Mudar a vida, mantendo-a!

Mudar a vida, mantendo-a!

9429 dias! 25 anos, 9 meses e 24 dias! É uma vida inteira! Ou melhor, é uma parte considerável da vida em que a Sistemas do Futuro foi a minha constante profissional. Uma segunda casa, onde passei horas e horas a trabalhar, a rir, a aprender, a ensinar, a stressar, a irritar-me, a chorar (menos vezes felizmente), a celebrar, em suma, a viver!

Sou de uma geração que ainda ouvia os pais a louvar a estabilidade profissional, mas que sabia que seria difícil conseguir um emprego constante e duradouro. Quando iniciei funções, há 9429 dias, na Sistemas estava longe de pensar que ali construiria a minha vida profissional, mas o que é certo é que o fiz, com sucesso e com felicidade.

Quando comecei, apresentado pelo Mário Brito, num estágio da pós graduação em museologia da FLUP, tinha como objectivo escrever o manual de utilização do in arte. Não imaginava que o iria rescrever múltiplas vezes ao longo dos anos, porque a intenção inicial era ir trabalhar para um museu, se possível voltar ao meu Museu de Aveiro. Estive lá uns três meses, se bem me recordo, com a Érica, até que o Fernando me convidou a ficar e me ofereceu um contrato de trabalho para assegurar a formação dos utilizadores dos sistemas in arte e dar assistência técnica.

Os primeiros tempos foram uma loucura intensa. O Fernando, o António, o Sérgio e a Aurora eram a Sistemas de então. Em 1999 celebrava-se cada venda com jantares de leitão na Maia, trabalhava-se até às tantas da manhã para preparar uma apresentação de uma nova funcionalidade ou versão, aguardávamos ansiosamente por boas notícias quando o barulho do fax anunciava uma possível comunicação de um novo cliente, tínhamos de ligar o modem para ler o e-mail da Sistemas (ainda era futuresystems@mail.telepac.pt acho eu) e passava tempos sem fim a ver o António e o Sérgio a programar e a aprender com eles SQL e edição em HTML com uma porcaria de um editor da Microsoft de que já não me recordo o nome!

O António (e também o Sérgio) foi essencial para mim. A programação hardcore, o cuidado que tinha, a paciência a mostrar-me os segredos de bases de dados relacionais, da lógica, dos scripts, das queries, o básico do Visual Basic, entre mil e uma coisas que me ensinou deram-me as ferramentas necessárias para os compreender e poder traduzir os seus 0 e 1 básicos, para os complexos raciocínios museológicos dos colegas dos museus e vice-versa. Estou eternamente grato a ambos por isso e pelas corridas de cadeiras, pelas noites de diversão e trabalho, pelas viagens que fizemos juntos.

Pouco tempo depois juntaram-se a Natália e a Sónia. Sobre estas duas irmãs de coração tenho tanto, mas tanto para contar. Trabalho, amizade, diversão, felicidade, partilha… amor fraterno e admiração enorme por tudo que representam até hoje para mim.

A Natália estava sempre ali presente, continua a estar presente, foi o nosso esteio na Sistemas e o nosso norte. Quando nos faltou fisicamente isso ficou evidente para todos. Orientava as tropas todas e foi minha parceira e amiga todos os dias desde que a vi a entrar no 4.3. Sinto-lhe a falta sempre e ao mesmo tempo trago-a sempre comigo!

A Sónia foi a continuação do António como minha professora nas coisas das tecnologias, acrescida das responsabilidades de amiga grande que assumiu desde logo. Faz parecer simples uma porcaria de uma instrução SQL enorme, devora problemas complexos e resolve aquela merdice com duas ou três linhas de código é a empatia em pessoa e tenho o enorme privilégio de a ter como uma das minhas melhores amigas.

