by Alexandre Matos | Fev 26, 2014 | Documentação, Museus, SPECTRUM PT
No meu dicionário a definição de cidade foi corrigida desde que aterrei em S. Paulo. A cidade é enorme, gigante mesmo. Uma escala que sai do que nos habituamos aqui em Portugal, mas que é compreensível, porque na realidade o Brasil é mais continente do que país e só a grande S. Paulo tem 17 milhões de habitantes, ou seja, mais 7 milhões do que esta velhinha nação europeia. Como todas as cidades grandes tem problemas à sua escala que nos são passados assim que contamos a algum amigo que vamos de viagem para lá, no entanto, e estando ciente desses problemas, garanto-vos que vale muito a pena conhecer São Paulo, muito mesmo!
Eu costumo dizer aos amigos que tenho sorte quando viajo. À excepção de uma estadia meio esquisita em Ceuta, sempre que viajei tive a oportunidade de conhecer locais e pessoas fabulosos. São Paulo não foi excepção. Não é uma cidade como o Rio de Janeiro, com uma beleza natural que nos faz acreditar em Deus, ou uma cidade como Londres, mais organizada, segura e de carácter europeu (com tudo de bom e mau que isso acarreta), mas é uma cidade cosmopolita, com vários pontos de interesse turístico (consegui ir a 4 museus, já lá vamos), com uma vida cultural muito interessante e carregada, sorte minha talvez, com gente do mais simpático e hospitaleiro que existe. Sim, meus caros, o paulista é simpático e sabe acolher!
São Paulo é um espelho enorme do que é actualmente o Brasil. Uma cidade cheia de potencial, em pleno desenvolvimento, com tudo para dar certo, e com tudo para dar errado também, com charme e com miséria, com alegria e com tristeza, com riqueza e pobreza, em que se acredita fielmente ou se condena à partida. O vídeo que encontrei noutro dia no Público retrata bem essa situação, aliás a série de reportagens que o Público tem vindo a publicar é um excelente trabalho de jornalismo, na minha opinião, e consegue reflectir bem o Brasil actual. O país onde a expressão mais usada é “se é assim agora, imagina na copa!” que reflecte a enorme preocupação do seu povo com o actual estado da sociedade e do Estado, reflectida num conjunto de manifestações de que temos conhecimento pelas notícias.
Eu estive lá a trabalho, tal como muitas das pessoas que vão lá. São Paulo é uma cidade de trabalho, como nos dizem diferentes taxistas (um meio de transporte usual e, da minha experiência, muito seguro ao contrário do que me pareceu no Rio de Janeiro quando lá estive) e como transparece da azáfama da cidade e das pessoas no dia a dia, no entanto, não faltam motivos para a visitarmos sem ser a trabalho. Museus, parques, centros culturais, locais de compras, o Mercadão, a Livraria Cultura (meu Deus, a livraria Cultura), restaurantes (pizzarias e churrascarias aos montes), padarias (portuguesas como manda a boa tradição), animação nocturna (que não aproveitei como devia), entre muitas outras coisas que não temos tempo de explorar em apenas uma semana.
Como seria de esperar centrei-me mais nos museus. Levava na lista de indispensáveis a Pinacoteca do Estado de S. Paulo e o Museu da Língua Portuguesa, duas referências e dois desejos antigos para visitar com alguma calma, mas consegui visitar ainda a exposição do David Bowie (sim a que é organizada pelo V&A) que está no Museu da Imagem e do Som e tive a oportunidade de ir à inauguração de uma exposição no Museu AfroBrasil (só deu para conhecer a belíssima arquitectura e as salas onde estava a exposição) que fica no não menos belo Parque do Ibirapuera (aqui e aqui informações sobre o Parque). Uma das coisas engraçadas que aprendi com paulistas meus amigos é que os museus são tratados em diminutivos, normalmente a sigla, ou seja fui à Pina, ao Afro e ao MIS (o Museu da Língua não me recordo de ter diminutivo).
