by Alexandre Matos | Mai 28, 2014 | APOM, Colecções, Debate, Museus, Notícias, Publicações
Todos os dias chegam-me, pelas mais diversas vias, notícias sobre a actualidade (política, desportiva, cultural, etc.). É, desde que me lembro de comprar jornais, a primeira coisa que faço (mesmo que seja por breves instantes) quando chego ao trabalho ou quando estou a tomar café, a caminho de um local qualquer. É um ritual que me dá prazer e que é absolutamente necessário para a vida profissional e pessoal. Um hábito que adquiri através do meu pai.
Normalmente foco-me naquilo que são as boas notícias do dia. Sou um optimista, bem sei, mas focar a atenção no que é positivo é, em meu entender, mais produtivo do que lamuriar o negativo. Não o negligencio, aprendo com ele, mas faço-o tal e qual como aprendemos (será que aprendemos?) a olhar para os maus momentos da História, evitando repetir os erros que nos levaram a esses momentos. Dito isto, aqui ficam algumas notícias que hoje me chegaram ao ecrã:
Museus Militares do Porto e Elvas e Museu da Marioneta credenciados na Rede Portuguesa de Museus
Ora aí está uma boa notícia. Conheço os dois primeiros e, infelizmente, ainda não tive oportunidade de conhecer o Museu da Marioneta. Mas o reconhecimento do empenho que os museus e as suas tutelas dedicam no processo e exigências para pertencerem à RPM é sempre motivo para festejar. A RPM pode estar numa fase difícil, mas é, sem qualquer sombra de dúvida, um dos mais importantes projectos para os museus portugueses das últimas décadas. A sua continuação, ainda que em moldes que não sejam os mais indicados, é também uma notícia importante. A lamentar apenas, nesta notícia, a saída do Museu Agrícola de Entre o Douro e Minho da rede, mas o lamento já tem algum tempo (o museu fechou já há algum tempo).
Os despachos citados na notícia podem ser encontrados aqui.
Museu do Brinquedo em Sintra irá fechar em breve
Não é uma notícia de hoje, antes pelo contrário, mas o que é actual é este texto da Maria Vlachou e a interpelação do BE ao governo sobre o assunto. Sobre o texto da Maria (que subscrevo inteiramente) apenas vos quero dizer que fico exactamente com as mesmas dúvidas que ela tem: porque é triste? porque é que o museu vai fechar? o que é que o museu oferecia à sua comunidade? Analisar estas questões apenas com números (orçamento e número de visitantes) é um dos maiores problemas relativamente à sustentabilidade dos museus em Portugal. E pensar em novas formas (concretas) de financiamento público e privado dos museus, não seria melhor do que interrogar o governo sobre um museu específico, ó rapaziada do BE?
APOM elege novos corpos sociais para o triénio 2014-2017
Não tivesse sido eu membro dos corpos sociais anteriores e destacaria igualmente esta notícia. A APOM é uma das mais importantes organizações associativas na área da cultura e museus. A eleição de novos corpos gerentes é a prova da sua vitalidade e dinamismo. Eu queria aqui mandar um abraço especial ao João Neto e a todos os colegas da anterior direcção (os que transitam e os que seguiram outros caminhos), bem como a todos os colegas que foram agora eleitos. Um enorme abraço e os meus mais sinceros desejos do maior sucesso.
Exposições na Europeana
Não vos vou maçar de novo com a minha opinião sobre este importante projecto europeu, mas queria chamar a atenção para os meus colegas e para os museus portugueses para a importância de participar na construção de recursos como os que agora estão online no portal Europeana Exhibitions. Alerto para este recurso que é um importante complemento da disponibilização das coleções online. Não basta colocar a informação técnica sobre os objectos disponível na rede, é (mais importante ainda) tratar essa informação, apresentar esses dados de forma contextualizada, segundo os mesmos critérios que nos norteiam na construção das exposições.
A publicação de mais um número da MIDAS
As publicações científicas na nossa área são escassas. Quer as editadas aqui em Portugal, quer as que têm o português como principal língua. Por isso é importante a existência de uma revista com revisão científica credível como a MIDAS. Neste número irão encontrar bons artigos e um dossiê dedicado ao tema “Museos y participación biográfica”. Eu fiz um pequeno contributo com a recensão crítica do livro “Museus del Templo al Laboratorio: La Investigación Teórica” de Juan Carlos Rico, mas já vi que temos muitos temas interessantes para ler neste número.
