by Alexandre Matos | Mai 9, 2013 | APOM, Museus
A APOM e o município de Oeiras, através do Museu da Fábrica da Pólvora Negra, organizam uma mesa redonda, no âmbito do programa Museologia Oeiras 2013 dedicada ao tema da gestão dos museus na actualidade no próximo dia 25 de Maio, das 15h às 18h, no Museu da Pólvora Negra na Fábrica da Pólvora de Barcarena.
A participação é gratuita, mas exige a inscrição conforme poderão ver no cartaz do programa.

by Alexandre Matos | Mai 3, 2013 | 18 de Maio, Eventos, Museus
Este ano temos Dia Internacional de Museus e Noite dos Museus a 18 de Maio dedicados ao tema da Mudança Social e do papel que os museus podem assumir para a mudança da sociedade através da utilização criativa da herança cultural que têm a responsabilidade de guardar e divulgar.
O 18 de Maio é sempre uma oportunidade para se visitar (ainda que seja a única vez que o fazem no ano) um museu e este ano são várias as iniciativas e poucas as desculpas para não rumarmos todos a um museu perto de casa. Abaixo o PDF da DGPC com diversas iniciativas de museus de todo o país.
Programa 18 de Maio
by Alexandre Matos | Mai 2, 2013 | Colecções, Museus, Normalização
A decisão de escolher um sistema de gestão de colecções (SGC) para um museu é, na minha opinião, um momento de enorme importância para instituições desta natureza pelas implicações que o investimento necessário nesta área acarreta.
Imaginem que um museu qualquer consegue colocar no seu orçamento a verba necessária para a aquisição (uma situação difícil para os museus portugueses nos dias que correm) de um SGC. A partir desse momento acontece normalmente o seguinte: a) o museu (se for um museu de tutela pública) abre um concurso e as empresas concorrentes apresentam as suas melhores propostas, ganhando normalmente a que melhor preço apresenta; b) o museu não está obrigado às regras públicas de contratação e escolhe o SGC por concurso, convite, pesquisa de mercado, etc. de acordo com o que entende ser a ferramenta mais apropriada às suas necessidades; c) escolhe uma empresa que desenvolva um SGC específico e paga a sua criação. Esta última opção, embora ainda existente tal como a opção de desenvolvimento interno com base em recursos próprios da instituição, vai sendo, felizmente, mais rara.
Se reflectirmos um pouco sobre o assunto, percebemos que este é um processo que se centra na premissa, errada no meu ponto de vista, de que os SGC são per si a solução (milagrosa) para essa tarefa primária e fundamental, commumente deixada para segundo plano, do inventário e gestão das colecções museológicas. Ou seja, o museu compra um SGC e tudo fica resolvido no que diz respeito ao aproveitamento do enorme potencial do património guardado nos museus.
O que nos coloca de novo no momento em que o museu tem, finalmente!, cabimento no orçamento para adquirir a ferramenta e é deveria confrontar-se com aquela que eu considero a questão fundamental no processo: o que o museu pretende alcançar com o inventário, documentação ou gestão das suas colecções? Ou, para ser mais explícito, quais os objectivos do projecto de documentação, que recursos (logísticos, financeiros e humanos) a instituição dispõe para o projecto a médio e longo prazo, quais os prazos necessários e possíveis para atingir esses objectivos, para que fins (educação, informação, acessibilidade, conservação, etc.) servirá o trabalho de documentação e gestão das colecções. A escolha do SGC deve ser feita após o museu conseguir responder a estas e outras questões.
Não quero com isto dizer que não haja museus em Portugal não pensam sobre estas questões. Há alguns que o fazem. Serralves, por exemplo, preparou a escolha do seu SGC com base no Collections Management Software Review – Criteria Checklist da CHIN (Canadian Information Heritage Network) e os responsáveis do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra falaram sobre os fundamentos da sua escolha num artigo publicado (página 1589) nas actas do Congresso Luso-Brasileiro da História das Ciências. Haverá certamente outros exemplos, no entanto, julgo não estar a ser injusto ao afirmar que esta reflexão (e a prática consequente) não é comum nos museus portugueses.
Poderia estar aqui a elencar, baseado no conhecimento que vou tendo da realidade portuguesa nesta área, algumas das causas desta questão, no entanto, prefiro apontar o caminho trilhado pelo Council of Museums and Galleries de Edinburgh, no processo de substituição do seu SGC antigo, no qual recorreu a um inquérito feito através da internet, dirigido a profissionais de museus e instituições museológicas, cujos relatório final está agora disponível on-line. Um verdadeiro “must read” para quem está neste momento no processo de escolha.