Com a integração de ambas, o meu trabalho inicial na Sistemas foi alterando e pude dedicar-me também à análise dos novos produtos. Durante os primeiros anos deste século, após resolvermos o bug do milénio, criamos o in domus, o in patrimonium, o in natura, o in memoria, o in site e o in web. A recuperar informações noutro dia, vi que em 2000, sim em 2000, tínhamos já publicado a coleção online do Museu Municipal de Vale de Cambra (encontrem lá outra desssa safra).

Nesta altura, ou por esta altura, passaram pela empresa o Nuno, o Paulinho (um enorme amigo com quem já tinha trabalhado quando andei a fazer de copywriter numa agência de publicidade), a Silvia (I), a Joana, penso que a Elisabete também nesta altura, que acabaram por sair pouco tempo depois. Entrou também a Maria van Zeller pouco tempo depois (foram muitas mexidas em pouco tempo, visto daqui) e acabou por ser a amiga e colega dos rabiscos e Photoshop (os tontos chamam-lhe design) que mais tempo nos deu o prazer da sua companhia, alegria e das histórias das férias da neve.

O Armindo deve ter entrado na mesma altura que a Maria ou pouco tempo depois. Um bom amigo, sereno, calmo, sempre muito discreto, mas com um humor magnífico que se mantém na Sistemas até hoje, apesar de estar numa fase mais complicada da vida.

O Adão também deve ter chegado por esta época, mas o nosso padeiro oficial era uma alma errante e não tinha poiso fixo, tanto nos visitava com natas, como estava ocupado nos afazeres das padarias que governava.

Com o Nuno, o Paulo, o Armindo, o Adão e a Maria havíamos de nos aventurar em sites, plataformas multimédia, aplicações, etc. que nos trariam reconhecimento e prémios internacionais como o do AVICOM. Com eles fui aprendendo também a magia que era olhar para uma folha em branco e imaginar, com meia dúzia de rabiscos, um novo site, uma aplicação, um interface que passados uns meses se concretizava em 0 e 1s pelas mãos dos programadores e do povo do Flash.

É nesta senda que entra também o Hugo, músico de alma, programador multimedia de profissão que me foi introduzindo nas andanças da Macromedia e também nas da edição de vídeo e som (Adobes desta vida). Um companheiro de luta também nas noites de celebração. Por esta altura tivemos por lá também a Margarida. Das poucas que saiu zangada da equipa.

Estávamos para aí em 2007, ano em que acabei o mestrado e demos início ao programa de apoio à investigação na Sistemas do Futuro, que permitiu a realização de licenciaturas, formação avançada, participação em conferências, mestrados e doutoramentos (alguns interrompidos) que mostram que mesmo em empresas pequenas é possível apostar na formação avançada dos seus trabalhadores.

Era tempo de crescimento forte. A versão premium consolidou-se como a melhor alternativa dos sistemas de gestão de coleções existente em Portugal. Tínhamos iniciado o seu desenvolvimento com a Gulbenkian, em 2003, e a experiência do Museu e CAM ajudaram imenso neste sucesso. Foram anos trabalhosos, desafiantes, mas muito compensadores.

Em 2009 nasce o João, o meu mais velho, três anos depois a Inês, a mais nova, a Sistemas continua a crescer e permite que inicie nessa altura o doutoramento em museologia. De 2010 a 2013 (data da defesa) foram anos de doutoramento em contexto de empresa, apoiado pela FCT e pela SF, com o papel determinante do Rui Centeno e do Fernando como amigos, conselheiros e orientadores.

Quando o acabei, iniciamos na Sistemas o desenvolvimento da versão NET das nossas aplicações. Anos desafiantes se seguiram, com a Sónia a assumir o leme da equipa de desenvolvimento para uma versão da aplicação que modificava quase tudo menos a continuidade do cumprimento estrito das normas internacionais de documentação em museus e com uma sacana de uma crise que nos levou (bendita opção do Fernando) a procurar outros mercados, nomeadamente o brasileiro.

