Conversas de Muzé: o Alexandre e a Zé conversam sobre museus como se estivessem num café.
O Alexandre e a Zé trabalham na área dos museus e da gestão da informação de património cultural e falam ambos pelos cotovelos. Estas conversas são a gravação do que costumam fazer sempre que se encontram: partilha de pensamentos, histórias, reflexões e disparates sobre a gestão de informação. Prometem ser enciclopédicos, cobrindo vários temas de A(lexandre) a Z(é), na esperança de serem ligeiramente relevantes para quem os ouve e trabalha no fantástico mundo da informação e documentação de bens culturais.
Episódio piloto
Escolhemos para começar aquilo por onde começamos sempre na documentação de qualquer coleção: o número de inventário ou, como ele prefere ser chamado, o identificador único. O que é, para o que é que serve e, sobretudo, para o que é que não serve.
Falamos das formas como identificamos inequivocamente objetos de informação, conforme os define a ISO 5127:2017, e contamos algumas histórias sobre as formas como o número de inventário é usado em diferentes instituições de memória.
Nas “Sugestões do Chefe” destacamos, muito atabalhoadamente, a Europeana. E estamos atabalhoados porque gravamos o episódio piloto a.C. (antes do Covid) e esta secção já foi gravada d.C… Prometemos ser mais profissionais no próximo episódio. Se o houver!
Conhecemo-nos há muitos anos atrás, em Guimarães num encontro sobre Normalização (que mais podia ter sido!?), e tivemos primeiro uma relação profissional que evoluiu, ao longo deste tempo, para uma excelente amizade. A Zé, que em tempos já foi a Maria José com direito a tratamento formal, é uma das boas amigas que a profissão me trouxe e com quem tenho as conversas mais mirabolantes sobre museus, informação, documentação e demais assuntos relacionados.
A amizade solidificou-se num projecto para a criação do Manual de Procedimentos do Sistema de Informação de Cascais onde trabalhamos, juntamente com a equipa dos museus, durante um ano e meio, discutindo a forma como os museus iriam utilizar o sistema de informação. Como podem imaginar, foi um trabalho que gerou diversas discussões interessantes e muito diversificadas, mas que resultou num documento exemplar, ainda hoje utilizado como referência por muitos museus que iniciam este trabalho. A partir daí a Zé deixou de ser a Maria José e até hoje mantemos esta boa amizade que é carregada da minha admiração profissional e pessoal por ela.
Há uns tempos, numa das nossas conversas, pensamos em gravar um podcast. Sim um podcast, imaginem lá. E não um podcast qualquer, um podcast sobre documentação, gestão de informação, normas, etc. nas áreas dos BAM (sim é isso… a sigla que a Zé cunhou na minha cabeça, Bibliotecas, Arquivos e Museus). O resultado é este episódio piloto que agora vos deixo aqui no Mouseion (pelo menos, por agora, ficará aqui) das Conversas de Muzé! Um podcast em que os temas vão de A a Z, ou seja, do Alexandre à Zé, e que esperamos seja do agrado dos amigos e colegas de profissão.
Prometemos, caso a coisa ultrapasse as 100 audições, que seguiremos para um primeiro episódio (à séria), um segundo e quem sabe um terceiro. Se a coisa correr mesmo bem, quem sabe se não nos aventuramos a ter convidados e tudo. Se correr mais do que bem, o céu é o limite e já nos vejo a negociar com um canal de TV qualquer a emissão em prime time.
As conversas de Muzé estão também disponíveis nas seguintes plataformas.
I’ve submitted my CIDOC Board Nomination (as an ordinary member) for the 2016-2019 triennial. As you may know I’ve been an active member of CIDOC since 2004 and I’ve participated in several CIDOC annual conferences since then. I’ve learned a lot from CIDOC and with all the colleagues and friends that I’ve the opportunity to met in this important and relevant committee, and now I’ve the opportunity to give back with my effort and capacity to continue and, if possible, improve the work that all the prior board teams have done so far.
My intention with this nomination is to contribute, as far as I can, to promote the work of CIDOC and CIDOC working groups within the Portuguese spoken countries community in order to bring more colleagues from those countries to discuss the subjects and topics of museum documentation with other colleagues from other parts of the world. This seems to be a quite simple contribution but if we see the figures about the participation in CIDOC of colleagues from Cape Verde, Mozambique, Angola, Guiné, São Tomé e Príncipe and even from Portugal and Brasil we can easily see the benefits of promoting their participation for their museums, for CIDOC and, mainly, for museum documentation diversity. I think also that the committee can be more effective in the production and dissemination of comprehensive and free material about the standards, good practices, technical information, evaluation tools, etc. produced by the working groups that can help the museum community to improve the methodologies and tools used to produce and deliver better museum documentation and a better collections management ecosystem.
I also pretend to help the committee to create the necessary bridges that allow us to improve the collaboration with other ICOM National and International committees and with other international institutions that deal with similar issues in the archives and libraries sectors.
The prior boards have done a great amount of work and I think that the time to promote it has arrived, but we still need to focus our attention in the development of new tools, standards, good practices, ethical concerns, etc. that help us to improve museum documentation and to respond to the constant demands of the changing world that we live in.
I’ll be grateful if you choose to support my nomination and I’m excited to work with you all in the next three years. You can find my nomination statementhere (PDF).
I want to thank Gabriel Bevilacqua and Fernando Cabral for all the support in this nomination.
Alexandre Matos – Candidatura ao Board do CIDOC
Alexandre Matos
Enviei há dias a minha candidatura para Membro Ordinário da Direcção do CIDOC (Comité Internacional para a Documentação do ICOM) para o triénio 2016-2019.