A primeira visita foi ao MIS e à exposição do Bowie, assim recomendava a leitura do caderno de cultura da Folha de S. Paulo por causa da fila que normalmente se forma todas as manhãs para comprar bilhetes. Cheguei uma hora antes da abertura do museu, não porque sou um rapaz precavido, mas porque a hora mudou em S. Paulo no dia em que cheguei e embora eu pensasse que eram 11 da manhã, o relógio oficial do museu marcava umas gloriosas 10 (até nisto tive sorte). Uma hora de diferença que fez com que fosse o segundo da fila, atrás de um simpático médico de Belo Horizonte com quem tive uma boa conversa sobre o Brasil e sobre viagens. A exposição do Bowie é absolutamente fantástica (sou completamente imparcial na análise, porque sou fã desde adolescente). Um percurso coerente e bem montado sobre a sua vida, a música, os filmes, as parcerias, o estilo, a irreverência, etc. com recurso a tecnologia bem agradável e funcional que nos permitia ter som diferenciado (nos auscultadores que nos eram entregues na entrada) conforme o local onde nos posicionávamos no percurso ou mesmo numa determinada sala. Como aspectos negativos posso apontar apenas dois: a proibição de fotografar em toda a exposição (um assunto que discutimos aqui em Portugal ainda há pouco tempo) e o posicionamento de alguns elementos da exposição (dois bancos) que causaram quedas de dois visitantes, porque não estavam bem sinalizados e a exposição é, no MIS pelo menos, bastante escura.
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Assim que saí do MIS fui para a Pinacoteca. Recomendaram-me almoçar por lá, na cafetaria, e sabia que se me despachasse ainda conseguiria ver o Museu da Língua Portuguesa (basta atravessar a rua). A cafetaria, já agora, é muito agradável, tem uma parte ao ar livre com vista para o bonito Jardim da Luz (um nome que fica bem em qualquer lugar se formos benfiquistas) e com boa escolha em comida e bebida. A Pinacoteca é tudo o que eu estava à espera. Um museu centrado nas colecções de arte brasileira (pintura, escultura, desenho, etc) com boas condições, onde se conta de forma cronológica uma parte importante da história artística (e do ensino artístico) no Brasil demonstrando as influências externas e a especificidade da arte brasileira que resulta da sua própria cultura e contextos. Duas notas finais apenas para mencionar a contínua preocupação da Pina no desenvolvimento da sua colecção, de forma a representar a arte no Brasil (julgo que vai até à actualidade) e uma interessante exposição sobre a história da Pinacoteca que nos permite (pelo menos a visitantes menos informados como eu) ter um contexto interessante na posterior visita às galerias.
Num salto cheguei ao Museu da Língua Portuguesa, um museu muito conhecido por cá, se bem se recordam foi notícia em todo o lado quando inaugurou e trata, de forma bem interessante, o maior património que temos em comum com o Brasil, o Português. Naquele sábado a entrada foi gratuita, mas não sei se é comum ser assim todos os sábados (já sei sou um sortudo… até porque me esqueci do cartão do ICOM) ou se tratou de uma excepção. A juntar a esse facto tive a oportunidade de ver a exposição sobre o grande Cazuza (descrita aqui) e consegui, no mesmo dia, ouvir e ver a obra de dois grandes nomes da música, Bowie e Cazuza, claro! O museu fica numa antiga estação ferroviária (ainda em utilização pelo que percebi) que foi brilhantemente transformada para receber uma excelente exposição sobre a nossa língua na qual está ilustrada (bem) a sua origem e história até aos nossos dias, com destaque para as diferenças e aproximações entre os países que a usam. O enorme videowall do segundo piso é uma excelente amostra do que a tecnologia consegue fazer pela comunicação nos museus.
A seguinte visita a um museu aconteceu na sexta-feira seguinte, após uma semana de trabalho intenso e profícuo com as(os) amigas(os) que compõem a excelente equipa da Expomus. Fui ao Museu AfroBrasil, mas apenas para a inauguração da exposição “ENTRE DOIS MUNDOS – Arte Contemporânea Japão-Brasil” (a comunidade japonesa em S. Paulo é imensa). Uma visita breve que não permitiu ver o Museu no seu todo e que foi interrompida por um bom motivo: o jantar com amigos que estão a trabalhar connosco no projecto de tradução e adaptação do SPECTRUM no Brasil (sim… que o mundo não é só visitar museus, é também a sua documentação e o convívio que ela proporciona). 🙂
No último dia, antes do martírio que são as viagens de avião de longo curso (o pior das viagens), tive a oportunidade de ir à Livraria Cultura (uma Meca para quem gosta de livros), na Avenida Paulista, e, graças à generosidade de um casal amigo, de conhecer o Mercadão (Mercado Municipal de São Paulo) e de comer uma sande divinal de mortadela e queijo.