Por esta altura, se a memória não me falha, entraram para a Sistemas do Futuro, a Mónica, a nossa maior defensora dos animais e responsável pelo desenvolvimento do in web, a Sofia (programadora de relatórios, de sites complicados e responsável pelas migrações complexas que sempre nos fazem chegar) e, um pouco mais tarde, o André. Entrou também a Sílvia, talvez um pouco depois, para complementar o nosso trabalho com alguém de arquivos e colaborar nas questões administrativas e de apoio comigo e com a Natália. Conseguimos, com o esforço de todos, consolidar a versão NET, ir para o Brasil e enfrentar um mercado complexo, manter o apoio e suporte em Portugal e Espanha (ainda que com algumas dificuldades) e acrescentar um conjunto de funcionalidades ao in web e in site que possibilitaram projetos de que me orgulho muito a nível pessoal e profissional.

A nossa ida para o Brasil permitiu que conhecesse o universo dos museus num outro continente. Uma perspectiva que não teria a ler ou a participar em conferências, mas que ganhei pela mão da Expomus (nossa parceira desde sempre) e da sua equipa. A Maria Ignez, a Alessandra Labate Rosso, a Roberta Saraiva Coutinho e a Beatriz Isshiki Resende foram âncoras nesse processo e depois juntaram-se a elas as Ju (Monteiro e Rodrigues Alves), o Gabriel Bevilacqua, a Juliana Bevilacqua, o Gustavo Aquino, a Elizabete de Castro Mendonça, a Ana Panisset, a Yaci-Ara Froner Gonçalves, o Wilton Guerra, a Fernanda D’Agostino, a Paula Coelho, entre tantos outros que generosamente me acolheram do outro lado do Atlântico.

Um pouco depois, o Fernando permitiu (incentivou mais do que permitiu) que dedicasse algum tempo ao ICOM, com a candidatura à direção do CIDOC como membro regular e, depois, como editor. De 2016 a 2022 tive esse grato prazer de fazer parte da direção de uma organização fundamental para a documentação em museus e, uma vez mais, aprendi imenso! O apoio da Sistemas do Futuro e dos meus colegas nunca faltou. Tanto não faltou que durante esse período ainda tive a oportunidade de participar, como representante do ICOM Portugal, no projeto Mu.SA que se iniciou em 2016 e durou, atravessando a pandemia, até 2020!

De 2020 até agora saiu a Maria van Zeller, mas entrou a Rita (que ficou pouco tempo), depois veio a Sofia (para me salvar das coisas dos projetos multimédia), entrou também o Jairo… desculpem, o Bruno, que nos ganha a todos em boa disposição, e agora, entra a Patrícia, como ela diz, a mais antiga das novas colaboradoras da Sistemas, porque é da casa há anos e anos!

Neste tempo todo a pessoa constante foi o Fernando! Um chefe complexo, sempre presente. Um amigo para todas as horas. Companheiro de imensas viagens de trabalho, de horas a partir pedra, de incertezas, de falhanços e de sucessos, de galhofa pegada, de formalidade cúmplice, de gosto por vinhos e por boa música (uma valente enciclopédia musical que antes do Shazam, acertava em tudo que era música na rádio), de discussões, entre muitas outras coisas que partilhamos durante estes 9429 dias! A ele devo muito do que sou e do que construí profissionalmente e pessoalmente. Não o precisava de dizer aqui, porque ele sabe que tenho por ele uma enorme estima e admiração e sei que construímos neste tempo uma amizade que perdurará para sempre.

Equipa da Sistemas do Futuro em 2025
Equipa da Sistemas do Futuro em 2025

Irei mudar-me, de armas e bagagens para a FLUP, onde iniciarei funções, depois das férias, como investigador auxiliar do CITCEM e FLUP. Mudo-me com o sentimento de dever cumprido, mas também com o coração apertado por deixar a minha segunda casa durante estes 26 anos.

Estarei para sempre grato a todos os amigos e colegas que na Sistemas do Futuro e em todos os museus e instituições com quem tive a oportunidade de trabalhar me ajudaram a crescer pessoal e profissionalmente. Não quero esquecer-me de ninguém e por isso não os cito um a um, mas a todos gostaria de expressar o meu enorme agradecimento.

