos de prática nos museus e pelos seus profissionais, sobre a relevância do CIDOC CRM (uma norma que procura definir uma estrutura formal e as definições que possibilitam a descrição das relações e conceitos, implícitos e explícitos, na documentação do património cultural) e da SPECTRUM (uma norma que define procedimentos e estrutura de documentação para a gestão das colecções e da sua documentação) para esta área. São duas normas cada vez mais adoptadas e estudadas e têm dado provas da sua fiabilidade através de excelentes resultados na documentação de colecções por elas suportadas. Eu serei suspeito para falar sobre o assunto, mas numa rápida pesquisa por SPECTRUM ou por CIDOC CRM no google permitirá que tirem vocês as conclusões sobre a importância da duas.
Hoje, ou melhor ontem, recebemos a (excelente) notícia da criação de uma extensão para o SPECTRUM no CIDOC CRM através de uma comunicado do CIDOC que pode ser lido na íntrega aqui. Para muitos de vocês o assunto poderá ser aborrecido, mas eu acho que este será um importante marco na história da documentação do património cultural que trará, a breve prazo, enorme benefícios para as colecções, para os profissionais de museus, para os museus e acima de tudo para as audiências/públicos dos museus.
Queria destacar aqui as declarações (que podem ler no comunicado) de Stephen Stead, Dominic Oldman (CIDOC CRM) e Nick Poole (Collections Trust) sobre este importante acordo.
This agreement opens the door for a new focus on the importance of cultural heritage documentation. Many documentation strategies still focus on internal processes and traditional catalogue information, but new digital audiences require a different approach and different types of knowledge generated by museum experts and researchers. Moving to the CIDOC CRM knowledge representation system will provide the SPECTRUM community with a way of connecting museum experts with wider digital audiences and strengthening the relevance of museum knowledge in our society.
Stephen Stead e Dominic Oldman
The agreement between the Collections Trust and the CIDOC CRM SIG represents a major step forward in harnessing the power of technology to open up cultural heritage for new audiences. Building on nearly 20 years of standardisation and professionalization in Collections Management, uniting these two initiatives will help unlock the richness and value in heritage collections for generations to come. I welcome this development and look forward to a successful collaboration.
Nick Poole
Aqui está uma boa notícia e perspectivas de mais trabalho pela frente.
© Imagem: daqui.