No meio de tudo isto, e de muito mais, esqueci-me que estava numa das cidades mais perigosas da América do Sul, esqueci-me que há assaltos a toda a hora em S. Paulo, esqueci-me de todos os avisos que nos dão antes destas viagens e aproveitei para conhecer o que pude.
Não posso deixar de agradecer aqui, por toda a simpatia com que me receberam e acompanharam, à Alessandra (muito obrigado por tudo, viu!), Bia, Renato, Roberta, Lia, Ana Maria, Maria Ignez e toda a equipa da Expomus, bem como às Julianas (as 3), ao Gabriel e ao André. Quando cá vierem espero corresponder à altura!
by Alexandre Matos | Ago 7, 2013 | Documentação, Normalização, SPECTRUM PT
Para os meus amigos que possam estar interessados em ouvir-me sobre o SPECTRUM, apresentarei um webinar* (ver restante programa de webinars da BAD aqui) no dia 19 de Novembro, das 21:30 às 22:30, onde procurarei explicar melhor a norma e a sua implementação na gestão dos museus e das suas colecções. A seguir fica o resumo do webinar e aqui um PDF com mais informações.
A documentação em museus obedece a um conjunto de normas internacionais que se dividem habitualmente em 4 grandes áreas: Estrutura de dados, Procedimentos, Terminologia e Normas Técnicas (intercâmbio de informação, interoperabilidade de sistemas, etc.). Estas normas são, na sua maioria, discutidas e criadas por instituições internacionais, como o CIDOC, comité internacional para a documentação em Museus do ICOM (Conselho Internacional de Museus), no entanto, outras instituições, como a Museum Documentation Association (MDA) do Reino Unido têm desempenhado um papel fundamental na criação e difusão de normas que se tornam uma referência internacional. É o caso do SPECTRUM, a norma inglesa para a gestão de coleções de museus, agora gerida pela Collections Trust que serve de suporte às boas práticas de documentação em diversos países por todo o mundo e que servirá de base para a reflexão e discussão que se pretende gerar neste webinar.
* Para saberem mais sobre este interessante meio de formação da BAD e para se inscreverem (neste ou outros webinars) visitem http://www.apbad.pt/webinars2013.
© Imagem: BAD
by Alexandre Matos | Jun 19, 2013 | Debate, Documentação, Normalização
MCG.001, 817GF-01, 2001.012, SF.010, P.004, 17726, FCR.1.ESC01, MMA.P.RES.001 e podia continuar todo o dia a escrever aqui exemplos de números de inventário usados nos museus portugueses, mas penso que as hipóteses apresentadas serão suficientes para que compreendam onde quero chegar: não há uma norma, uma só forma de o construir e, muito menos, uma forma de o construir de maneira a que o número de inventário nos diga tudo sobre determinado objecto. E mais: isso não constitui, ou não deveria constituir, qualquer problema para o museu e para o seu sistema de informação!
Vem este post a propósito da crescente quantidade de discussões e reflexões que tenho vindo a assistir nos museus sobre a forma de construção do número de inventário que, na minha opinião, são (dizendo de uma maneira bruta) um desperdício de tempo e recursos! Passo a explicar.
Historicamente o número de inventário servia, nos sistemas de fichas manuais, para identificar os objectos de forma rápida, tal como as cotas, assunto e CDU nas bibliotecas, sem termos que tirar a própria ficha do seu local para perceber de que tipo de objecto se tratava. Este tipo de constrangimento fazia com que o número de inventário tivesse quase sempre a referência (numa letra, número, etc.) da tipologia do objecto, da colecção a que o mesmo pertence, do sítio arqueológico de onde provinha, do autor, do ano de incorporação, entre outro tipos de informação que auxiliavam os conservadores na organização desse tipo de ficheiros. Muitos de nós encontramos objectos nas colecções dos museus com este tipo de referência, basta consultar uma colecção online. Estes constrangimentos desaparecem totalmente com a introdução dos sistemas informatizados de gestão de colecções. Vejamos porquê.
Um importante ponto prévio nesta discussão: o número de inventário deve ser tão permanente quanto possível! Não defendo qualquer actualização do número de inventário que não seja bem fundamentada e ainda melhor documentada!