Mudo a vida, mas mantenho-a! Disponível, a trabalhar para e com museus e instituições de memória, a investigar sobre documentação em museus e na expectativa de continuar a cruzar-me com todos em projectos desafiadores e impactantes!

Até sempre!

9º Encontro de Utilizadores – Sistemas do Futuro

9º Encontro de Utilizadores – Sistemas do Futuro

A Sistemas do Futuro organiza, de dois em dois anos, o seu Encontro de Utilizadores que tem como principal objectivo dar a conhecer os projectos que desenvolve com e para os seus clientes e parceiros e possibilitar a troca de experiências e conhecimentos com a comunidade museológica e científica na área do património cultural. Desde sempre estes encontros foram gratuitos e, ao longo dos anos, vários profissionais de museus participaram e contribuíram para a extraordinária rede de conhecimento criada à volta das questões da documentação e gestão do património.

Sessão de Abertura do 9º Encontro de Utilizadores

Sessão de Abertura do 9º Encontro de Utilizadores

Este ano o Encontro de Utilizadores, já na sua 9ª edição, foi organizado em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e decorreu no auditório desta instituição nos dias 19 e 20 de Maio. O programa foi extenso e contou com várias apresentações interessantes (recordo que a minha opinião poderá ser parcial) de projectos brasileiros e portugueses nas quais é evidente um enorme esforço das instituições para resolver questões práticas na documentação e gestão de um património vasto e riquíssimo.

Não vou, dado que esperamos em breve ter autorização para a publicação dos vídeos das apresentações, elogiar ou focar uma apresentação específica. Todas elas têm pontos muito interessantes, com soluções e problemas, com diferentes abordagens e metodologias, mas importa-me referir um ponto comum a todas elas, a importância dada às normas. Pode parecer-vos uma questão óbvia, tratando-se de documentação, mas não é. Tanto não é que ainda hoje assisto à apresentação de projectos, leio artigos e vejo online alguns produtos de processos de documentação em que a normalização existente é a mesma do que a quantidade de água no deserto de Atacama. É isso que me faz sentir que o caminho, embora longo e difícil, está a ser bem trilhado por muitas instituições com grandes responsabilidades nesta matéria.

Auditório da SEC-SP

Auditório da SEC-SP

Estes dois dias foram também um excelente momento de aprendizagem, de partilha e de construção de boas amizades com muitos colegas brasileiros que, num momento particularmente difícil, trabalham todos os dias em prol da nossa herança cultural tornando-a acessível, física e intelectualmente, à grande comunidade da lusofonia. Para ser um encontro perfeito só faltou a presença de muitos colegas portugueses que costumam marcar presença nestes momentos e dos quais senti(mos) a falta.

Espero ver todos numa próxima oportunidade.

9º Encontro da Sistemas do Futuro – São Paulo

9º Encontro da Sistemas do Futuro – São Paulo

Este ano a Sistemas do Futuro irá organizar o encontro de utilizadores em São Paulo, Brasil, nos próximos dias 19 e 20 de Maio, com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Este evento, que já vai na sua nova edição, pretende promover e divulgar projectos em que a empresa colabora, contribuindo assim para a partilha de experiências e para potenciar possíveis colaborações e parcerias entre instituições e investigadores na área dos museus e património cultural.

No site do projecto a Sistemas do Futuro descreve assim o evento:

Estes encontros são organizados pela Sistemas do Futuro sempre em parceria com uma entidade que acolhe os participantes e tem permitido a realização em diferentes locais de Portugal e Espanha. Este ano o parceiro da organização do evento é a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, permitindo pela primeira vez a realização do evento no Brasil.

Em 2016, os temas do encontro são: Plataformas de gestão, integração e divulgação do patrimônio; Patrimônio imaterial, oral e da escrita; Terminologia e vocabulários controlados. Cada tema incluirá várias comunicações seguidas de debate e o encontro encerra com uma mesa redonda dedicada à documentação do patrimônio cultural e o sistema atual de ensino superior.