Na leitura deste relatório é imprescindível o ponto 5 (sem excluir qualquer dos pontos dele dependentes), onde se aborda a importância do SPECTRUM e das normas, tal como se refere por diversas vezes a necessidade do controlo terminológico, e os pontos chave referidos na conclusão do relatório obtidos com este estudo preparatório:
Escala da operação – definição de objectivos a médio e longo prazo, projectando no futuro o que poderá trazer a utilização de um SGC;
Sustentabilidade – prever a realização a longo prazo de um projecto desta natureza, tendo em conta os recursos que o mesmo acarreta em termos financeiros, logísticos e humanos;
Trabalho prévio do museu é essencial – a preparação do museu e da sua equipa para iniciar um projecto de inventário, documentação e gestão das colecções é fundamental. Seja na revisão da informação, na sua importação para um novo sistema, na forma como o sistema será usado, na escolha das funcionalidades necessárias ou na capacitação e motivação necessária em todas as áreas do museu em que o SGC venha a ser utilizado.
É um trabalho e uma abordagem interessante perante esta matéria, não vos parece? Acham ainda que se pode escolher um SGC com base apenas no seu preço? Fica aqui aberta a questão…
© imagem: daqui.
by Alexandre Matos | Abr 10, 2013 | Museus
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E agora um descubra as diferenças!


by Alexandre Matos | Mar 26, 2013 | Cultura, Debate, Museus
A crise tem um impacto negativo em tudo o que nos rodeia.
Verdade absoluta? Ou haverá algo (tudo) nesta frase que pode ser rechaçado? Num dia como o de hoje, invernoso e chuvoso, em que a meteorologia nos aponta para avisos amarelos, parece ser impossível alterar o estado actual da crise em que os museus vivem, no entanto, a crise é, de acordo com a definição da palavra, um momento, uma conjuntura, não é definitiva, passará algum dia e por isso, mesmo num dia invernoso como este, eu mantenho o optimismo e o pensamento no futuro, ciente que temos a capacidade de ultrapassar a crise em que os museus, a cultura, o país e a Europa estão mergulhados.
No entanto, será que alguém pensa no que fazer para sair da crise e para evitar crises futuras? Alguém saberá como faremos para sair e evitar que entremos noutra crise? O que os museus farão para se instituírem definitivamente como elemento fundamental da cidadania e da sociedade em que se inserem? O que devemos então fazer?
Comecei a escrever estas palavras motivado pela informação sobre a realização de mais um Encontro Nacional Museologia e Autarquias, organizado em S. Brás de Alportel, pela Câmara local e pelo MINOM, sob o mote “Viver na crise e melhorar os museus” e que pretende “centrar-se sobre as estratégias delineadas ou aquelas que os museus já estão implementando no terreno; lançar o debate sobre «smart» museologia; compreender, simplificar e construir recursos tecnológicos próprios, como a expografia digital; e lançar e definir o projeto de ação museal «Olhares sobre Crise na sociedade portuguesa», aberto a todos os museus sensíveis a estas problemáticas.” Comecei a escrever, porque pensei para mim que finalmente os museus começavam a debater o problema e congratulei-me por isso. Hoje fico a saber que a Câmara Municipal de Vila do Conde, através do Museu de Vila do Conde, promoverá no próximo dia 22 de Abril a 1.ª Jornada de Trabalho em Museologia dedicada ao tema da Gestão Museológica e Sustentabilidade de Museus (centrada na forma como os museus encaram os novos desafios e nos estudos dos públicos) e que o Expresso, juntamente com o BES, pretendem conhecer “O que faz falta aos museus portugueses?“* com um “debate em prol da valorização do património museológico nacional” onde participaram o Secretário de Estado da Cultura, o director do MNAA (António Filipe Pimentel), o sub-director do Reyna Sofia (João Fernandes) e ainda Tolentino Mendonça, moderado pelo director do Expresso (Ricardo Costa), sobre o qual ficaremos a conhecer mais na próxima edição do Expresso.
A situação é grave e por isso mesmo exige de nós maior atenção e uma reflexão que resulte em medidas práticas ou, pelo menos, que possa influenciar a decisão de as tomar. Ficam aqui os meus parabéns a estas iniciativas (e a outras do mesmo género que ainda não conheça) e aos seus responsáveis.