A maior coleção de gravuras de Rembrandt está em Águeda
Eu não gosto do título desta notícia. Julgo que é algo muito português esta mania que o nosso jornalismo tem de tentar que tudo seja passível de entrar para o livro dos Records do Guiness! A maior coleção do mundo, o maior fóssil da europa, o maior pastel de chaves, a maior sardinhada, etc. são maus títulos que escondem aquilo que, em meu entender, seria a verdadeira notícia: uma coleção boa de gravuras de Rembrandt, boa! E como ela chegou ao museu da fundação? Que história têm aquelas peças? Onde é o Museu? Quem era Dionísio Pinheiro e porque dá o nome ao museu e à fundação? Entre outras… Ainda assim um exemplo, se calhar desconhecido para a maioria da população, daquilo que os nossos museus têm para oferecer.
E que mais notícias têm vocês para me dar?
© imagem: www.mashable.com
by Alexandre Matos | Fev 28, 2014 | Colecções, Museus
Uma das ideias que o Nick tem apresentado e defendido de forma brilhante é a do “responsive museum”. Um conceito que, tal como o “responsive design”, pretende dar ao utilizador serviços de uma forma transparente, sem o constrangimento das barreiras (físicas, intelectuais, ou outras) que normalmente temos nos museus.
Ouçam a entrevista (vale bem a pena) e partilhem as vossas opiniões sobre o assunto.
[youtube=http://youtu.be/LtJ62h3tO88&w=450]
Um enorme abraço ao pessoal da INTK pela partilha do vídeo do Nick e de outros muito interessantes (todos disponíveis no site da INTK).
by Alexandre Matos | Fev 26, 2014 | Documentação, Museus, SPECTRUM PT
No meu dicionário a definição de cidade foi corrigida desde que aterrei em S. Paulo. A cidade é enorme, gigante mesmo. Uma escala que sai do que nos habituamos aqui em Portugal, mas que é compreensível, porque na realidade o Brasil é mais continente do que país e só a grande S. Paulo tem 17 milhões de habitantes, ou seja, mais 7 milhões do que esta velhinha nação europeia. Como todas as cidades grandes tem problemas à sua escala que nos são passados assim que contamos a algum amigo que vamos de viagem para lá, no entanto, e estando ciente desses problemas, garanto-vos que vale muito a pena conhecer São Paulo, muito mesmo!
Eu costumo dizer aos amigos que tenho sorte quando viajo. À excepção de uma estadia meio esquisita em Ceuta, sempre que viajei tive a oportunidade de conhecer locais e pessoas fabulosos. São Paulo não foi excepção. Não é uma cidade como o Rio de Janeiro, com uma beleza natural que nos faz acreditar em Deus, ou uma cidade como Londres, mais organizada, segura e de carácter europeu (com tudo de bom e mau que isso acarreta), mas é uma cidade cosmopolita, com vários pontos de interesse turístico (consegui ir a 4 museus, já lá vamos), com uma vida cultural muito interessante e carregada, sorte minha talvez, com gente do mais simpático e hospitaleiro que existe. Sim, meus caros, o paulista é simpático e sabe acolher!
São Paulo é um espelho enorme do que é actualmente o Brasil. Uma cidade cheia de potencial, em pleno desenvolvimento, com tudo para dar certo, e com tudo para dar errado também, com charme e com miséria, com alegria e com tristeza, com riqueza e pobreza, em que se acredita fielmente ou se condena à partida. O vídeo que encontrei noutro dia no Público retrata bem essa situação, aliás a série de reportagens que o Público tem vindo a publicar é um excelente trabalho de jornalismo, na minha opinião, e consegue reflectir bem o Brasil actual. O país onde a expressão mais usada é “se é assim agora, imagina na copa!” que reflecte a enorme preocupação do seu povo com o actual estado da sociedade e do Estado, reflectida num conjunto de manifestações de que temos conhecimento pelas notícias.
Eu estive lá a trabalho, tal como muitas das pessoas que vão lá. São Paulo é uma cidade de trabalho, como nos dizem diferentes taxistas (um meio de transporte usual e, da minha experiência, muito seguro ao contrário do que me pareceu no Rio de Janeiro quando lá estive) e como transparece da azáfama da cidade e das pessoas no dia a dia, no entanto, não faltam motivos para a visitarmos sem ser a trabalho. Museus, parques, centros culturais, locais de compras, o Mercadão, a Livraria Cultura (meu Deus, a livraria Cultura), restaurantes (pizzarias e churrascarias aos montes), padarias (portuguesas como manda a boa tradição), animação nocturna (que não aproveitei como devia), entre muitas outras coisas que não temos tempo de explorar em apenas uma semana.
