by Alexandre Matos | Fev 6, 2013 | Documentação, Eventos, Investigação, Publicações
Terá lugar amanhã, pelas 18:30h, no Auditório Lagoa Henriques da Faculdade de Belas Artes de Lisboa – Largo da Academia de Belas Artes, a apresentação pelo Prof. Doutor Fernando António Baptista Pereira do livro Museus Militares do Exército: um modelo de gestão em rede, da autoria do Ten. Coronel Francisco Amado Rodrigues e da Dr.ª Mariana Jacob Teixeira, colegas e amigos, que introduz uma visão muito clara, objectiva e estratégica sobre a gestão do património museológico do exército português. O livro é editado pelas Edições Colibri e teve o apoio, entre outras entidades, da Sistemas do Futuro.
Esta publicação é fruto do trabalho de investigação do Francisco e da Mariana nas respectivas dissertações de mestrado e reúne um conjunto de dados sobre a gestão dos museus militares e, também, da gestão e documentação do seu espólio, que serão, certamente, úteis a todos os que se interessam e estudam estas duas áreas da museologia. Tendo acompanhado, no âmbito do projecto de documentação dos museus do exército, uma parte da investigação dos autores, sei que teremos a partir de amanhã mais um importante documento para auxiliar o desenvolvimento da museologia portuguesa.
Ao Francisco e à Mariana, na impossibilidade de estar presente amanhã em Lisboa, quero deixar aqui expressos os meus parabéns pela publicação do vosso trabalho que, mais do que um prémio para vocês, é um prémio para nós que a partir de agora poderemos consultar e utilizar os resultados da vossa importante investigação.
Sobre o Livro
Com a edição deste texto, pretende-se revelar e partilhar, essencialmente à comunidade museal, a estrutura organizacional legal, os recursos e os processos utilizados pelos Museus Militares do Exército Português, como um contributo para a definição de um modelo de gestão. Este, à semelhança de outros modelos, possui pontos fortes e também pontos fracos, mas pretende-se configurá-lo numa boa via para se alcançar a desejada qualidade da actividade museológica militar e em rede integrada, constituída internamente por uma entidade ordenadora e coordenadora, seis Museus Militares e cerca de meia centena de Coleções Militares Visitáveis. Através das Tecnologias de Informação e Comunicação, será possível desenvolver a rede no plano nacional e internacional.
Francisco Amado Rodrigues
A segunda parte da presente obra (…) pretende contribuir para a reflexão sobre o conceito de museu militar e as especificidades que os diferenciam das demais instituições museológicas, nomeadamente ao nível dos seus processos de criação à luz do envolvente contexto europeu e das formas de colecionar presentes nos seus acervos. A partir de seis contextos – o Museu Militar dos Açores, o Museu Militar de Bragança, o Museu Militar de Elvas, o Museu Militar de Lisboa, o Museu Militar da Madeira e o Museu Militar do Porto, é feito o diagnóstico das formas de gestão e documentação das coleções e apontadas pistas para o desenvolvimento de uma gestão do acervo conduzida de forma integrada, ética e sustentável.
Mariana Jacob Teixeira
Sobre os autores
Francisco Amado Rodrigues – Lourenço Marques, agosto de 1964
Tenente-Coronel de Cavalaria/Exército.
Mestre em Museologia e Museografia, pela Universidade de Lisboa/Faculdade de Belas Artes. Licenciado em História pela Universidade Aberta. Licenciado em Ciências Militares, pela Academia Militar. Esteve colocado na Escola Prática de Cavalaria, onde exerceu, nos vários postos, diversas funções de comando, direção e chefia. Foi Diretor da Revista da Cavalaria e Professor na Academia Militar. Atualmente desempenha as funções de Chefe de Repartição de Património da Direção de História e Cultura Militar/Exército.
Mariana Jacob Teixeira – Porto, março de 1982
Ex-militar, arqueóloga e museóloga.