Como devem saber sou um membro ativo do CIDOC desde 2004 e participei activamente em várias conferências anuais deste comité desde então, nas quais aprendi muito e conheci colegas e amigos que foram determinantes para a minha vida profissional e académica. Agora tenho a oportunidade de retribuir tudo o que recebi com o meu esforço e capacidade para continuar e, se possível, melhorar o trabalho que todas as direcções anteriores fizeram.
A minha intenção com esta candidatura é contribuir, tanto quanto puder, para promover o trabalho do comité e dos seus grupos de trabalho no âmbito da comunidade lusófona com o objectivo de envolver os colegas desses países na discussão alargada sobre as questões mais prementes na documentação museológica. Embora possa parecer uma contribuição bastante simples, ao olhar para os números de participação no CIDOC de colegas de Cabo Verde, Moçambique, Angola, Guiné, São Tomé e Príncipe, Macau, etc. e até mesmo de Portugal e Brasil, podemos facilmente verificar os benefícios que os museus desses países teriam ao envolver os seus profissionais em questões que são fundamentais para o desenvolvimento da área da documentação museológica e na repercussão dessa participação na documentação do património cultural da lusofonia.
A par desta pretensão, penso também que o comité pode e deve ser mais eficaz na produção e disseminação de material de apoio, de forma abrangente e gratuita, sobre normas, boas práticas, informações técnicas e ferramentas de avaliação produzidas pelos grupos de trabalho, com o objectivo de incentivar a sua utilização e permitir à comunidade museológica internacional implementar na prática os métodos e ferramentas para a produção da documentação sobre as colecções e garantir a criação de ecosistemas de gestão de colecções verdadeiramente eficazes.
Pretendo também ajudar a direcção do CIDOC a criar as pontes necessárias que permitam melhorar a colaboração com outros comitês nacionais e internacionais do ICOM e, a par, com outras instituições internacionais que lidam com questões semelhantes nos sectores dos arquivos e bibliotecas.
As direcções anteriores do CIDOC têm feito um grande trabalho e eu acho que o tempo para promovê-lo chegou, sem no entanto esquecer o desenvolvimento das ferramentas, normas, boas práticas, preocupações éticas, etc. que nos ajudam a melhorar os sistemas de gestão de informação sobre património cultural e responder às constantes exigências e mudanças do mundo em que vivemos.
Ficarei muito grato se optarem por apoiar a minha candidatura e estou empenhado em trabalhar com todos vocês no próximo triénio para bem do CIDOC, dos seus membros e da documentação museológica. Poderão também encontrar a minha declaração de candidaturaaqui.
Para obter informações sobre o processo eleitoral, consulte este link.
O processo de votação é realizado através de um sistema de votação que utiliza o Google Docs. Se for membro do CIDOC poderá votar através deste link.
Não posso deixar de agradecer ao Fernando Cabral e ao Gabriel Bevilacqua todo o apoio e suporte no processo desta candidatura.
Recordo hoje o dia em que iniciei, embora sem ter a noção disso na altura, o percurso do doutoramento que acabei em 2013. Estava na conferência do CIDOC em Atenas, em 2008, pouco tempo depois de acabar o mestrado, a ouvir o Nick Poole e o Gordon McKenna a falar sobre o projecto de internacionalização da norma SPECTRUM e pensei com os meus botões: isto é que era uma coisa interessante para fazer no teu doutoramento, Alexandre (sim… eu falo comigo mesmo…)! Quando voltei muita gente teve de aturar o entusiasmo. A família, o patrão, os colegas de trabalho, o orientador, os professores, os amigos e colegas dos museus, julgo que até os vizinhos tiveram que ouvir falar do projecto. Era algo simples. Traduzir uma norma boa, testar essa norma com um caso prático num bom museu e conciliar tudo isto com a aplicabilidade da norma nas ferramentas de gestão de colecções da Sistemas do Futuro. De 2009 a 2013 todas aquelas pessoas tiveram que lidar comigo a braços com o trabalho de investigação, sobreviver e, acima de tudo, ajudar-me a sobreviver. Já lhes agradeci e ficarei para sempre grato a todos, mas hoje é dia de renovar esse agradecimento porque recebi o Prémio APOM na Categoria Estudo sobre Museologia exactamente pela tese de doutoramento “SPECTRUM: Uma norma de gestão para os museus portugueses“.
Este trabalho pretendeu, desde o início, ser um contributo importante para a gestão e documentação das colecções dos nossos museus e acabou por proporcionar uma parceria excelente entre museus e profissionais de Portugal e Brasil que se concretiza no projecto SPECTRUM PT onde todos poderão encontrar, descarregar e, mais importante, utilizar a SPECTRUM PT como norma para o trabalho diário nos museus.
Apesar de já ter mencionado o agradecimento que fiz aqui no Mouseion, não posso deixar de agradecer (ou voltar a agradecer) à APOM, com um enorme abraço a todos os seus responsáveis, pelo honroso prémio que me foi atribuído hoje (irei guardar esta prenda de natal e o meu reconhecimento a todos vós para sempre), à Sistemas do Futuro, ao Fernando Cabral e a todos os museus colegas e amigos de trabalho que tornaram este trabalho possível, ao Museu da Ciência da Universidade de Coimbra por ter acreditado neste projecto (com um abraço enorme aos seus responsáveis e a toda a equipa), ao Prof. Rui Centeno que me orientou verdadeiramente, à Faculdade de Letras e a todos os colegas e amigos dos museus, à minha família e amigos e, acima de tudo, à Sandra, ao João e à Inês a quem dedico por inteiro este prémio.
Um enorme abraço a todos deste vosso, para sempre grato, amigo!