Como seria de esperar centrei-me mais nos museus. Levava na lista de indispensáveis a Pinacoteca do Estado de S. Paulo e o Museu da Língua Portuguesa, duas referências e dois desejos antigos para visitar com alguma calma, mas consegui visitar ainda a exposição do David Bowie (sim a que é organizada pelo V&A) que está no Museu da Imagem e do Som e tive a oportunidade de ir à inauguração de uma exposição no Museu AfroBrasil (só deu para conhecer a belíssima arquitectura e as salas onde estava a exposição) que fica no não menos belo Parque do Ibirapuera (aqui e aqui informações sobre o Parque). Uma das coisas engraçadas que aprendi com paulistas meus amigos é que os museus são tratados em diminutivos, normalmente a sigla, ou seja fui à Pina, ao Afro e ao MIS (o Museu da Língua não me recordo de ter diminutivo).
A primeira visita foi ao MIS e à exposição do Bowie, assim recomendava a leitura do caderno de cultura da Folha de S. Paulo por causa da fila que normalmente se forma todas as manhãs para comprar bilhetes. Cheguei uma hora antes da abertura do museu, não porque sou um rapaz precavido, mas porque a hora mudou em S. Paulo no dia em que cheguei e embora eu pensasse que eram 11 da manhã, o relógio oficial do museu marcava umas gloriosas 10 (até nisto tive sorte). Uma hora de diferença que fez com que fosse o segundo da fila, atrás de um simpático médico de Belo Horizonte com quem tive uma boa conversa sobre o Brasil e sobre viagens. A exposição do Bowie é absolutamente fantástica (sou completamente imparcial na análise, porque sou fã desde adolescente). Um percurso coerente e bem montado sobre a sua vida, a música, os filmes, as parcerias, o estilo, a irreverência, etc. com recurso a tecnologia bem agradável e funcional que nos permitia ter som diferenciado (nos auscultadores que nos eram entregues na entrada) conforme o local onde nos posicionávamos no percurso ou mesmo numa determinada sala. Como aspectos negativos posso apontar apenas dois: a proibição de fotografar em toda a exposição (um assunto que discutimos aqui em Portugal ainda há pouco tempo) e o posicionamento de alguns elementos da exposição (dois bancos) que causaram quedas de dois visitantes, porque não estavam bem sinalizados e a exposição é, no MIS pelo menos, bastante escura.

Assim que saí do MIS fui para a Pinacoteca. Recomendaram-me almoçar por lá, na cafetaria, e sabia que se me despachasse ainda conseguiria ver o Museu da Língua Portuguesa (basta atravessar a rua). A cafetaria, já agora, é muito agradável, tem uma parte ao ar livre com vista para o bonito Jardim da Luz (um nome que fica bem em qualquer lugar se formos benfiquistas) e com boa escolha em comida e bebida. A Pinacoteca é tudo o que eu estava à espera. Um museu centrado nas colecções de arte brasileira (pintura, escultura, desenho, etc) com boas condições, onde se conta de forma cronológica uma parte importante da história artística (e do ensino artístico) no Brasil demonstrando as influências externas e a especificidade da arte brasileira que resulta da sua própria cultura e contextos. Duas notas finais apenas para mencionar a contínua preocupação da Pina no desenvolvimento da sua colecção, de forma a representar a arte no Brasil (julgo que vai até à actualidade) e uma interessante exposição sobre a história da Pinacoteca que nos permite (pelo menos a visitantes menos informados como eu) ter um contexto interessante na posterior visita às galerias.