* Sobre esta iniciativa, que é de louvar, gostaria apenas de dizer que ficou a faltar ao debate alguém de um museu de tutela ou dimensão diferente.
by Alexandre Matos | Jan 4, 2013 | Debate, Museus
É muito comum para mim revisitar museus com alguma frequência. Normalmente faço-o em visitas profissionais, ao “backstage” dos museus, nas quais sou frequentemente convidado a espreitar a parte pública acompanhado por um técnico ou pelo responsável da casa. Regalias da profissão que não me canso de agradecer. Menos comum é estar tanto tempo sem revisitar um museu, especialmente se for um museu de que gosto. Foi o que me aconteceu em relação ao Museu dos Coches.
A primeira vez que o visitei, como penso ter acontecido com a maioria das pessoas da minha geração, foi em contexto de visita de estudo. Coches, Jerónimos, Museu da Marinha, Museu Nacional de Arqueologia e Museu de Etnologia foram o percurso dessa visita, por volta de 1989, se a memória não me atraiçoa. Uns anos mais tarde, depois do curso de História, visitei-o com uns amigos. Uma segunda visita que me permitiu usufruir do museu com outra curiosidade e interesse. E depois, ao longo dos anos, voltei ao museu algumas vezes, por motivos profissionais ou pessoais, mas que raramente permitiram uma visita descontraída à exposição. Na semana passada consegui fazê-lo e pela primeira vez com a minha tropa atrás, ou seja, com a família.
Um pequeno ponto antes de falar sobre esta visita: não consigo compreender quem justifica a não ida a um museu com o carácter permanente das exposições dos museus. Eu descubro sempre algo de novo (e quando digo novo não quero necessariamente dizer bom), mas será sorte minha. Terei mais azar, certamente, num centro comercial.
A chegada ao Museu dos Coches não é propriamente a mais esplendorosa que existe ali em Belém, no entanto, eu aprecio muito o Jardim Afonso de Albuquerque e o próprio Palácio que embora não tenham a imponência dos Jerónimos, CCB, Praça do Império ou do Jardim de Belém, são monumentos que me agradam pessoalmente. A recepção do museu também não é o espaço mais acolhedor que esperaria de um museu com o elevado número de visitantes que normalmente este têm. Aliás, para um pai que conduzia um carrinho de bebé foi possível verificar um bom número de barreiras arquitectónicas. No entanto, a conversa inicial com o funcionário que estava na recepção responsável pela bilheteira, fez-nos esquecer as portas difíceis de abrir. “Os museus são as pessoas” e também as que lá trabalham, não é?
A exposição não me trouxe propriamente algo de novo, mas devo dizer que visitar o museu com os meus filhos e ter que lhes (principalmente ao mais velho) explicar um pouco sobre o que estávamos a ver se revelou um bom desafio. Não sei se estive à altura, mas a avaliar pela admiração e gozo com que viram os coches e os retratos expostos nas tribunas (o carrinho de bebé ficou estacionado perto da recepção) penso que não demos o tempo como perdido, julgo que foi um bom investimento.
O que ganhei de novo nesta visita ao museu foi ter conhecido e experimentado a aplicação “Coaches”, desenvolvida pela Exciting Space, que junta um guia de visita multimédia com um jogo de perguntas que nos vai permitindo acompanhar a visita aprendendo um pouco mais sobre a colecção e nos permite levar um pouco do museu para casa (uma boa ideia). Também ganhei algumas novas fotos do museu (galeria abaixo).
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Vista geral do Picadeiro Real
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O Coche dos Oceanos
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Pormenor
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Os buracos de balas do Regicídio
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Um pouco de modernidade
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Outra vez… fabuloso!
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Visto de cima
À saída do museu, confrontado com o novo museu que emerge em frente, dei comigo a pensar “será que o Museu dos Coches continuará a ser o mesmo depois de passar para ali?” A colecção não corre riscos de perder o seu brilho e estatuto de uma das melhores, senão mesmo a melhor, do mundo (embora precise de um importante investimento para a sua conservação), mas e a envolvência? O que será feito com o Picadeiro Real depois de o museu passar para as novas instalações? Voltará à sua antiga função? Terá uma ligação (eu acho que a devia manter) com o museu? Confesso que não tenho qualquer informação sobre este assunto, mas tenho a certeza que a próxima visita ao novo museu perderá uma grande parte do seu encanto.