É um encontro que conta normalmente com a participação de vários museus e investigadores na área da documentação e divulgação do património cultural e, tal como aconteceu nas anteriores edições, terá este ano um programa dedicado aos temas acima mencionados e onde serão apresentados diversos projectos nos quais a Sistemas do Futuro tem uma participação activa.

8º Encontro Sistemas do Futuro

8º Encontro Sistemas do Futuro

As inscrições no Encontro são gratuitas, mas estão condicionadas aos lugares disponíveis no auditório da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo onde se irá realizar o evento.

Imagino que muitos dos meus amigos que costumam ir a estes encontros não possam comparecer neste, mas caso possam teria muito gosto em os rever a todos por lá.

Para mais informações:

Secretariado

Juliana Alves
juliana@sistemasfuturo.com

Localização do evento

Auditório – Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo
Rua Mauá 51, 1º andar
São Paulo – Brasil

8º Encontro de Utilizadores da Sistemas do Futuro

8º Encontro de Utilizadores da Sistemas do Futuro

A Sistemas do Futuro tem organizado regularmente um conjunto de iniciativas sobre a utilização de tecnologias para a gestão e divulgação de património cultural com o intuito de discutir e promover o importante trabalho que se tem feito nas instituições culturais nesta matéria, bem como com o objectivo de recolher contributos significativos que lhe permitam melhorar os produtos e serviços que disponibiliza aos seus parceiros.

De entre essas iniciativas destacam-se, pela relevância que têm assumido a nível nacional, os encontros de utilizadores de aplicações de gestão de património, agora na sua 8ª edição, nos quais a empresa, em parceria com diversos museus portugueses e espanhóis, tem conseguido reunir um conjunto significativo de profissionais do sector que apresentam, discutem e promovem o trabalho realizado na área da gestão, documentação e divulgação do património cultural. Esta iniciativa, única em Portugal neste sector, tem permitido debater temas importantes como o Património Religioso, a utilização das Redes Sociais em Museus e instituições similares, Arquivos fotográficos e documentação fotográfica das colecções, divulgação do Património, Rotas culturais, Normalização, reutilização de informação, etc. com o contributo de diversos profissionais de museus, da Igreja, de universidades, associações, fundações e outras instituições com quem a empresa tem vindo a colaborar desde a sua fundação. Os programas (disponíveis online) das anteriores edições destes encontros (5º Encontro, 6º Encontro e 7º Encontro) assim o comprovam.

A 8ª edição desta iniciativa, a ter lugar em Coimbra, no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, nos dias 23 e 24 de Maio deste ano, organizada em parceria com este importante museu, terá um programa dividido em duas partes.

No primeiro dia, 23 de Maio, com início marcado para as 14:00h, o programa é composto por um seminário intitulado “Investigação Cientifica aplicada ao Património” no qual será apresentada produção científica nacional relacionada com a gestão do património cultural (mestrados e doutoramentos) proveniente de três importantes universidades nacionais (Porto, Coimbra e Lisboa).

O segundo dia, 24 de Maio, será dedicado à apresentação de diversos projectos de museus e instituições similares nas áreas da divulgação do património, multimédia, colecções online e, como não poderia deixar de ser, à apresentação de novos projectos e produtos da Sistemas do Futuro.

Nesta edição do Encontro de Utilizadores teremos ainda a participação de Nick Poole, CEO da Collections Trust (já me ouviram ou leram sobre esta organização com toda a certeza), a pretexto da cerimónia pública da assinatura da “SPECTRUM International License” entre a Collections Trust e o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra que permitiu a tradução e adaptação do SPECTRUM e pretende criar todas as condições para que esta norma possa ser um instrumento essencial para o desenvolvimento da gestão de colecções nos museus portugueses e, no futuro, se possa constituir como uma norma de referência em Portugal  (e países lusófonos) no que diz respeito aos procedimentos de gestão de colecções. Nick Poole* apresentará duas importantes comunicações, a não perder na minha opinião, sobre a internacionalização do SPECTRUM (dia 23) e sobre gestão e digitalização do património cultural no contexto europeu (dia 24), conforme podem verificar no programa provisório do encontro que já está disponível.