Licenciada em Arqueologia. Mestre em Museologia, tendo desenvolvido trabalho de projeto sobre a natureza e gestão das coleções de museus militares. Entre 2000/2007, colaborou em projetos de investigação de sítios arqueológicos. Entre 2006/11, integrou a equipa do Museu Militar do Porto, com funções da área do estudo e comunicação das coleções, conservação preventiva e serviços educativos. Desde 2011, é coordenadora científica do projeto do Museu de Sapadores Bombeiros do Porto. Participou na produção executiva da investigação do projeto Edifícios e Vestígios. Projeto-ensaio sobre espaços pós-industriais no âmbito de Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura.
by Alexandre Matos | Jan 17, 2013 | Blogs, Documentação
Não, meus caros amigos, não estamos perante um erro meu a mencionar a lendária série de Mr. Spock e do amigo Cap. James T. Kirk, a Star Trek, nem sequer estamos perante uma nova sequela da mesma. Estamos antes perante uma excelente iniciativa de Angela Kipp, Fernando Almarza Risquez e Mathew C. Leininger, autores do site Registrar Trek: The Next Generation que se assume como um projecto para quebrar as barreiras de língua e conectar os registrars de todo o mundo. Em português um bom nome para o projecto seria: “registrars” de todo o mundo uni-vos!, no entanto, precisaríamos de uma palavra para substituir o anglicanismo (eu sei que “documentalista” poderia ser usada, mas há algo inexplicável nesta palavra que me faz não gostar dela… provavelmente o abuso do “ista” na área política).
Sobre o projecto, Angela Kipp deixa-nos as seguintes linhas na introdução do site:
It occured to us, that language is a crucial barrier for professional development. Many are excluded from important information because interesting publications are only available in – let’s say – English. We found this to be true in many, many aspects of the museum world. So we started this blog.
The idea is to share articles about registrars, collections, cataloguing, documenting and so on in as many languages as possible. We start with our own articles and we can provide at this moment Spanish, German and English. We highly appreciate everyone who is willing to contribute by translating or writing.
We work this way: each one of us translates his / her article in English and the other one makes suggestions improving the English and then translates the article into his native language. Given this process it might well be that there are parts that can be translated more accurate. So feel free to drop us a line if you speak two languages well and discover that we goofed up something.
The basic thought is the free flow of information to and from other languages. We do this out of conviction and affection to the work in museums. We appreciate everybody who likes to support us (and maybe translate one or the other article into another language?).
A ideia é bastante interessante não vos parece? Até porque os autores são “registrars” com experiência em museus ou professores desta matéria em cursos de museologia e têm a visão de diferentes países e continentes sobre os problemas, metodologias, recursos, etc. que se colocam na documentação e gestão das colecções nos museus. Aliás se lerem o artigo “The Critical Registrar” de Fernando Almarza Risquez perceberão o que quero dizer e o que ganhamos com a tradução deste tipo de textos para uma língua que nos seja mais próxima.
A very interesting and captivating project. Congrats Angela, Fernando and Mathew. Best regards from Portugal.
PS: não posso deixar de referir que o projecto já tem uma voluntária para a tradução dos textos para Português, a Liliana Rego, conforme podem ver nos comentários da introdução do projecto que citei anteriormente.
by Alexandre Matos | Jan 11, 2013 | Debate, Documentação
Uma das questões mais comuns nas discussões sobre documentação e desenvolvimento das colecções de museus prende-se com a inclusão de livros e outros documentos (a fotografia é um clássico nesta matéria) no acervo (ou seja a sua incorporação na colecção do museu) de diversas instituições. Esta semana apenas conversei com dois ou três colegas que me colocaram perante esta dúvida: “tenho uma colecção de documentos (livros, fotografias, etc) como devo fazer para os inventariar e documentar? Fazem parte da colecção? Entram como objectos no sistema de informação, ou devem ser registados nas tarefas relativas à documentação associada à colecção?”
A resposta não é simples. No entendimento mais comum o lugar de um livro é na biblioteca, de um documento (gráfico, fotográfico, cartográfico, etc.) é no arquivo, um e outro tratados de acordo com as normas e regras de documentação das respectivas áreas, no entanto, em alguns casos, um livro ou documento poderá também ser considerado um objecto de museu. Pela sua raridade, pela história específica que encerra, por uma marca que o torne singular entre os demais, pela forma como chega até nós, por ter sido pertença de uma entidade específica, entre outros e diversos motivos os documentos e livros podem e devem, na minha opinião, ser considerados no desenvolvimento das colecções dos museus.