Num salto cheguei ao Museu da Língua Portuguesa, um museu muito conhecido por cá, se bem se recordam foi notícia em todo o lado quando inaugurou e trata, de forma bem interessante, o maior património que temos em comum com o Brasil, o Português. Naquele sábado a entrada foi gratuita, mas não sei se é comum ser assim todos os sábados (já sei sou um sortudo… até porque me esqueci do cartão do ICOM) ou se tratou de uma excepção. A juntar a esse facto tive a oportunidade de ver a exposição sobre o grande Cazuza (descrita aqui) e consegui, no mesmo dia, ouvir e ver a obra de dois grandes nomes da música, Bowie e Cazuza, claro! O museu fica numa antiga estação ferroviária (ainda em utilização pelo que percebi) que foi brilhantemente transformada para receber uma excelente exposição sobre a nossa língua na qual está ilustrada (bem) a sua origem e história até aos nossos dias, com destaque para as diferenças e aproximações entre os países que a usam. O enorme videowall do segundo piso é uma excelente amostra do que a tecnologia consegue fazer pela comunicação nos museus.
A seguinte visita a um museu aconteceu na sexta-feira seguinte, após uma semana de trabalho intenso e profícuo com as(os) amigas(os) que compõem a excelente equipa da Expomus. Fui ao Museu AfroBrasil, mas apenas para a inauguração da exposição “ENTRE DOIS MUNDOS – Arte Contemporânea Japão-Brasil” (a comunidade japonesa em S. Paulo é imensa). Uma visita breve que não permitiu ver o Museu no seu todo e que foi interrompida por um bom motivo: o jantar com amigos que estão a trabalhar connosco no projecto de tradução e adaptação do SPECTRUM no Brasil (sim… que o mundo não é só visitar museus, é também a sua documentação e o convívio que ela proporciona). 🙂
No último dia, antes do martírio que são as viagens de avião de longo curso (o pior das viagens), tive a oportunidade de ir à Livraria Cultura (uma Meca para quem gosta de livros), na Avenida Paulista, e, graças à generosidade de um casal amigo, de conhecer o Mercadão (Mercado Municipal de São Paulo) e de comer uma sande divinal de mortadela e queijo.
No meio de tudo isto, e de muito mais, esqueci-me que estava numa das cidades mais perigosas da América do Sul, esqueci-me que há assaltos a toda a hora em S. Paulo, esqueci-me de todos os avisos que nos dão antes destas viagens e aproveitei para conhecer o que pude.
Não posso deixar de agradecer aqui, por toda a simpatia com que me receberam e acompanharam, à Alessandra (muito obrigado por tudo, viu!), Bia, Renato, Roberta, Lia, Ana Maria, Maria Ignez e toda a equipa da Expomus, bem como às Julianas (as 3), ao Gabriel e ao André. Quando cá vierem espero corresponder à altura!
by Alexandre Matos | Fev 3, 2014 | Debate, Museus
Ando completamente desfasado da realidade, ou melhor, a realidade está a passar com uma velocidade que não me tem sido possível acompanhar nos últimos tempos os diferentes (e interessantes) assuntos que têm ocupado o universo dos museus em Portugal. A triste realidade da venda dos Miró, o contínuo silêncio sobre a política cultural (não só a nível dos museus), a ausência de debate em torno do novo quadro comunitário de apoio (este deveria ser um assunto mais do que urgente) e assuntos de menor importância como a publicidade nas fardas usadas pelos funcionários de alguns monumentos, são alguns dos assuntos que não tenho conseguido acompanhar conforme gostaria e, como tal, nem me vou alongar sobre qualquer um deles.
No entanto, consegui hoje ler um texto do Luís Raposo (vejam lá o calibre do meu desfasamento), que apanhei no pportodosmuseus (obrigado Patrícia), intitulado “Os museus em face do presente e do futuro” (Público – 17-01-2014), onde somos confrontados com uma visão informada sobre a actual realidade e os caminhos (?) futuros a escolher pelos museus, políticos e agentes culturais. A realidade é difícil, bem o sabemos todos, neste sector chega a ser impossível, mas não será usada mais vezes do que deveria como desculpa para manter o actual estado das coisas? A última frase deste excelente artigo de Luís Raposo (título deste post) sintetiza brilhantemente aquilo que eu também sinto face aos actuais problemas no sector: pior do que deixar de lutar por melhor condições, mais investimento, por mostrar que a Cultura pode ser rentável (e não me refiro meramente ao lucro monetário) e é basilar, é não pensar continuamente qual o caminho que pretendemos seguir e questionar, sempre, se o caminho que seguimos é o que melhor serve a nossa e, principalmente, as seguintes gerações.
*Luís Raposo – Público. 17-01-2014
PS: uma notícia a salientar é a publicação (finalmente) do “Panorama Museológico em Portugal (2000-2010)”. Uma publicação de extraordinária importância para quem trabalha nesta área. Assim que a tiver em mãos prometo um post sobre o assunto.