As inscrições são gratuitas, no entanto limitadas à capacidade do Auditório. E para manter a tradição a empresa irá organizar o habitual jantar convívio (ver condições no site do encontro).

Espero sinceramente encontrar-vos por lá.

*Para quem nao conhece Nick Poole!

Museumnext 2012 – Maria van Zeller

Museumnext 2012 – Maria van Zeller

Este ano o Museumnext teve lugar em Barcelona nos dias 24 e 25 de Maio, a Sistemas do Futuro esteve presente nesta grande conferência internacional. As expectativas eram muitas, pois o programa baseava-se no Museums and Web 2012 que teve lugar em Abril em San Diego (Califórnia). Esta última, na qual a Sistemas Futuro participou em edições anteriores, é o maior evento internacional na área das novas tecnologias da informação e museus que nos permite manter actualizados nestas áreas, pois é um evento que perdura pelo tempo na medida em que funciona como uma rede de partilha de projectos e ideias em várias plataformas e redes sociais.

A apresentação foi no CCCB – Centre de Cultura Contemporània de Barcelona, com a participação de mais de 400 pessoas, em Março já estava esgotado. Na sessão de abertura, estiveram presentes Jim Richardson da SUMO, Marçal Sintes como anfitrião, destaco o discurso proferido pela Conxa Roda que teve especial empenho nesta edição. Recordo que, no encontro da Sistemas do Futuro em Portimão a Conxa Roda (na altura a trabalhar no Museu Picasso, agora no MNAC – Museo Nacional d’Art de Catalunya) foi nossa convidada para apresentar uma comunicação sobre a Web 2.0. Nancy Proctor (Head of Mobile Strategy and Initiatives Smithsonian Institution) abriu o primeiro painel com uma reflexão sobre quais deverão ser as estratégias para as tecnologias móveis que os museus devem adoptar dando exemplos da sua experiência.MN1

Uma das presenças importantes no atrium da conferencia foi um posto de atendimento da Wikipedia, nomeadamente do grupo GLAM – Museums Collaborating with Wikipedia (http://www.glamwiki.org), onde estiveram representantes da Holanda, Espanha e EUA, estes últimos com a apresentação de um projecto no Museu de Indianápolis. Estas colaborações assentam em tecnologias QR-Code com ligações a páginas wiki.
Pode ver este projecto em: http://en.wikipedia.org/wiki/Broad_Ripple_Park_Carousel No caso apresentado do Museu Miró, foi explicada na prática como esta pareceria instituição/Wikimedia Foundation foi aplicada. O museu fez um workshop onde estiveram presentes os membros da equipe da área da documentação e um “wikipidian”, que os ensinou a desenvolver uma página wiki de objectos museológicos, mais tarde editaram outras com a ajuda do um “wikipidian” contratado para tal. Uma das vantagens assinaladas foi a rapidez da tradução dos conteúdos para a rede wiki com recurso ao “crowdsourcing” (trabalho colaborativo com recurso às internet de uma forma voluntária). Pode ser visitada uma página de uma peça em: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Farm_(Mir%C3%B3)#History, onde é visível o uso do QR-Code na legenda da exposição para acesso à página wiki, reconhecendo a língua definida no telemóvel do visitante. Uma outra vantagem da abordagem de uma página wiki prende-se com a legibilidade, pois permite inúmeras ligações a outras páginas, e a acessibilidade pois a formatação está de acordo com as normas da W3C (Grupo Internacional que promove a acessibilidade para a internet).