Há alguns textos sobre esta matéria que nos podem mostrar diferentes perspectivas, o de Paul Goldman (não o tenho em digital) e este do National Park Service, são dois exemplos. Até vos poderia apontar para o Museo del Libro em Burgos. Mas o que motiva este post é colocar a questão aos meus leitores: que motivos presidem à decisão de classificar um livro ou documento como um objecto de museu? E após a incorporação que procedimentos adoptam na sua documentação?
by Alexandre Matos | Out 19, 2012 | Conferências, Digitalização, Documentação, Normalização
Ontem foi dia de apresentação do GT-SIM no congresso da BAD. Confesso que estava à espera de menos audiência porque a concorrência de outros painéis, muito interessantes como poderão ver no programa, era forte e o tema em discussão, os sistemas de informação em museus, não tem estado no centro da atenção da BAD até muito recentemente.
Eu, a Luísa Alvim, a Teresa Campos, a Leonor Antunes e o Diogo Gaspar fizemos diferentes comunicações sobre o tema (das quais um ponto comum que quero aqui salientar se prende com a integração dos sistemas – Arquivos, Bibliotecas e Museus) e o debate foi também participado, embora se tivesse centrado muito (demasiado na minha opinião) na questão da digitalização e nas diferentes perspectivas que cada um de nós tem sobre este conceito. Ficaram por discutir importantes assuntos, como a importância dos arquivos enquanto colecções de museus, levantado pelo Diogo Gaspar, a normalização, o investimento e avaliação neste sector, a participação através das ferramentas tecnológicas de todos no processo de documentação, etc. No entanto, foi a primeira vez que se organizou este painel na BAD (segundo sei… espero não estar a cometer nenhuma injustiça) e não nos faltarão, estou certo, oportunidades de debater estas e outras questões.
Aproveito para vos deixar com uma foto que me tiraram (não conheço o(a) autor(a) que é paradigmática do meu discurso (chato eu sei) desde há alguns anos até agora. Vejam lá se fiquei bem com a normalização ali ao lado!

PS: a foto é uma partilha da Conceição Serôdio no FB. Obrigado Conceição pela organização e pela foto.
by Alexandre Matos | Jul 4, 2012 | Digitalização, Documentação, Normalização
Sistema de Referência e Indexação de Azulejo produzido ou aplicado em Portugal, em permanente actualização. Permite registar e confrontar dados relativos a imóveis, espaços, revestimentos, autorias, referências bibliográficas e documentais, imagens, etc., organizando-se em cinco grandes áreas: In situ, Autores, Padrões,Iconografia, Bibliografia.
Foi ontem apresentado publicamente um projecto que conheço já há algum tempo e que resulta de um importante trabalho da Rede Temática em estudos de azulejaria e cerâmica, que homenageia o Prof. Santos Simões, em parceria com o Museu Nacional do Azulejo e apoiado pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, pelo Instituto de História de Arte da mesma Universidade e, também, pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Neste trabalho pretende-se, conforme descrito na apresentação do projecto, “oferecer à comunidade científica e às instituições uma ferramenta de catalogação de padrões, ou seja, um instrumento de controlo e normalização terminológica para a área da azulejaria e, em especial, para a área da padronagem, que se estrutura numa base de dados alargada, a ser disponibilizada online.” Um projecto que tem tanto de ambicioso, conhecendo eu um pouco da diversidade de exemplares existentes, como de necessário para os profissionais que se confrontam diariamente com o inventário e classificação do património em Portugal.
Não podia deixar de passar este momento sem expressar aqui os meus parabéns a toda a equipa do projecto, em especial à Rosário Carvalho, pelo excelente resultado que conseguiram nesta iniciativa e pelo excelente e cuidado projecto de investigação que planearam e executaram com tanto esforço. Um obrigado enorme pela importante ferramenta de trabalham que agora disponibilizam.
Por fim, e deixando de lado a modéstia, quero também dar os meus parabéns à excelente equipa com quem tenho o privilégio de trabalhar há alguns anos. O trabalho que a Sistemas do Futuro realizou neste projecto, não sendo a sua parte mais importante, é uma mais valia enorme para o projecto.
