Almada, museu e a criançada

Almada, museu e a criançada

No fim de semana passado tive um inesperado, mas muito bom, pedido da minha filha mais nova. Queria ir ao museu, a um museu! Sem que tivesse saído da nossa cabeça qualquer sugestão! Excelente, não é? Ora como um pedido destes não se recusa, toca de escolher o museu para pegar na criançada e passar um bom tempo de qualidade com eles!

A escolha recaiu no Museu Nacional Soares dos Reis. Já todos lá fomos (e temos muitos por perto que eles não conhecem), mas estava de olho na exposição “José de Almada Negreiros: desenho em movimento” e, além disso, estes hábitos de repetição de museus são bons para a criançada. Ficam mais próximos com toda a certeza! Vou contar-vos a experiência em três actos: antes, durante e depois!

O antes

 

A ida ao MNSR foi decidida com uma consulta na web (onde vi a informação sobre a exposição), mas se não fosse o Facebook do MNSR e a informação da Gulbenkian, não tinha encontrado nada no site do Museu (onde aliás fui direccionado para o FB do mesmo). Em todo o caso, várias notícias falavam sobre a exposição na breve pesquisa que fiz. Apenas deixo esta nota, porque vejo que o site precisa de acompanhar o enorme esforço de comunicação que o museu faz.

Decidido o museu, caminho percorrido de carro, ultrapassadas as dificuldades de estacionamento naquela zona da cidade (mesmo ao domingo é um castigo) com o recurso a um parque pago, somos confrontados com um problema crónico para o MNSR, a “praça” em frente ao museu é tudo menos amigável para quem ali chega! Se bem se recordam, a intervenção feita ali, com a saída do túnel de Ceuta, causou polémica na altura e foi mesmo embargada pela Ministra da Cultura, no entanto, e como bem recordava a Maria João Vasconcelos, já em 2013, o túnel é um perigo para os visitantes e para a colecção do museu. Em tempos de saída da crise seria bom pensar em minimizar aquele problema, pelo menos!

O durante

 

Entrados no museu (a criançada não pagou) e café tomado na cafetaria, seguimos mais ou menos apressados pela exposição permanente (o acesso às temporárias é sempre feito por aí), parando em algumas obras que despertaram o interesse aos mais novos, até que chegamos à galeria de exposições temporárias.

Visita ao MNSR

Eu desci as escadas, mas eles seguiram, como seria de esperar, pela rampa de acesso em correria desenfreada (nada como uma rampa para lhes despertar a vontade). Vai daí, pai em alerta e o pessoal do museu, alertado pelo barulho da correria, a ver discretamente o que vinha por ali. Um ponto a favor do MNSR nesta situação. Atentos, mas sem qualquer chamada de atenção à criançada, porque perceberam a atenção dos pais e o local onde estavam a brincar (a rampa não tinha qualquer obra exposta).

Mais do que a minha opinião sobre a exposição (bastante positiva, devo dizer), queria aqui deixar-vos a deles. Interessados nos desenhos do Almada, atentos a diferentes pormenores das obras (a museografia permitia que as apreciassem, embora com alguma dificuldade para as obras em vitrines horizontais), interessados na técnica de desenho (principalmente o mais velho), nas formas geométricas, nas histórias contadas pelo Almada, entre outros aspectos, acabaram a visita a dizer que tinham gostado muito da ida ao museu. Estiveram com a mãe sentados durante um bom tempo a ouvir a gravação da Gulbenkian de uma obra escrita por um artista que não me recordo agora, ilustrada por Almada na sua passagem por Madrid (se não estou enganado) e cujas ilustrações estavam a ser projectadas em frente! Divertidos com a bruxa e o gato.

Saídos da exposição do Almada, tivemos ainda tempo para percorrer as restantes salas do MNSR vagarosamente, procurando algumas histórias na excelente colecção do museu, inventando outras, esperando que a curiosidade seja sempre uma das suas qualidades mais preciosas e apreciadas. A mãe documentou dois olhares deles que ilustram isso e deixo-os aqui para memória futura.

 

À saída e em resposta à questão: Então, gostaram? Tivemos um “Sim… gostamos muito!” Sincero que a criançada não mente!