© Imagem: Pportodosmuseus.
by Alexandre Matos | Jun 27, 2013 | Conferências, Cultura, Eventos, Museus
O GAM – Grupo para a Acessibilidade nos Museus depois de 10 anos de profícuo e muito interessante trabalho como um grupo de trabalho informal que tinha como objectivo melhorar o acesso aos museus a todo o público com diversas necessidades especiais passou agora a ser Acesso Cultura. Uma “associação formal, que irá abranger todo o sector cultural, pretende alargar o seu espectro de acção e de prestar os seus serviços a um leque mais alargado de instituições e profissionais.”
Uma das suas primeiras actividades é a organização de uma conferência, a 14 de Outubro, na Fundação Calouste Gulbenkian (Auditório 3), em Lisboa, sobre o mote: Cultura nas Redes: Redes sociais, novos acessos à oferta cultural. A apresentação da conferência no site da Acesso Cultura é:
As redes sociais têm vindo a alterar profundamente a forma como as instituições culturais se relacionam com os seus públicos. Esta nova realidade, em constante desenvolvimento (por vezes difícil mesmo de acompanhar) apresenta um vasto leque de oportunidades, mas também enormes desafios, considerando a falta de meios (humanos, financeiros ou tecnológicos) em muitas instituições. Nesta conferência procuraremos conhecer melhor as possibilidades que as redes sociais nos oferecem, ouviremos profissionais que, com mais ou menos meios, exploram estas ferramentas e teremos ainda a oportunidade de receber algumas dicas práticas de especialistas em redes sociais.
Preço de inscrição
Sócios: €15 / Não sócios: €25
(para os sócios institucionais, o desconto é extensível a 5 funcionários)
A ficha de inscrição, programa e informações sobre os oradores podem ser encontradas aqui.

A Maria Vlachou (grande dinamizadora deste trabalho) lançou-me o repto de ser um dos oradores da conferência (uma maldade tendo em consideração que irei anteceder o Marc Sands, da Tate Modern) através de uma reflexão sobre a utilização das redes sociais – PARTILHAR OU PARTILHAR? EIS A QUESTÃO. Um desafio ainda assim menor do que os Museus enfrentam neste novo mundo digital.
Espero ver-vos todos lá.
by Alexandre Matos | Jun 13, 2013 | Debate, Eventos, Museus, Notícias
Numa altura em que a administração central* de museus em Portugal se entretém (desculpem-me, mas não lhe consigo chamar outra coisa) a publicar regulamentos de utilização de imagens do património ou a despachar (no sentido literal do termo) novas condições de acesso ao património português (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui), a Secretaria de Cultura do Estado de S. Paulo convoca, para discutir o futuro da política estadual de museus (imagine-se!!!) os museus e os seus profissionais.
O 5º Encontro Paulista de Museus, que se realizará no Memorial da América Latina, entre 19 e 21 de Junho, propõe:
…debater políticas públicas para as instituições museológicas brasileiras e ampliar a interlocução e a rede de colaboração dos museus paulistas.
No programa deste encontro encontramos temas de debate muito interessantes, como as políticas públicas de museus no espaço da federação de estados que é o Brasil, a utilização dos museus como promotores do relacionamento social, a realização da Conferência Anual do ICOM no Brasil, a documentação e pesquisa nas colecções museológicas (um painel onde participará o meu caro e ilustre amigo Fernando Cabral), educação, segurança das colecções, etc. Os debates e suas conclusões serão tidos em conta na elaboração das políticas públicas para os museus no estado de S. Paulo e, tendo em conta a sua influência no restante país, serão reflectidas em diversos outros estados daquele país.
Deste lado do Atlântico fico com uma inveja saudável por ver colegas e instituições a debater o seu futuro e fico saudoso do tempo em que se debatia de forma aberta e participada aqui em Portugal a constituição de uma rede de museus, a criação de uma política para os museus, a criação de uma lei quadro dos museus, etc. Estamos, como menciona o Dr. Luís Raposo no seu artigo no Público sobre as condições de acesso a museus e monumentos, a viver um retrocesso sem paralelo na história recente do país.
*Mantenho apenas a referência a central. É estranha para mim a organização regional que querem dar à cultura, num país que culturalmente tem mais sentido uno do que dividido desta forma.