O número de inventário poderia (e devia para evitar perdas de tempo a discutir este tema) ser actualmente um número automático incrementado pelo sistema de gestão das colecções, não fosse a necessidade de manutenção de números de inventário pré-existentes! Ninguém quer, como é óbvio, remarcar os objectos, criar sistemas de remissão que permitam identificar os números de inventário de determinados objectos que foram já publicados em catálogos ou outro tipo de publicações de referência. Assim sendo os campos que comportam este tipo de informação são, obrigatoriamente, campos de texto, com poucas possibilidades de controlo (a impossibilidade de repetição do mesmo número é controlável, por exemplo). Sendo campos de texto permitem a introdução de diferentes formatos de “códigos” com números, letras e outros caracteres como pontos, hífens, barras, etc. Esta possibilidade é o que está, na minha opinião, na origem de todas as discussões e reflexões que atrás falei. Conhecendo-a os museus passam a discutir o formato dos seus números e a pensar se os mesmos devem incluir o ano da incorporação, uma letra que identifique a colecção, o código de identificação do sítio de onde provêem, etc., etc., etc., quando deveriam estar minimizar os problemas de identificação dos objectos, a definir o manual de procedimentos, plano de documentação ou políticas de gestão de colecções, por exemplo.
A discussão do número de inventário deve resumir-se apenas à discussão sobre manutenção de numeração pré-existente (havendo argumentos fortes para a possibilidade de a alterar) e na constituição de um número que responda a necessidades específicas da instituição ou de organização, como por exemplo a gestão de diversas colecções no mesmo sistema informático (caso frequente nas autarquias), onde a inclusão da sigla do museu se torna absolutamente necessária para não haver repetição de números. A partir daí é começar no 1 e acabar onde tiver que ser!
A inclusão de referência à colecção, ao sítio, à localização, ao autor, etc. no número de inventário complica a vida em objectos que pertencem a duas colecções (ou a nenhuma, por exemplo), que não têm referência do local de proveniência, que alteram constantemente as suas localizações, cujo autor seja fruto de uma atribuição errada, etc. Incluir códigos nos números de inventário é o caminho mais fácil para complicar uma tarefa que, por si só, tem outros pontos onde a reflexão e discussão é mais necessária!
Um movimento nacional contra a complicação do número de inventário é o que precisamos! Em todo o caso venham de lá as vossas opiniões sobre o assunto.
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© Imagem: K. Hennessy, 2009. Disponível aqui.
PS: já agora aproveito para vos deixar uma pequena provocação: quantos vezes pesquisaram por um número de inventário numa colecção on-line de um museu?
by Alexandre Matos | Jun 13, 2013 | CIDOC, Cursos, Documentação, ICOM
Um post de alerta (um pouco tardio, desculpem-me) para a continuação do excelente programa de formação que o CIDOC tem vindo a organizar, em parceria com o Museu da Texas Tech University, sobre documentação de museus e que agora dá continuidade através de uma parceria com a Secretaria da Cultura do Estado de S. Paulo, o Museu da Imigração, a Pinacoteca de S. Paulo e o Centro Universitário de Belas Artes de S. Paulo, com a realização do Programa de Treinamento ICOM – CIDOC dedicado ao tema “Documentação Museológica, Princípios e Prática”, o qual se irá realizar em São Paulo de 4 a 9 de Agosto.
Toda a informação sobre esta escola de verão pode ser encontrada aqui.
Sobre o curso aqui fica a introdução em destaque no wedsite atrás referenciado:
O CIDOC, Comitê Internacional de Documentação do ICOM, em parceria com o Museu da Texas Tech University, desenvolveu um programa inovador de seminários de formação em Documentação Museológica. Agora, pela primeira vez, em colaboração com a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, o Museu da Imigração, a Pinacoteca do Estado eo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, este programa de formação terá lugar no Brasil
Direcionado tanto para profissionais experientes da área de Museus como principiantes, o programa reunirá especialistas consagrados – membros do CIDOC, professores universitários, especialistas de instituições brasileiras – e profissionais da documentação em busca de orientações e treinamento. O programa de formação do CIDOC, tradicionalmente nomeado “escola de verão” acontece anualmente em diferentes localidades e as aulas são ministradas em um dos três principais idiomas do ICOM (inglês, francês e espanhol). A edição brasileira do Programa de Treinamento em Documentação Museológica do ICOM-CIDOC terá aulas em português e inglês, com tradução simultânea.
Assim como em suas versões anteriores, o programa de formação do CIDOC será abrangente e acessível. Os cursos são planejados como uma série de módulos inter-relacionados, facilitando aos participantes à possibilidade de adaptar o currículo às suas necessidades individuais e interesses particulares. Serão oferecidos cursos tanto de níveis avançados quanto básicos, contemplados com um certificado em caso de realização completa das disciplinas básicas do curso.