Gostava sinceramente de saber a vossa opinião sobre o AZ Infinitum. Alguém se pronuncia?
by Alexandre Matos | Jun 6, 2012 | Debate, Documentação, Normalização
Num sentido amplo, os serviços de documentação e inventário dos museus difundem informação e viabilizam o conhecimento dos bens culturais, a sua interpretação e apropriação por parte dos públicos. Desempenham um papel de interface específico e relevante com a comunidade, desde os estudantes e os docentes até aos especialistas e investigadores, passando pelos curiosos e amantes do conhecimento. A relevância que os sistemas de informação assumem no Museu, enquanto função museológica fundamental, espelha-se na interação com a investigação, a conservação, as exposições e a educação patrimonial, uma vez que integram o próprio conceito de Museu, definido na Lei-Quadro dos Museus Portugueses.
São estas as palavras com que Conceição Serôdio introduz o Grupo de Trabalho Sistemas de Informação em Museus que recentemente foi aprovado pela Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas e que pretende constituir-se como uma “plataforma de diálogo entre os profissionais de informação que trabalham nomeadamente em museus, palácios e monumentos” que pretendam assumir-se como “interlocutores das tutelas no domínio do património e desenvolver iniciativas de valorização profissional, de intercâmbio e de parcerias, promovendo a pluridisciplinaridade e a produção do conhecimento em museus” e instituições similares.
Esta iniciativa da BAD, associação com uma história consolidada e experiência única nas matérias tratadas pela ciência da Informação, será certamente aproveitada pelos profissionais de museus que todos os dias se dedicam a essa enorme (e por vezes complicada) tarefa que é a documentação e gestão das colecções guardadas nos museus. Esta parte importante do trabalho desenvolvido nos museus não é a mais visível para o público, e para as tutelas ou investidores já agora, mas dela depende em grande parte o sucesso das restantes tarefas museais. Não me parece que um museu possa conservar, expor, divulgar ou comunicar as suas colecções sem as conhecer previamente, certo? No entanto, este trabalho ocupa tempo, recursos humanos e financeiros e raras vezes tem sido (pelas mais diversas razões) visto como uma prioridade. Assim, não posso deixar de louvar esta iniciativa e de tentar contribuir com a minha experiência para ajudar o Grupo a atingir os objectivos a que se propõe.
Uma vez mais nas palavras da Conceição, no grupo que entretanto foi criado no Facebook, ficam aqui expressos os objectivos (ambiciosos, devo dizer) propostos:
- Constituir-se como uma plataforma de dinamização do diálogo e articulação entre todos os profissionais que trabalham em museus e outros espaços patrimoniais (monumentos, palácios, sítios);
- Promover o levantamento nacional dos recursos existentes nas áreas da informação, documentação e reservas em museus, de modo a desenhar um quadro global desta realidade, das suas potencialidades e debilidades;
- Desenvolver iniciativas de valorização profissional, nomeadamente encontros nacionais, sectoriais e ações de formação;
- Constituir-se como interlocutor das direções dos museus e das tutelas da área do património no que diz respeito à gestão da informação e à sua importância estratégica na vida dos espaços museológicos, da sua relação com as comunidades e com a produção e divulgação do conhecimento produzido no Museu.
Destaco, pela pertinência que tal trabalho terá, o levantamento nacional dos recursos existentes nas áreas de informação, documentação e reservas dos museus, porque é o primeiro passo (o mais acertado) para que se possam definir linhas estratégicas de actuação e criar propostas que possam contribuir para que possamos apresentar nesta área resultados mais animadores dos que se têm verificado até ao momento.
Por fim, importa também destacar que este interesse da APBAD pela área da documentação em museus permitirá também um intercâmbio acentuado de experiência e aprendizagem entre os profissionais da informação de distintas instituições (Museus, Bibliotecas e Arquivos) que em muito beneficiará o património cultural português.
Em especial à Conceição Serôdio, à Fernanda Serrano e ao Rui Ferreira da Silva aqui fica expresso o meu agradecimento por esta iniciativa.
Aproveito ainda para dizer a todos os interessados que se poderão inscrever no Grupo de Trabalho através do formulário disponível no site da APBAD e que o grupo terá a sua primeira reunião em Lisboa, dia 19 de Junho, às 18:00, na sede da BAD em Lisboa, a qual poderá ser seguida através de vídeo conferência. Para mais informações consultem o Grupo no Facebook.