MN2

Deixo aqui um reparo interessante que se prende com a abertura da Wikimedia Foundation às instituições, isto porque integrei um grupo de trabalho no MW2010 (Museums and Web 2010 em Indianapolis) que abordou este tema. Na época uma instituição não podia publicar informação na Wikipédia pois alegavam que não garantia um dos princípios que se prende com garantia de isenção das publicações, pois nunca poderia ser isenta de opinião sobre si própria.

Um dos temas tecnologicamente mais evoluídos foi o uso de realidade virtual, quer na sua utilização em visitas guiadas às exposições, quer como forma de cativar públicos. Se é possível fazer aparecer numa parede um dinossauro, imaginasse o que se pode colocar numa exposição, e ser visualizado num tablet ou numa tela. Estes exemplos, pelo facto de a tecnologia estar ainda em período de testes, foram apenas demonstrados. Um outro projecto, já em período de implementação, é de uma “app” intitulada “Eye Shakespeare”, desenvolvido pela Universidade de Coventry e a Shakespeare Birthplace Trust http://www.shakespeare.org.uk/explore-shakespeare/eye-shakespeare-app.html. Nesta aplicação é possível com o uso do 3D, visualizar a última casa de Shakespeare. Os visitantes que se dirijam até ao local (onde não existe a casa), apontam o tablet e surge a imagem da casa em 3D. Ao tirarem uma fotografia com o tablet, surge no ecrã a imagem dos visitantes em frente à casa, também é possível ir a uma loja adquirir a imagem impressa, funcionando como uma recordação da visita. MN3

Os dispositivos móveis foram fortemente abordados nesta edição do Museumnext, com a apresentação de projectos que já “ultrapassam” a “simples” visita guiada multimédia, pois foram apresentadas aplicações nativas para estes dispositivos, as chamadas “app`s”, nomeadamente um projecto do Van Gogh Museum onde é possível interagir com os trabalhos do artista, por exemplo é possível identificar através de um pintura de uma vista da cidade a correspondência com o local na actualidade.

As redes sociais já não são uma novidade temática neste tipo de conferências, mas o que se analisou foi uma reflexão sobre as instituições na WEB 2.0. Para analisar esta presença está disponível (versão beta) no site www.museum-analytics.org os dados estatísticos dos museus nas principais redes sociais. Uma outra abordagem prendeu-se com os conteúdos que estas instituições colocam nestas redes e como se facilita a relação entre o público virtual e o museu. Refiro-me à parte de criação de conteúdos para estas plataformas. No LACMA – Los Angeles County Museum of Art, foram convidados artistas contemporâneos locais para se inspirarem e criarem novas criações de arte, cuja divulgação seria facilitada pelo museu (na sua edição), e mais tarde na sua divulgação nas redes sociais. Agradou-me particularmente, o cruzamento artístico que estas obras proporcionaram, como é exemplo disso a criação de um poema por uma poetisa sobre os jardins do Museu e sua publicação online criou uma onda de participação no Facebook, “Nunca um poema foi tão comentado”, são palavras da Amy Heibel na sua apresentação sobre o projecto “Arstistics Applications” no Museu.MN4

Em termos de tecnológica em bases de dados para colecções online, foram apresentados projectos que apostaram em sistemas comunicantes entre base e dados, para permitir o uso da informação para além das próprias colecções online nas páginas das instituições, como é o projecto da Europeana. E também projectos criativos de estudantes que criaram uma espécie de Facebook de figuras históricas, apenas com recurso a “linked data”, informação estruturada disponibilizada pelas instituições Europeana e pelo Museu Picasso.

Foi muito gratificante a participação nesta edição do Museumnext, pois além de ser um excelente veículo de informação sobre a realidade dos Museus e as novas tecnologias da informação, é também um local de convívio e um veículo facilitador de contactos, muito além da conferência, pois esta rede mantém-se na Internet e a Sistemas do Futuro é a única empresa Portuguesa, que eu tenha conhecimento a ter presença nestes grupos de trabalho internacionais. Visite o site do evento – http://www.museumnext.org

Maria van Zeller (mvanzeller@sistemasfuturo.pt)