CIDOC trabalha em estreita colaboração com outras organizações profissionais para garantir que o programa responde a questões emergentes na prática da documentação no mundo real.
by Alexandre Matos | Mai 22, 2013 | Colecções, Documentação, Normalização, SPECTRUM PT
Nos próximos dias termina um ciclo de quase 5 anos em que me bati por um projecto que julgo poder vir a ser fundamental para os museus portugueses e seus profissionais na área da documentação e gestão de colecções. Será apresentada em Coimbra, no Encontro de Utilizadores da Sistemas do Futuro, no âmbito da cerimónia pública de assinatura da SPECTRUM International License Agreement entre a Collections Trust e o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, a página do projecto SPECTRUM PT.
A ideia de traduzir para português e adaptar esta norma ao contexto legal português nasceu com a minha participação na Conferência Anual do CIDOC de 2008, em Atenas, onde conheci o Nick Poole e o Gordon McKeena, membros da Collections Trust, que foram os responsáveis por um workshop sobre a internacionalização do SPECTRUM. Procuravam parceiros a nível internacional para traduzir e adaptar o SPECTRUM a outras realidades e, dessa forma, obter um contributo de escala mundial no desenvolvimento da norma. A ideia cativou-me desde logo e mantive o contacto com os dois responsáveis até conseguir arranjar uma instituição portuguesa interessada no projecto.
Em 2011 o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra manifestou o seu interesse pelo projecto e acordou a assinar, com a Collections Trust, a licença internacional que o torna a instituição responsável pela tradução para português e pela adaptação e promoção da norma no âmbito do território português.
Com esta assinatura, só possível graças à vontade manifestada pelos responsáveis do Museu da Ciência (Prof. Doutor Paulo Gama Mota e Prof. Doutor Pedro Casaleiro), a quem desde já agradeço o interesse no projecto, foi possível criar as condições para realizar, com o apoio da Sistemas do Futuro, a primeira tradução portuguesa do SPECTRUM (versão bruta traduzida por empresa de tradução), depois revista por diferentes profissionais de museus e por mim, a qual foi apresentada como anexo no âmbito do doutoramento em Museologia que apresentei à Faculdade de Letras da Universidade do Porto e cujas provas públicas aconteceram no passado dia 18 de Fevereiro.
O SPECTRUM PT, designação do projecto de agora em diante, inicia agora uma segunda fase. Uma fase que ainda não disponibilizará ao público a versão portuguesa da norma, conforme estava inicialmente previsto, dado o interesse manifestado por algumas instituições brasileiras ter levado as entidades participantes no projecto a decidir por um adiamento da publicação da norma, de forma a possibilitar a inclusão daqueles novos parceiros e a publicação da norma, em Portugal e no Brasil simultaneamente, nas condições que serão anunciadas no encontro referido.
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Como compreenderão é um momento feliz para mim e por isso não posso deixar de agradecer aqui a todas as pessoas e instituições que tornaram possível a sua concretização:
Collections Trust
Museu da Ciência da Universidade de Coimbra
Sistemas do Futuro
Nick Poole
Gordon McKenna
Alex Dawson
Susanna Hillhouse
Prof. Doutor Paulo Gama Mota
Prof. Doutor Pedro Casaleiro
Prof. Doutor Rui Centeno
Fernando Cabral
Equipa do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra
Agradeço também ao Gabriel Bevilacqua Moore pelo interesse e entusiasmo com que aderiu ao projecto e às instituições brasileiras que agora fazem parte deste projecto: a Secretaria de Cultura do Estado de S. Paulo, a Pinacoteca do Estado de S. Paulo e o Museu da Imigração do Estado de S. Paulo.
Por fim não quero deixar de agradecer também a todos os colegas e amigos que ajudaram na tradução e revisão do SPECTRUM. Foram inexcedíveis no apoio e essenciais para a tradução da norma.
A todos um grande obrigado por terem aderido e tornado possível o SPECTRUM PT. Será certamente um marco importante no panorama da gestão e documentação de colecções dos museus portugueses e brasileiros e de outros países da lusofonia que se interessem pela utilização da norma. Espero que possam aderir em massa à utilização desta norma, afinal o projecto só terá o sucesso que os museus e os seus profissionais lhe permitirem.