O depois

 

Não fosse o pedido da princesa lá de casa, teria passado umas boas horas de brincadeira caseira com eles, mas entre isso e umas boas horas de brincadeira e aprendizagem no museu (ou outro sítio interessante), tenho cada vez mais certeza, teremos que escolher sempre a segunda. Mesmo que o conforto da nossa casa, o chamamento do sofá, nos tente de forma diabólica a passar a tarde de domingo chuvosa em casa, temos que nos lembrar sempre que sair, conhecer outros locais, ver obras de arte, questionar, suscitar a curiosidade, etc.

Este passeio valeu aos pais um obrigado após a visita, mas, em boa verdade, quem lhes devia agradecer era eu.

Melhores recursos de aprendizagem

Melhores recursos de aprendizagem

É o que a tecnologia nos põe nas mãos e nos olhos: melhores recursos de aprendizagem. Melhores e mais acessíveis, não esquecer.

Infelizmente ainda se vêem poucos exemplos em Portugal de recursos educativos como o SmartHistory, no entanto, apesar da barreira de ser numa língua diferente da nossa, esta ferramenta da Khan Academy pode muito bem ser utilizada por professores e educadores em história e história da arte em Portugal para criar e utilizar ou para reutilizar conteúdos muito mais apelativos do que os tradicionais manuais e recursos de ensino. O SmartHistory baseia-se em conteúdos abertos (ou seja conteúdos com direitos de autor, mas que a utilização é permitida de forma gratuita) e nas palavras dos seus responsáveis é “the leading open educational resource for art history. We make high-quality introductory art history content freely available to anyone, anywhere. Smarthistory is a platform for the discipline where art historians contribute in their areas of expertise and learners come from across the globe. We offer nearly 500 videos and these are being translated into dozens of languages.” Foi criado em 2005 para providenciar “a richer learning experience than was possible with existing resources. Traditional textbooks are prohibitively expensive for many and do not take advantage of the digital technologies that are reshaping education. For example, textbooks often use only a single image to represent a work of art, they speak with an authoritative but impersonal voice, and they rarely incorporate the many valuable resources that universities, libraries and museums make available. We built Smarthistory to emphasize the experience of looking at art by using unscripted conversations recorded in front of the work of art whenever possible, by incorporating numerous images and video, and by curating links to high-quality resources on the web.“.

É uma ferramenta que permite explorar diversos temas da história da arte, utilizando recursos que museus e outras instituições disponibilizam em opensource, organizados por cronologia, estilos, artistas ou temas utilizando o melhor que a tecnologia nos dá. No SmartHistory somos também encorajados a criar os próprios conteúdos em Create & Teach através de um conjunto de recomendações técnicas e pedagógicas que nos auxiliam a estruturar conteúdos e utilizar as ferramentas que permitem bons resultados no “produto” final.

Apenas para que conste é importante salientar que este tipo de projectos só são possíveis depois da digitalização do património cultural. Um processo de custos elevados (humanos e financeiros), mas com um retorno de investimento, na minha opinião, muito compensador a avaliar pela qualidade deste projecto.

Curso de Especialização em Museologia – FLUP

A Faculdade de letras da Universidade do Porto irá disponibilizar o Curso de Especialização em Museologia (equivalente ao 1º ano do ciclo de estudos em Museologia conducente ao
grau de Mestre, segundo o processo de Bolonha / em fase de aprovação) a partir do próximo ano lectivo.

O Curso tem como objectivo especializar licenciados ou equiparados nos vários ramos das ciências, artes e letras, na teoria e na prática museológica. É um curso polivalente e interdisciplinar, com a duração de 4 semestres, que abrange todas as vertentes da actividade museológica, na perspectiva da defesa e fruição do património cultural e natural. Visa, em particular, a formação de profissionais de museus e o desenvolvimento da investigação em museologia.

Se quiserem podem descarregar este PDF para saber mais sobre este curso, no entanto as informações mais relevantes estão aqui em baixo.

Prazo de candidatura:
02 de Junho a 15 de Julho de 2008
Entrevista:
21 a 23 de Julho de 2008 (1º fase)
15 a 17 de Setembro de 2008 (2º fase)
Matrícula e inscrição:
24 a 31 de Julho de 2008 (1º fase)
18 a 26 de Setembro de 2008 (2º fase)
Início do 1º semestre:
15 de Setembro de 2008 (sujeito a confirmação)

Para obter mais informações pode contactar:
Departamento de Ciências e Técnicas do Património – FLUP
Via Panorâmica, s/n, 4150 – 564 Porto
Tel. +351 22 607 7172
Fax:+351 22 607 7181
Email: dctp@letras.up.pt
http://www.letras.up.pt/dctp