Alteração: menção da 2ª editora da versão 4.0 do SPECTRUM.
by Alexandre Matos | Fev 6, 2013 | Documentação, Eventos, Investigação, Publicações
Terá lugar amanhã, pelas 18:30h, no Auditório Lagoa Henriques da Faculdade de Belas Artes de Lisboa – Largo da Academia de Belas Artes, a apresentação pelo Prof. Doutor Fernando António Baptista Pereira do livro Museus Militares do Exército: um modelo de gestão em rede, da autoria do Ten. Coronel Francisco Amado Rodrigues e da Dr.ª Mariana Jacob Teixeira, colegas e amigos, que introduz uma visão muito clara, objectiva e estratégica sobre a gestão do património museológico do exército português. O livro é editado pelas Edições Colibri e teve o apoio, entre outras entidades, da Sistemas do Futuro.
Esta publicação é fruto do trabalho de investigação do Francisco e da Mariana nas respectivas dissertações de mestrado e reúne um conjunto de dados sobre a gestão dos museus militares e, também, da gestão e documentação do seu espólio, que serão, certamente, úteis a todos os que se interessam e estudam estas duas áreas da museologia. Tendo acompanhado, no âmbito do projecto de documentação dos museus do exército, uma parte da investigação dos autores, sei que teremos a partir de amanhã mais um importante documento para auxiliar o desenvolvimento da museologia portuguesa.
Ao Francisco e à Mariana, na impossibilidade de estar presente amanhã em Lisboa, quero deixar aqui expressos os meus parabéns pela publicação do vosso trabalho que, mais do que um prémio para vocês, é um prémio para nós que a partir de agora poderemos consultar e utilizar os resultados da vossa importante investigação.
Sobre o Livro
Com a edição deste texto, pretende-se revelar e partilhar, essencialmente à comunidade museal, a estrutura organizacional legal, os recursos e os processos utilizados pelos Museus Militares do Exército Português, como um contributo para a definição de um modelo de gestão. Este, à semelhança de outros modelos, possui pontos fortes e também pontos fracos, mas pretende-se configurá-lo numa boa via para se alcançar a desejada qualidade da actividade museológica militar e em rede integrada, constituída internamente por uma entidade ordenadora e coordenadora, seis Museus Militares e cerca de meia centena de Coleções Militares Visitáveis. Através das Tecnologias de Informação e Comunicação, será possível desenvolver a rede no plano nacional e internacional.
Francisco Amado Rodrigues
A segunda parte da presente obra (…) pretende contribuir para a reflexão sobre o conceito de museu militar e as especificidades que os diferenciam das demais instituições museológicas, nomeadamente ao nível dos seus processos de criação à luz do envolvente contexto europeu e das formas de colecionar presentes nos seus acervos. A partir de seis contextos – o Museu Militar dos Açores, o Museu Militar de Bragança, o Museu Militar de Elvas, o Museu Militar de Lisboa, o Museu Militar da Madeira e o Museu Militar do Porto, é feito o diagnóstico das formas de gestão e documentação das coleções e apontadas pistas para o desenvolvimento de uma gestão do acervo conduzida de forma integrada, ética e sustentável.
Mariana Jacob Teixeira
Sobre os autores
Francisco Amado Rodrigues – Lourenço Marques, agosto de 1964
Tenente-Coronel de Cavalaria/Exército.
Mestre em Museologia e Museografia, pela Universidade de Lisboa/Faculdade de Belas Artes. Licenciado em História pela Universidade Aberta. Licenciado em Ciências Militares, pela Academia Militar. Esteve colocado na Escola Prática de Cavalaria, onde exerceu, nos vários postos, diversas funções de comando, direção e chefia. Foi Diretor da Revista da Cavalaria e Professor na Academia Militar. Atualmente desempenha as funções de Chefe de Repartição de Património da Direção de História e Cultura Militar/Exército.
Mariana Jacob Teixeira – Porto, março de 1982
Ex-militar, arqueóloga e museóloga.
Licenciada em Arqueologia. Mestre em Museologia, tendo desenvolvido trabalho de projeto sobre a natureza e gestão das coleções de museus militares. Entre 2000/2007, colaborou em projetos de investigação de sítios arqueológicos. Entre 2006/11, integrou a equipa do Museu Militar do Porto, com funções da área do estudo e comunicação das coleções, conservação preventiva e serviços educativos. Desde 2011, é coordenadora científica do projeto do Museu de Sapadores Bombeiros do Porto. Participou na produção executiva da investigação do projeto Edifícios e Vestígios. Projeto-ensaio sobre espaços pós-industriais no âmbito de Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura.